Greve de caminhoneiros à vista?
(*) Alessandra de Paula
Contabilizadas as elevações do diesel, em reais, o aumento foi de “apenas” R$ 0,86 (oitenta e seis centavos). Contudo, o tanque de combustível de um caminhão tem uma capacidade média de 210 litros, o que faz com que o motorista tenha que desembolsar R$ 180,00 a mais em cada abastecimento. Ou seja, financeiramente é possível que o lucro desse profissional esteja diminuindo. Por isso, segundo a página Estradão, do Grupo Estado, o presidente do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas, Plinio Dias, convocou uma paralisação para o dia 25 de julho, data emblemática em que se celebra o dia de São Cristóvão, padroeiro dos motoristas no Brasil.
O diesel é o combustível que movimenta grande parte da produção de alimentos e outros produtos dentro do país, sendo o transporte rodoviário o grande responsável pelo abastecimento e movimentação da economia, por meio das cadeias de suprimento. Tal cadeia engloba organizações, pessoas, informações, recursos, e tudo isso participa da rede de transportes em escala nacional, fazendo a ponte entre os fornecedores e os consumidores.
Sendo assim, essa rede de transportes tem importância fundamental no cenário das empresas e na qualidade dos serviços, que é crucial para a conquista e fidelização dos clientes, para atingir novos públicos e para fortalecer as marcas. Podemos então imaginar o que um rompimento de um dos elos poderia acarretar para o gerenciamento do processo. E é isso que uma greve de caminhoneiros pode simbolizar: o rompimento de um elo importante na cadeia de suprimentos, comprometendo vários setores da economia, afetando empresas, logísticas de distribuição e acompanhamento de cargas desde o depósito ao destino final.
E o que nós, consumidores, temos a ver com isso?
Os transtornos gerados por uma paralisação dos caminhões pelo Brasil não afetariam apenas os setores produtivos, mas também os consumidores que veriam determinados produtos desaparecerem das prateleiras do supermercado, ou atingirem preços elevados. Já vimos isso acontecer em maio de 2018, lembra-se? O mercado gira em torno de procura e demanda e, quando uma é superior à outra, há um desequilíbrio na balança. Quem paga o preço? O consumidor, é claro!
Só que uma greve, no momento, para o consumidor, exaurido emocionalmente e com o orçamento bastante comprometido devido à pandemia, seria o golpe de misericórdia para quem já se sente em total desamparo.
(*) Alessandra de Paula é professora e coordenadora nos cursos de Logística e Gestão do E-commerce e Sistemas Logísticos do Centro Universitário Internacional UNINTER
Nenhum comentário