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Shelf Life: quanto tempo pode durar um dado?

 

Thoran Rodrigues

  • Com qual periodicidade os dados de uma base de informações precisam ser atualizados?
  • Quais as consequências de decisões  pautadas em dados desatualizados?

Rio de Janeiro, 02 de julho de 2021 - Em 2017, o The Economist afirmou que os dados pessoais eram o “novo petróleo”, capazes de alimentar negócios e organizações, criar vantagens competitivas e, até mesmo, novos produtos e serviços. Os fluxos de dados criaram novas infraestruturas, novos negócios, novos monopólios, novas políticas e – principalmente – novas economias.

A metáfora, no entanto, não é perfeita. Ao contrário do que acontece com os recursos naturais tradicionais, a informação digital não é finita. Um mesmo dado pode ser utilizado e reutilizado milhares de vezes, para milhares de possibilidades e análises das mais variadas. Não há limites para a sua comercialização. Porém, apesar de toda a sua infinitude, é importante entender que os dados têm uma “vida útil” e um “prazo de expiração”, e que este conceito é profundamente relevante para todas as suas aplicações.

De acordo com Thoran Rodrigues, especialista em dados e CEO da BigDataCorp., plataforma que opera um dos maiores processos de coleta e estruturação de dados do mundo, são vários os pontos que influenciam  a vida útil de um dado. Ele explica que, além da vida útil implícita da informação, a maleabilidade dos dados - que possibilita que uma mesma informação seja utilizada em diferentes situações e de diferentes formas - traz mais relevância para as tomadas de decisão, mas também altera esse prazo de expiração. “Informações de identificação pessoal, como o nome ou a data de nascimento de uma pessoa, dificilmente mudam com o tempo e, uma vez coletadas, podem ser armazenadas indefinidamente, sem grandes preocupações”, explica o especialista. “Já os dados referentes a relações de trabalho ou à pontuação de crédito são menos estáveis e precisam de constante atualização”, acrescenta. Essa é a validade implícita dos dados.

Por outro lado, podemos tomar como exemplo os dados de geolocalização de um indivíduo que, dependendo do propósito, serão mais ou menos perecíveis. “Um dispositivo móvel pode informar a localização de uma pessoa num determinado momento, mas logo aquela pessoa poderá se deslocar para outro ponto distante. E isso pode fazer toda a diferença para a tomada de decisões de uma empresa”, explica.

Se a intenção for usar esses dados para anúncios e promoções locais, seu prazo de validade será quase que instantâneo. Na hora que a pessoa for para outro lugar, os dados não servem mais. “Por outro lado, os mesmos dados, compilados e avaliados ao longo do tempo, podem revelar padrões de deslocamento e outras informações que podem ser relevantes para entender se a pessoa dirige por regiões perigosas, impactando seu risco para uma seguradora”, analisa o CEO. 

Um outro ponto de atenção é que a utilização de dados para além do seu prazo de validade pode ter consequências graves para a relação de uma empresa com os seus clientes: qual jovem de 17 anos vai apreciar um desconto num drink que legalmente não pode adquirir? Qual adolescente de 15 anos vai gostar de receber um manifesto político, quando ainda não tem idade legal para exercer seu voto? 

Thoran Rodrigues explica, ainda, que o prazo de validade de um dado depende da combinação de vários aspectos, de acordo com seu tipo e o uso pretendido com suas informações. “Em inglês, chamamos isso de shelf life, ou a data de validade de um item, período em que um produto mantém suas características originais de acordo com condições adequadas de armazenamento e uso. Em outras palavras, a frequência com que uma organização atualiza seus dados pode impactar diretamente no seu desempenho no mercado”, afirma.

Um exemplo atual que impacta nos dados de cada indivíduo: a mudança do contexto do casamento em si

No Brasil, durante muitos anos, o casamento afetava diretamente os dados pessoais dos indivíduos, com grande parte das mulheres assumindo um ou mais sobrenomes do marido. Conforme a definição do casamento se expandiu para cobrir casais não-binários e outras variações, e conforme as próprias tradições e expectativas associadas ao casamento se alteraram, esse tipo de alteração mudou, afetando diretamente a vida útil de um dado específico: o nome.

O próprio conceito do “gênero” se alterou para incluir opções não-binárias, abrindo a possibilidade de indivíduos cadastrarem múltiplos nomes (nomes sociais) sob seus CPFs. Assumir o gênero de um indivíduo com base no nome, ou até mesmo processos tradicionais de validação de identidade, não podem mais ser baseados nas categorizações tradicionais, cujo prazo de validade já expirou.

Ignorar esse princípio pode trazer consequências importantes, tanto para quem consome esses dados ou produtos, como para quem os fornece. Segundo o especialista, dados irrelevantes e desatualizados podem levar não apenas à tomada de decisões abaixo do ideal, mas acabar com a reputação de uma empresa diante do mercado ou, ainda, trazer problemas jurídicos. “Dados em excesso e desatualizados geralmente demonstram um certo descaso da empresa, tanto com o tratamento como com a proteção desses dados, preparando um prato cheio para fraudes e invasões”, conclui o especialista.

Para dominar esse conceito de shelf life e extrair o máximo de valor desse tipo de ativo, as empresas precisam mudar a forma como entendem e enxergam a evolução dos dados ao longo do tempo.

Sobre a BigDataCorp

A BigDataCorp é a plataforma de dados da era digital. Líder no Brasil e na América Latina, opera um dos maiores processos de coleta e estruturação de dados do mundo, capturando informações públicas de mais de 1,5 bilhões de fontes globais. São mais de 100 petabytes de informação tratadas diariamente para atender empresas de todos os segmentos e portes. Para auxiliar nas mais diferentes demandas, os dados capturados dão origem a três diferentes produtos: o BigBoost, API de consulta de dados de pessoas, empresas e produtos; o BigID, um serviço completo de validação de identidade e prevenção à fraude; e o BigMarket, uma plataforma para estudos de mercado através de dados alternativos. A BigDataCorp é brasileira, foi fundada em 2013 e possui escritórios no Rio de Janeiro, onde está localizada sua sede, e em São Paulo. Conheça mais sobre a empresa acessando www.bigdatacorp.com.br.

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