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Até quando permaneceremos resilientes?

Cristiane Lieuthier (*)

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As mortes crescem com o aumento dos infectados pela Covid-19. O que há de errado com o Brasil? Quais diretrizes foram realizadas em outros países, que aos poucos estão retornando à sua normalidade?

Estamos ilhados em nossas redomas, sem contato pessoal. Frequentar locais públicos, aqueles de aglomeração boa, nem pensar!

Tomemos por exemplo, nossos irmãos de Portugal. Do patamar de país de alto risco à país modelo mundial no combate ao Covid -19. Portugal afrouxou seu duro lockdown. As medidas adotadas pelo governo de Lisboa deram resultado: durante dois meses, as pessoas mal tiveram permissão para sair de suas próprias casas. Adotaram estratégias tão enérgicas em março deste ano que foi possível permitir à vida privada e pública a volta à normalidade, a partir do mês de maio.

O número de novas infecções por COVID -19 havia caído em meados de dezembro de 2020. Na semana que antecedeu o Natal, foram registrados 246 testes positivos por 100.000 habitantes. Ao final de janeiro de 2021, esse número havia subido para 885. Nesta época a incidência de controle a cada sete dias e a taxa de mortalidade eram as mais altas do mundo! Uma verdadeira tragédia! O caos total!

O governo português acionou energicamente o freio de emergência e paralisou a vida social do país. As medidas funcionaram tão rapidamente que em quatro semanas, em que foi realizado o controle a cada sete dias, a marca de 246 positivados para Covid caiu abaixo da marca de 100. Hoje está abaixo de 30 positivados.

O que foi feito afinal? Todos os cidadãos ficaram em suas casas, proibidos de sair às ruas sem um motivo específico. As únicas permissões foram as idas ao mercado, às farmácias e ao trabalho essencial. Não foram permitidas reuniões com pessoas de outras famílias.

Equipamentos culturais, esportivos e de lazer foram fechados a partir de janeiro. Desde então, somente esportes praticados individualmente foram permitidos, se, nas imediações da residência do praticante. Apenas itens essenciais foram comercializados, entre eles: alimentos, medicamentos e produtos de higiene. Os restaurantes funcionaram unicamente na modalidade Fast Food. Quase todos empresários lusitanos enviaram seus funcionários para casa:  trabalho remoto em massa!  Universidades e escolas foram fechadas.

A polícia controlou tudo isso rigorosamente. Para os europeus, não fazer uso adequado de   máscara na rua doeu nos bolsos:  a multa de pelo menos 100 Euros disciplinou rapidamente a população. As infrações ocorridas e a não obediência às orientações governamentais levaram às penalidades mais duras, incluindo a prisão dos indivíduos teimosos.

Um vírus invisível e traiçoeiro, consistente e implacável que não seleciona idade, gênero ou classe social e terrivelmente mata, precisa de combate exímio e eficaz. Não temos tempo para tentativas. A hora é agir e agir. A rigidez nunca foi tão bem-vinda e necessária. Precisamos de regras, de vacinas eficazes, de política inteligente e honesta. Precisamos de abraços. Queremos nossas vidas de volta.

Com mais de meio milhão de mortes, o Brasil sangra e chora.Que todos os trâmites vergonhosos sejam passíveis de punição judicial severa: propinas, cujo preço são mortes, vacinas aplicadas com prazo de validade vencido, falta de cilindros de oxigênio, falta de leitos, falta de caráter.   

Que possamos vacinar-nos com segurança, eficácia e com a certeza de estamos realmente imunizados! Esperançando pela justiça divina, mas principalmente esperançando pela justiça dos homens. Que assim seja!

Cristiane Lieuthier é Pedagoga, Mestranda em Novas Tecnologias para a Educação e professora da área de Humanidades do Centro Universitário Internacional UNINTER

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