Como será o amanhã do Blockchain?
Comércio exterior se beneficia da capacidade que a tecnologia tem de criar conexões entre os diversos atores da cadeia logística
Alexandre Pimenta (*)
Quando se
fala em Blockchain, muitos pessoas associam a ferramenta ao setor financeiro,
mas ela pode ser utilizada em várias áreas de negócio para garantir mais
segurança aos processos. O Blockchain é um sistema de registro de informações
que torna praticamente impossível alterar, hackear ou trapacear o sistema.
Trata-se de uma cadeia de blocos digitais com código criptografado, que
armazena algum tipo de dado. Assim que esse bloco for construído e validado
pela rede, ele se junta à cadeia. O próximo bloco terá, além de suas próprias
informações, a impressão digital do bloco anterior, de forma que esse
encadeamento permita a descentralização e a segurança dos dados.
A tecnologia
começou a ser estudada nos anos 90, mas foi com o surgimento da moeda criptografada,
o Bitcoin, que ela se tornou relevante. Desde então, várias aplicações vêm
sendo desenvolvidas e extrapolam o ambiente financeiro. O Blockchain facilita o
registro de transações e rastreamento de ativos tangíveis (casa, carro, imóvel,
dinheiro) e intangíveis, tais como patentes, criação de marcas e direitos
autorais. No ano passado ganhou força a venda de memes e de obras de arte
digitais por NFT, ou token não fungível, que utiliza Blockchain. A obra de arte
não existe fisicamente, mas o comprador recebe um arquivo criptografado com a
imagem original e as linhas de código do NFT, que é totalmente único e serve
como certificado de posse e de autenticidade.
Uma das
principais vantagens do Blockchain é a possibilidade de fazer uma transação sem
intermediários, o que garante mais agilidade e custos menores. O comércio
exterior é um segmento que está investindo na transformação digital, que inclui
a adoção do Blockchain na importação e exportação. Atualmente, o Portal do
Comércio Exterior permite que até 30% do valor total das importações nacionais
sejam registrados em Blockchain.
No Brasil, a utilização da
tecnologia no comércio exterior foi regulamentada pela Polícia Federal em
novembro de 2020. Com a ferramenta, a validação de documentos nas aduanas se torna
menos burocrática e mais ágil, além de eliminar um grande volume de papel
exigido nas transações. O objetivo é assegurar a autenticidade esegurança dos
dados aduaneiros compartilhados, inicialmente, entre os países do Mercosul. A
expectativa é ampliar as conexões com outros blocos econômicos para facilitar e
fomentar o comércio internacional.
Por meio da
ferramenta Blockchain é possível interligar exportadores, linhas de navegação,
operadores portuários e terminais, transporte terrestre e autoridades alfandegárias,
que passam a acompanhar o envio de dados em tempo real. Dessa forma, os
processos se tornam mais fluidos e seguros, contribuindo para a prevenção de
crimes.
Com a
digitalização dos fluxos de documentação, a ferramenta gera insights em toda a
cadeia de comércio internacional. A tendência é que mais integradoras de
processos logísticos passem a adotar este tipo de plataforma para que tenham um
acompanhamento mais eficiente e amplo de todo o processo de transporte de
produtos, da saída do exportador até a efetiva entrega ao importador.
Independentemente
da indústria, o futuro do Blockchain é promissor. Em seu relatório Worldwide
Blockchain Spending Guide, a consultoria IDC aponta que as organizações em
todo o mundo devem gastar com a tecnologia cerca de US﹩ 7 bilhões, um aumento de mais de 50% em relação
ao ano passado. Até 2024, a previsão é de uma taxa de crescimento anual
composta (CAGR) de 48%.
A experiência
comprovada do Blockchain em algumas áreas tem levado várias empresas a
vislumbrarem sua utilização como um diferencial de mercado, na medida em que
combina aumento de produtividade das equipes, eficiência de ponta a ponta e
alto nível de segurança. Como a rede não está centralizada em nenhum lugar,
qualquer tentativa de invasão é reconhecida pelo sistema, que trava
automaticamente, em questão de segundos, para evitar fraudes e prejuízos.
O uso do
Blockchain é um processo evolutivo e um caminho sem volta. De acordo com o
Fórum Econômico Mundial, até 2025, 10% do PIB global estará registrado nesses
blocos digitais. Ao simplificar a gestão e oferecer novos modelos de negócios,
inclusive no segmento de comércio exterior, a tecnologia tende a se consolidar
como uma aliada de peso nas transformações essenciais à nova economia, que
demandará cada vez mais modelos colaborativos, inovadores, sustentáveis e
transparentes.
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