Precisamos ensinar a pescar e ir além
Ao ler um artigo assinado pelo Dep. Alexis Fonteyne, resolvi escrever este texto usando, inclusive, partes da publicação. “Ensinar a pescar” é capacitar uma pessoa para um ofício, treinar, emergir no conhecimento, seja ele o tradicional repassado a um jovem aprendiz, o técnico, o científico, até o altamente especializado.
Nossa força de trabalho no Brasil segue desqualificada, os incentivos para qualificação partem muito mais da iniciativa privada para atender à sua própria demanda, do que de uma política nacional estruturada de formação.
Essa parte do artigo eu achei espetacular, mas vou além disso. Precisamos dar os instrumentos de pesca, ensinar a pescar e ainda mostrar os benefícios da pesca. As novas gerações, além dos instrumentos, precisam ser preparadas na teoria e na prática, mas necessitam entender os motivos ou objetivos pelos quais devem se sacrificar na preparação.
Precisamos unir forças do setor privado, entidades e governo, estruturar um projeto global de capacitação profissional e executar. O nosso país é um gigante adormecido, temos inúmeros recursos e temos tudo para sermos uma verdadeira potência econômica. Precisaremos nos movimentar em relação à qualificação da mão de obra antes de se tornar uma falta insustentável, pois urgente já é.
Os governos dos municípios, dos estados, mas principalmente do país precisam se mobilizar, pois a qualificação da mão de obra é resultado direto da redução do custo Brasil.
Investir exclusivamente na formação, com rigor, alta performance e disciplina revela talentos, desperta o interesse, cria fundações e transmite conhecimento, mas se não houver ambiente para desenvolver todo esse potencial, perdemos essa riqueza.
A qualificação não vem da escola convencional, essa é responsável pelo ensino básico. O que de fato precisamos promover são as escolas técnicas e as oportunidades de ingresso no mercado de trabalho, iniciando pelas miniacademias corporativas ou espaços trainee dentro das empresas.
A cultura do desenvolvimento dentro das empresas precisa evoluir muito, é necessário ter sempre pessoas em desenvolvimento para as funções simples ou para as funções gerenciais e até diretorias. É espetacular quando se pode promover alguém internamente. Além do orgulho em proporcionar o crescimento, provavelmente será mais assertivo ter um gestor que conhece a empresa, a cultura e o time.
Em nossa empresa (Robopac Brasil), possuímos 150 funcionários muito bem qualificados conforme a necessidade da respectiva função, e somos incansáveis na preparação dos mesmos. Anualmente são mais de 6.000 horas de treinamento no total, para buscar o melhor desempenho e melhorar performance de cada um.
A nossa experiência de 23 anos nos mostrou que qualificar é mais do que necessário, é estratégico para a sustentabilidade e solidez da empresa. Talvez isso seja uma das provas do nosso crescimento. Nos últimos sete anos, crescemos em média 25% com um significativo aumento do resultado. Trabalhamos para engajar todos na busca dos nossos objetivos e somos totalmente transparentes e honestos em todos os processos, afinal, integridade é um de nossos valores.
Somos inconformistas, também um de nossos valores; trabalhamos constantemente na melhoria dos nossos processos e dos nossos produtos, mas principalmente na capacitação das pessoas. Estamos em uma nova planta há dois anos, com estrutura totalmente pensada para pessoas, envolvendo desde o estacionamento, condições climáticas, segurança, ergonomia, restaurante, área de estar e layout em geral, com o objetivo de engajá-las e mantê-las em nossa empresa pelo maior tempo possível. É crescimento com engajamento e qualidade.
*Judenor Marchioro é Conselheiro da ABIMAQ, vice-presidente regional da associação no Rio Grande do Sul e diretor executivo da empresa Robopac.
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