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Voto impresso: polêmica sobre um problema inexistente

(*) Luís Fernando Lopes

Divulgação
No momento em que o país vive uma grave crise sanitária, social e econômica, tornar o tema do voto impresso um tema central nas discussões políticas precisa no mínimo ser considerando estranho. Alguns políticos parecem ignorar os problemas atuais da nação que demandam soluções rápidas e eficientes sob pena de que mais brasileiros possam perder suas vidas em razão da Covid 19, além de outras causas, como a fome e o frio que assolam sobretudo os menos favorecidos.

Preços altos dos combustíveis e na cesta básica de alimentos, desemprego em alta, incêndios em museus, apagão em sistemas públicos, fortes indícios de corrupção na gestão da pandemia e descontentamento de boa parte da população são alguns dos fatos que evidenciam o descompasso entre a realidade do país e determinadas pautas escolhidas pelo Congresso Nacional como sendo as mais importantes do momento.

Além de evidenciar o desprezo com a situação real do país, a preocupação com voto impresso em um momento como esse, indica que para alguns políticos, só interessa a reeleição e os próprios interesses, independente dos meios necessários. Embora alardeie-se que que o povo brasileiro não sabe votar, a espera de reeleição exige no mínimo coerência e demonstração de competência no exercício do mandato já conquistado.

Conforme a Agência Senado, no Brasil a “zerésima” é um documento emitido antes do início da votação atestando que a urna está sem votos. E no final da eleição é emitido o boletim de urna, documento que pode ser conferido por qualquer cidadão. Na eleição de 2014, por exemplo, a verificação demonstrou que não ocorreu nenhuma irregularidade.  
Então, por que alguns preferem insistir na necessidade de voto impresso e forçar um retrocesso? Quais são os interesses reais para provocar polêmica e legislar para resolver um problema: a falta de lisura nas urnas eletrônicas, que na realidade não existe? Estamos diante de uma polêmica provocada a partir defake news cujo desfecho poderá trazer sérios danos à nossa recente e frágil democracia. 

(*) Luís Fernando Lopes é Doutor em Educação. Professor da Área de Humanidades do Centro Universitário Internacional UNINTER. 

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