Como a tecnologia IoT pode fazer parte da solução para a crise energética
Por Selma Migliori,
presidente da ABESE - Associação Brasileira das Empresas de Sistemas
Eletrônicos de Segurança
Uma falha na subestação
de Furnas causou apagão em cidades do Rio de Janeiro e de Minas Gerais neste
mês. A responsável está analisando as causas da ocorrência, mas, de acordo com
o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o episódio não tem relação com a
seca que atinge a Bacia do Paraná, que abrange os estados de Minas Gerais,
Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná, e que ameaça o fornecimento de
energia no Brasil e na Argentina.
O fato é que de
setembro a maio, a vazão de água que chega às hidrelétricas brasileiras,
registrou o pior índice do histórico desde 1931 para o Sistema Interligado
Nacional (SIN). De modo que, para garantir a continuidade e a segurança do
suprimento de energia elétrica no país, foi instituída a Câmara de Regras
Excepcionais para Gestão Hidroenergética, que será responsável por adotar
medidas emergenciais, como a definição de diretrizes obrigatórias para
estabelecer limites de uso e outras medidas mitigadoras do baixo volume dos
reservatórios.
Sequer precisaríamos
detalhar essa situação, basta olhar a conta de luz. A Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel) instituiu a Bandeira de Escassez Hídrica, que repassa
os aumentos de custos de geração de energia ao consumidor. A bandeira tarifária
representa a cobrança de R$ 14,20 a mais para cada 100 quilowatt-hora. Entre
condições climáticas e falhas no sistema, as soluções da segurança eletrônica
poderiam liderar a necessária transformação digital do setor e integrar os
investimentos emergenciais do setor.
Inteligência Artificial
aplicada ao setor de energia
A Internet das Coisas
(IoT), abarcada nas soluções de segurança eletrônica abre caminhos para uma
gestão hidroenergética 4.0. A tecnologia é a única saída possível para que
todos os países avancem na velocidade e na escala necessária para atender a
crescente demanda elétrica dos grandes centros urbanos, mas também no campo,
para o agronegócio, indústrias e para a saúde. Nesse sentido, o aprendizado de
máquina dos dispositivos IoT poderiam se aperfeiçoar continuamente para antever
problemas e eventos críticos que colocassem em risco o fornecimento.
Os analíticos
preditivos são capazes de detectar problemas de maneira inteligente e antes que
afetem o sistema. Deste modo, a dinâmica de operação ganha em proatividade,
reduzindo os custos de manutenção, mas, sobretudo, o custo financeiro e social
que um apagão causa nos estados brasileiros. Através das imagens, a tecnologia
analisa e identifica situações em tempo real gerando um banco de dados robusto
que respalda a capacidade preditiva. Assim, o acesso à projeções mais precisas
permite estruturar estratégias mais assertivas para mitigar o interrompimento
energético.
Além disso, as soluções
integradas pela segurança eletrônica agregam uma camada a mais de proteção para
os colaboradores - tanto em relação ao monitoramento perimetral contra invasões,
quanto a detecção do uso correto dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI).
A versatilidade e escalabilidade da tecnologia permitem com que seja integrada
em todas as etapas do processo e, mais do que isso, alongam a taxa de retorno
sobre investimento exponencialmente comprovando a eficácia e efetividade deste
recurso incontornável para todos os setores da economia à medida que caminhamos
para um ecossistema de cidades inteligentes.
Reflexo na conta de luz
Talvez, os desafios
para o setor hidroenergético nunca tenham sido importantes - o crescimento
populacional, a alta taxa de urbanização dos estados, às mudanças climáticas,
são todas variáveis que fazem parte desta equação. Ao nos depararmos com um
momento crítico para o fornecimento de energia vislumbramos também o caráter
social e humano deste problema: o impacto no orçamento familiar.
A boa notícia é que as
tecnologias e soluções que podem salvaguardar o setor já estão disponíveis. Um
grande número de aplicativos críticos já foi desenvolvido e testado pela
segurança eletrônica em condições reais de campo e estão prontos para fazer
parte da solução. O que precisamos agora são iniciativas para integrar a
inovação aos serviços de bem-estar social. É importante entender que não há
futuro sem a segurança eletrônica.
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