E se o 'cancelado' for você?
Por Aleff Amorim
Antes de expressar o que penso sobre a
“cultura do cancelamento” quero te fazer um convite: vamos refletir o conceito
por trás do termo? Em poucas palavras é o ato de rejeitar alguma marca ou
pessoa por determinado tipo de posicionamento julgado como errado pelos
“tribunais virtuais”. Apesar de ser pedagógico para quem está sendo
cancelado, pois ensina algo a quem errou, pode causar danos severos e, muitas
vezes, irreversíveis a quem está sendo cancelado.
A internet nos abriu para um universo de
possibilidades e deu voz a quem não tinha. Se por um lado isso é inovador, por
outro é preocupante. Deu para as pessoas uma força avassaladora. Desde a década
de 1990, quando a internet surgiu, e permitiu a oportunidade de uma melhor
conexão entre as pessoas e organizações, abriu-se um grande leque de opções aos
que se conectam por meio das redes sociais, trazendo facilidade no
compartilhamento das informações.
De acordo com a pesquisa divulgada na
Agência Brasil em 2019, existem mais de 134 milhões de usuários de internet.
Três em cada quatro brasileiros acessam a grande rede. Isso mostra quão forte é
uma geração que tem acesso à informação. Mas até que ponto isso é prejudicial?
Por que costumamos dar muitas chances aos erros que cometemos, porém
invalidamos e, em alguns casos, levamos ao óbito virtual daqueles que erram?
É certo que tudo que se planta, se
colhe, mas até que ponto destruímos a vida do outro simplesmente por não
concordamos com sua forma de ver o mundo? A paciência que costumamos tratar
nossos erros, some quando vemos a falha alheia. Ouso dizer que a "cultura
do cancelamento" teria outro rumo se todos os que cancelassem, se
colocassem no lugar de quem está sendo cancelado. Costumamos maximizar os erros
alheios, e diminuir os nossos.
Ao trazer isso para uma visão cristã,
posso afirmar que neste caso não há legitimidade em dizer que a voz do povo é a
voz de Deus. Segundo a Bíblia, na maioria das vezes que Deus revelava sua
vontade e opinião, o povo ia por um caminho oposto. É um fato que quando alguém
comete um erro, este que cometeu precisa ser responsabilizado, porém
necessitamos refletir se tudo que é errado, deve ser cancelado.
*Aleff Amorim é autor dos livros: “Sempre Foi Sobre
Jesus” e “Agitadores”.
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