O protagonismo da Controladoria Jurídica Inteligente e suas muitas facetas
Priscila Dornelles, advogada, graduada pela
UNIBRASIL, pós-graduada em Direito Civil e Empresarial pela ABDCONST,
integrante da equipe Smart Law no Rücker Curi.
Todo escritório de
advocacia focado em excelência na prestação de serviços dispõe de uma equipe
interna específica e destacada para os controles. No entanto, para além
do que ainda se imagina, a equipe de Controladoria atua em uma imensidão
diversificada de atos e ações que superam em muito as já conhecidas atividades
de leitura de publicações e protocolos de prazos.
Assim, entender as
necessidades do escritório para desenhar as atividades e montar a equipe certa
de Controladoria Inteligente é o passo inicial para se definir como seguirão os
trabalhos e para firmar o protagonismo da Controladoria perante as equipes
técnicas e diretoria.
Compreender a
formação, conhecimento e imprescindibilidade das atividades da Controladoria
Inteligente gera cooperação, sinergia e, consequentemente, crescimento das
equipes e do escritório.
Ou seja, é fato que
a Controladoria Inteligente vai muito além do que se tem como ideia
pré-padronizada, valendo serem listadas algumas das atividades principais e
pilares desse setor:
1: Mapeamento dos fluxos de
trabalho
A equipe de
Controladoria Inteligente é capaz de compreender e mapear todo e qualquer fluxo
de trabalho. Com isso, é capacitada para identificar eventuais escapes,
excessos ou necessidades de complementação nos fluxos próprios e das demais
equipes.
Detendo caráter
persuasivo, sempre respeitando as opiniões de todos e pontos estratégicos ou de
necessidade interna, pode e deve indicar quais as melhorias de fluxo capazes de
influenciar positivamente na produtividade e resultados, bem como, com
potencial de melhorarar o dia a dia de cada envolvido.
Da mesma forma está
apta para recepcionar e compreender alterações demandadas pela Equipe Técnica,
seguindo o que lhe for apresentado e, quando necessário, procedendo com os
ajustes que melhor se adequem ao dia a dia de todos os envolvidos nos
procedimentos.
2: Identificação de facilitadores e
possíveis pontos de automação
Quando se menciona o
uso de robôs, logo se pensa na otimização do trabalho realizado, já que um dos
benefícios da automação, senão o principal, é a redução dos trabalhos mecânicos
que antes eram realizados por um profissional e que, então, poderão ser
realizados por um robô.
Publicações e
protocolos, por exemplo, representam um grande volume de trabalho para grandes
escritórios e a execução destes, em parte, é mecânica, se resume em muitos
cliques e acessos a diversos sistemas – infelizmente os sistemas dos tribunais
não são unificados -, fazer o download
de informações e documentos dos sistemas dos tribunais e upload para o sistema do
escritório; além do tempo despendido para a realização manual dessas
atividades, o risco de equívocos fica em muito aumentado.
Outro benefício da
automação é o auxílio na manutenção da integridade de dados e informações na
base do escritório. Isso porque há ferramentas que podem ser utilizadas para
busca e atualização diária destas informações, o que mantém a base interna e do
cliente sempre confiável e pronta para a realização de auditorias, campanhas de
negociação e quaisquer outras atuações estratégicas na carteira.
O papel da
Controladoria Inteligente nessa questão envolve identificar quais atividades
podem ser automatizadas, quais os melhores e mais indicados meios de automação
para os resultados objetivados, bem como, manter o foco de seus profissionais
na parte intelectual e de mitigação de contingências.
3: Ferramentas de Gestão (BI)
Trabalhando em
conjunto com o setor de Tecnologia da Informação, a Controladoria Inteligente
une os conhecimentos jurídicos, dos procedimentos e fluxos ao conhecimento
técnico de Business Intelligence a fim de identificar quais são os dados que,
mais do que os relatórios básicos e diretos extraídos do sistema interno de
controle de processos, podem ser analisados através de dashboards que suportem
a tomada de decisão.
O uso dessas
ferramentas é essencial e traz maior eficácia e precisão na análise de
produtividade, divisão de bases e carteiras, revisão de procedimentos,
informações basilares e que devem ser repassadas periodicamente aos
clientes.
4: Constante acompanhamento, revisão e
correção de eventuais incongruências da base no sistema interno
Para a otimização
das atividades e a conquista da excelência, cabe à Controladoria Inteligente
manter um sistema limpo, alimentado com dados corretos, análise minuciosa e
atenta, bem como a utilização de tecnologia e dos mais diversos meios de apoio,
simultaneamente.
As atividades
realizadas pela Controladoria Inteligente são muito dinâmicas, isso porque há a
necessidade de interação multidisciplinar, tendo em vista a diversidade de
matérias, tribunais e clientes. Por essa razão é que deve ser constante a
atualização e alimentação do sistema interno, a análise dos dados cadastrados,
uma vez que a padronização não é o suficiente para alcançar as peculiaridades
de cada caso, assim como, a automação deve ser acompanhada da expertise humana,
pois é sempre necessário entender os problemas dos clientes com profundidade.
5: Evitar contingências
A Controladoria
Jurídica, apesar de muitas vezes não ter o status
de protagonista dentro do escritório, é um setor primordial. Embora não seja
uma área independente, mantém contato direto com todas as atividades
desenvolvidas e em todas as suas fases dentro da rotina do escritório de
advocacia, como, por exemplo: geração de cadastros, leitura das publicações,
agendamentos dos prazos, confecção das guias de custas e preparo, realização
dos protocolos e acompanhamento da agenda dos prazos dos advogados.
O profissional que
atua na Controladoria precisa, necessariamente, ser detentor de conhecimento
sólido em Direito e nas matérias em que o escritório atua, visto que é por ele
que passam as análises de identificação de riscos, não bastando o colaborador
ser apenas um auxiliar administrativo, mas sim, aquele que possua graduação até
mesmo curso/especialização em Direito Processual – de acordo com a atuação da
banca.
6: Estreitamento da relação do
escritório com juízos e servidores
A fluidez da
sociedade moderna exigiu uma grande inovação jurídica. Com o intuito de atender
os novos anseios sociais, o CPC/15 trouxe consigo grandes inovações no âmbito
procedimental, sobretudo no que tange o modo como o processo civil deve se
estruturar no direito brasileiro.
Neste sentido, surge
o princípio da cooperação processual, consagrado no artigo 6º do CPC. A ideia
de que todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si supera o –
ultrapassado – entendimento de que cada parte deve se ater somente aos seus
ideais e o juiz apenas proferir a decisão final.
O princípio da
cooperação busca resoluções judiciais justas e eficazes à sociedade e, para
isto, o estreitamento de laços entre os servidores da justiça e as partes se
faz essencial. Um exemplo disso é a necessidade de integração entre a
Controladoria Jurídica Inteligente e os servidores para a realização de
audiências, principalmente com a adoção de atos virtuais.
Há codependência
entre os sujeitos do processo para que os atos sejam realizados harmonicamente:
às partes cabe informar ao juízo, com antecedência, o contato de todas as
pessoas que participarão do ato; aos servidores cabe contatar os demais
sujeitos do processo, disponibilizando as informações que possibilitem a
participação da audiência, a exemplo, o link
de acesso à sala virtual.
O contato prévio
entre os sujeitos processuais evita o cancelamento e/ou redesignação das
audiências, por conseguinte, evita a morosidade e se efetiva o princípio
constitucional da razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, CRFB).
7: Suporte e consolidação do trabalho
da técnica
Indicadores
operacionais, metas e a própria busca pelo destaque na competitividade
empresarial exigem que o escritório crie ferramentas e fluxos internos que
auxiliem no aperfeiçoamento, engajamento e manutenção da qualidade da equipe.
E quando o assunto
se converte ao suporte à equipe técnica, a Controladoria Inteligente torna-se
essencial para garantir a eficiência na produtividade e qualidade das peças
processuais, pois oportuniza a otimização de tempo ao profissional, bem como
dos fluxos adotados pelo escritório.
Nítido, portanto,
que toda bancada que preze pela extrema qualidade na prestação dos serviços
jurídicos oferecidos tem estabelecida uma Controladoria Jurídica Inteligente
com equipe firme, dotada de conhecimentos jurídicos sólidos e aliados à
criatividade, noções fortes de gestão de processos e procedimentos, curiosidade
e busca constante por melhorias e inovação.
*Artigo assinado
pela equipe de Controladoria do escritório Rücker Curi Advocacia e Consultoria
Jurídica, composta pelos seguintes profissionais:
- Anelise Valente, advogada, graduada em
Direito pela PUC/PR. Conciliadora, Mediadora e Árbitra certificada pela
Câmara Nacional de Esportes. Pós-graduada em Direito Processual Civil
Aplicado pela EBRADI. Gestora das Equipes de Inovação Aberta e Smart Law
no Rücker Curi.
- Thaynara Andretta, advogada, graduada
pela PUC/PR, especialista em Direito Civil e Processual Civil pela
Faculdade Opet e Pós-graduanda em Direito Contratual, integrante da equipe
Smart Law no Rücker Curi.
- Jefferson Paiva, advogado, graduado
pela UNINORTE/AC, cursando MBA em Auditoria e Controladoria pela
FAVENE/ES, integrante da equipe Smart Law no Rücker Curi.
- Fernando Ferraz, advogado, graduado
pela FAMEC/PR, pós-graduado em Direito Civil pela ABDCONST, atuando no
Rücker Curi desde 2012, atualmente integrando a equipe Smart Law.
- Priscila Dornelles, advogada, graduada
pela UNIBRASIL, pós-graduada em Direito Civil e Empresarial pela ABDCONST,
integrante da equipe Smart Law no Rücker Curi.
- Isadora Santos, advogada, graduada
pela ESTÁCIO-CURITIBA/PR, pós-graduanda em Direito Processual Civil pela
EBRADI, integrante da equipe Smart Law no Rücker Curi.
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