A falta de acesso às redes sociais ontem, revelou parte de uma sociedade nomofóbica, revela neurocientista
O apagão das redes sociais nesta segunda-feira revelou um caos muito além de uma questão tecnológica. O PhD, neurocientista Fabiano de Abreu alerta para uma sociedade cada vez mais dependente dos conteúdos digitais e que corre sérios riscos para a saúde física e mental.
A segunda-feira de caos
nas redes sociais trouxe à tona muito mais do que a falta de acesso ao
WhatsApp, Instagram e Facebook. Se por um lado as pessoas tiveram que passar
horas longes de seus conteúdos digitais favoritos, por outro muitas revelaram o
quanto estão dependentes destas ferramentas, e isso pode trazer sérias
consequências para a saúde física e mental.
"Ontem, diferente
das outras vezes, os aplicativos ficaram mais de 6 horas offline. Mediante a
este acontecimento, monitorei o comportamento das pessoas durante e após a
volta destas redes sociais”, apontou o PhD, neurocientista, psicanalista e
biólogo Fabiano de Abreu. “Se mediante a isso a
pessoa pegou no celular para buscar constantemente algo para fazer ou analisou
se já havia voltado. Se a pessoa buscou outras redes sociais, isso já serve de
alerta para um possível vício. A depender do grau que isso afetou, revelando o
tamanho do problema”, acrescenta.
Diante deste cenário, Fabiano inclusive lembra de um passado não muito distante: “Há pouco tempo atrás não tínhamos essas redes e vivíamos. O que acontece hoje com o comodismo para que não consiga usar outros meios e argumentos no cotidiano?”, questiona. Para saber se a pessoa está sofrendo deste vício, o neurocientista cita algumas situações que aconteceram com muitos usuários durante este tempo em que os aplicativos ficaram fora do ar:
- “Ficou parado olhando para o celular sem saber o que fazer”.
- “Entrava nos aplicativos constantemente para ver se havia voltado”.
- “Entrou em aplicativos que não costumava usar e ficou perdido”.
- “Sentiu agonia”.
- “Vazio existencial”.
- “Ficou impaciente e/ou irritado”.
- “Teve a impressão de receber notificação”.
- “Alteração de humor”.
“Se você sentiu muitos destes sintomas durante o dia ontem, é bom acender o sinal de alerta, pois são sintomas que têm relação com a nomofobia", observa Fabiano. Para piorar, existe um contexto em que essa doença se revela ainda pior para a pessoa: “Há casos em que a pessoa sente tanto essa ausência que pode apresentar náuseas, sudorese, entre outros sintomas físicos”, pondera.
Mas, o que causa a nomofobia?
Segundo o neurocientista “no cérebro, na região dos núcleos da base trabalhando com o sistema límbico, a sensação de prazer que a liberação de dopamina promove a cada novo like ou expectativa de mensagem recebida na rede social transforma o hábito em vício, estimulando a ficar cada vez mais online buscando recompensa, aumentando a ansiedade que funciona como pendência para esta busca”.
Além disso, “a função da dopamina é fornecer um feedback positivo, uma recompensa ao organismo, que torna-se uma busca constante. Isso é compensatório já que a ansiedade por si só tende a buscar mais ou entra em uma atmosfera ruim pedindo mais recompensa. Como um ciclo”, completa.
Créditos
Foto Fabiano: Jennifer de Paula
Demais imagens: Freepik
Sobre o especialista
PhD, neurocientista, mestre psicanalista, biólogo, historiador, antropólogo,
com formações também em neuropsicologia, psicologia, neurolinguística,
neuroplasticidade, inteligência artificial, neurociência aplicada à
aprendizagem, filosofia, jornalismo e formação profissional em nutrição clínica
- Diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito; Chefe do Departamento de
Ciências e Tecnologia da Logos University International, UniLogos; Membro da
Federação Européia de Neurociências e da Sociedade Brasileira e Portuguesa de
Neurociências. Universidades em destaque: Logos University International, UniLogos,
Nova de Lisboa, Faveni, edX Harvard, Universidad de Madrid.
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