Acelerando o financiamento para uma agricultura sustentável no Brasil
Ao fazer a transição para um sistema alimentar
que seja positivo para as pessoas e para o planeta, o Brasil pode: i. Reduzir
em US$ 300 bilhões os custos anuais em economia, meio ambiente e saúde pública;
ii. Gerar US$ 70 bilhões em novas oportunidades de negócios por ano em 2030;
iii. Criar até 8 milhões de novos empregos até 2030.
Londres/São Paulo 22 de outubro de 2021
- Hoje, A Blended Finance Taskforce,
com o apoio da SYSTEMIQ e Partnerships
for Forests (uma iniciativa financiada pelo governo do Reino Unido)
lançou o relatório “Acelerando o financiamento para uma agricultura sustentável
no Brasil”, em um evento virtual com as importantes lideranças de diversos
segmentos do Brasil.
O relatório demonstra como o Brasil pode
usar as finanças para transformar seu sistema alimentar, em um cenário que seja
positivo tanto para as pessoas quanto para o planeta, ajudando a impulsionar o
crescimento econômico, a geração de empregos e, ao mesmo tempo, promovendo a
opção de alimentos mais saudáveis, melhorando qualidade de vida das pessoas,
protegendo a natureza e respeitando os compromissos climáticos.
Atualmente, o Brasil é o quarto maior
produtor mundial de alimentos, porém o sucesso do setor agrícola possui um
custo de US$ 300 bilhões a cada ano. Esses custos são resultados de um sistema
em que produtores, investidores, comerciantes e o setores público e privado
otimizam os recursos individualmente em vez de coletivamente, causando impactos
ambientais que por consequência prejudicam a saúde pública e potencializam a
pobreza nas regiões rurais.
“Conforme os setores financeiros e
corporativos no Brasil adotam estratégias de negócios mais sustentáveis e se
comprometem com as emissões líquidas zero, o país ganha potencial para ser um
líder global na produção de alimentos positivos para a natureza. Como grande
produtor, alimentando 10% da população mundial, o Brasil pode construir uma
nova economia verde que seja boa para nossa sociedade, protegendo nossa rica
biodiversidade”, afirma Pedro Guimarães, Sócio e Head da SYSTEMIQ na América
Latina.
As finanças são uma parte crítica da transição
no Brasil que deve mobilizar US$ 21 bilhões por ano em modelos de negócios
regenerativos anualmente em 2030. O relatório
em questão demonstra oito modelos de negócios positivos para a natureza na
fronteira florestal, com foco em iniciativas que resultem em valor a partir de
florestas em pé, intensificação sustentável e restauração florestal.
O retorno sobre o dimensionamento desses
novos negócios é três vezes superior a necessidade de investimento e pode gerar
8 milhões de novos empregos até 2030. Este relatório identifica as barreiras
para transição que produtores, investidores e governos enfrentam atualmente,
destacando soluções necessárias para superá-las. O estudo também define ações
prioritárias para as principais partes interessadas em todo o sistema alimentar
brasileiro - delineando as mudanças sistêmicas necessárias para desbloquear o
capital e transformar o sistema atual no país. Nenhum setor pode cumprir esta
agenda sozinho, sendo necessária a coordenação e complementariedade entre
vários interessados.
“O Brasil pode mudar o paradigma do
financiamento de alimentos, criando US$ 70 bilhões em novas oportunidades de
investimentos a cada ano enquanto enfrenta os principais custos ocultos do
sistema. O país já está na vanguarda da inovação, trabalhando para dimensionar
modelos de negócios regenerativos e desenvolvendo produtos e soluções
financeiras vinculadas à sustentabilidade. Com base nas recomendações do
relatório “Better Food, Better
Brazil”, o país pode acelerar essa inovação, tornando-se o modelo
global de como financiar a transição para uma economia positiva para a
natureza”, afirma Katherine Stodulka, Diretora The Blended Finance Taskforce e Diretora de
Finanças Sustentáveis na SYSTEMIQ.
“Precisamos minimizar e redirecionar o
financiamento de práticas agrícolas prejudiciais ao meio ambiente, escalonando
e acelerando em formatos que são positivas para a natureza. Os investidores e
outras representantes do setor financeiro precisam reavaliar os retornos de
curto prazo e trabalhar com fornecedores de capital catalítico para reduzir o
risco e a incerteza em torno de novos modelos de negócios regenerativos. Também
é necessária a complementariedade entre o setor público com os investimentos do
setor privado, fortalecendo o ambiente atual, garantindo que a regulamentação
ambiental seja devidamente aplicada e empregando capital público para ajudar a
agregar projetos e incentivar práticas mais sustentáveis ”, afirma Rodrigo Quintana,
gerente da SYSTEMIQ Brasil e América Latina.
“Precisamos fazer a transição de nosso
sistema alimentar atual. Como ator-chave no sistema alimentar global, o Brasil
pode ser um catalisador desta transformação. O relatório 'Better Food, Better Brazil'
- com suas recomendações específicas - é um grande exemplo de como a estrutura
indicada no relatório “Growing
Better” da FOLU pode ser adaptada para o nível nacional”, disse
Morgan Gillespy, Diretor da Food and Land Use Coalition e Secretario de
finanças da UN Food Systems
Summit.
“A Partnerships
for Forests (P4F) apoia oportunidades de negócios e modelos de
investimento nos quais o setor privado, público e as comunidades locais podem
obter maiores retornos, preservando ou restaurando florestas. No Brasil, nosso
trabalho é focado especialmente nas cadeias de valor agrícolas, que são os
principais motores do desmatamento. Nossa experiência mostra que a ação
colaborativa e parcerias fortes são essenciais para catalisar investimentos
nesses modelos. Este relatório mostra alguns dos arranjos de sucesso que têm
sido apoiados pela P4F no país, fortalecendo o potencial de escalonamento e
replicação desses modelos”, afirma Felipe Faria, Gerente Regional para a
América Latina da Partnerships for Forests.
"Produzir alimentos e conservar a
natureza de forma harmônica é sem dúvida um dos maiores desafios deste novo
século. A SYSTEMIQ Brasil em parceria com a Blended Finance
Taskforce e Partnerships for Forests trazem luz e caminhos financeiros
para que esse processo seja acelerado e evolua de forma virtuosa nos próximos
anos". Afirma André Guimarães, Diretor executivo do IPAM (Instituto
de Pesquisa Ambiental da Amazonia).
João Pacífico, CEO da Fundação Gaia,
afirma que “este relatório não é apenas educacional, demonstra também as ações
específicas exigidas de financiadores para superar as barreiras existentes para
escalar modelos de negócios positivos para a natureza.”
A agricultura e os sistemas alimentares
são essenciais para a ação climática global. O Brasil tem a oportunidade de
estar na vanguarda da transformação global para um sistema alimentar
regenerativo, adaptativo e resiliente ao clima.
***
Notas adicionais
- De acordo com o IPCC
(Intergovernmental Panel on Climate Change), de 21% até 37% das emissões
totais de gases de efeito estufa (GEE) são atribuíveis ao nosso sistema
alimentar atual.
DEFINIÇÃO POSITIVA DE NATUREZA
- Os sistemas alimentares
positivos para a natureza são sistemas que estimulam o crescimento
econômico e alimentam uma população em crescimento, promovendo também
dietas nutritivas, melhoram os meios de subsistência e protegem a
natureza: sistemas alimentares que buscam lucratividade de longo prazo em
vez de priorizar ganhos de curto prazo, que não semeie desigualdade ou
conflitos, e não esgote irreversivelmente os recursos dos quais depende.
CÚPULA DOS SISTEMAS ALIMENTARES DA ONU
- A primeira Cúpula dos Sistemas
Alimentares da ONU foi realizada online em 23 de setembro de 2021. O
Secretário-Geral da entidade anunciou a Cúpula dos Sistemas Alimentares da
ONU em 2019, reconhecendo o papel da transformação do sistema alimentar na
realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para 2030. A
enviada especial à Cúpula, Dra. Agnes Kalibata, convidou o Banco Mundial
para ser o guardião da Finance Lever of Change com o International Food
Policy Research Institute (IFPRI) e a Food and Land Use Coalition (FOLU),
com o apoio da SYSTEMIQ e The Blended Finance Taskforce.
- The Finance
Lever acaba de lançar o Food
Finance Architecture como um roteiro para desbloquear capital para um
sistema alimentar melhor para todos.
SOBRE The Blended Finance Taskforce
The Blended Finance Taskforce foi
lançada em 2017 para enfrentar as barreiras que impedem o capital de fluir para
uma economia inclusiva, de natureza positiva e líquida zero. A Taskforce
trabalha com investidores institucionais, seguradoras, capital privado, bancos
de desenvolvimento, VC, capital de impacto, fundos climáticos, doadores e
filantropia para ajudar a mobilizar capital privado para a ação climática e os
ODS. A Força-Tarefa trabalha em aspectos-chave do redesenho do sistema
financeiro, desde mercados de carbono até transparência de pensões e
ferramentas de transição para investidores. Ao reunir líderes em todo o sistema
financeiro, a Taskforce ajuda a projetar e dimensionar veículos combinados,
constrói capacidade financeira sustentável em mercados emergentes e trabalha
com pioneiros para desenvolver parcerias de investimento inovadoras e produtos
financeiros, especialmente para dimensionar modelos de negócios de capital
natural e infraestrutura sustentável. O secretariado da Taskforce é
administrado pela empresa de mudança de sistemas SYSTEMIQ. Temos orgulho de
fazer parceria com Food and Land Use Coalition, Partnerships4Forests, G7 Impact
Investing Taskforce, Partnerships 4 Green Growth, The Tri Hita Karana Forum for
Sustainable Development e outras plataformas que aceleram a transição para uma
economia mais sustentável e equitativa.
SOBRE A SYSTEMIQ
SYSTEMIQ
é uma empresa fundada no Reino Unido, em 2016, com o objetivo de acelerar
mudanças sistêmicas e promover negócios e políticas públicas sustentáveis de
acordo com as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris e pelos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável das Organizações das Nações Unidas. A empresa
realiza parcerias de negócios, finanças, formuladores de políticas e com a
sociedade civil para tornar os sistemas econômicos verdadeiramente
sustentáveis. Combinamos pesquisa de alto nível com trabalho local de alto
impacto. Por meio de nosso trabalho com alimentos, uso da terra e em oceanos,
identificamos soluções com maior potencial para acelerar a transição para a
rede zero, proteção da biodiversidade, investimos em startups, apoiamos novos
fundos e incubamos novos negócios.
SOBRE PARTNERSHIPS FOR FORESTS
A Partnerships for Forests catalisa investimentos nos quais o setor privado, o setor público e as comunidades podem obter valor compartilhado a partir de florestas sustentáveis e uso sustentável da terra. Fazemos isso criando “Parcerias Florestais” prontas para o mercado e que oferecem um equilíbrio atraente de riscos e benefícios. O programa também apóia medidas do lado da demanda que fortalecem a demanda por commodities ambientalmente corretas e atividades para criar as condições adequadas para o investimento sustentável
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