Educação financeira infantil: os desafios começam em casa
*Por Thiago Martello, educador financeiro e fundador da Martello Educação Financeira
Thiago Martello é fundador da Martello Educação
Financeira
Divulgação
A educação financeira é um tema
fundamental na vida de qualquer pessoa, independente da idade. Porém, é durante
a infância que o primeiro contato com o mundo das finanças é feito, seja na
escola com os professores ao aprender sobre moedas, ou dentro de casa com
mesada e até mesmo através dos pais, por exemplo.
O conhecimento da educação financeira na
infância ajuda a formar adultos com noção de gerenciamento de riscos, que
evitam assumir dívidas incontroláveis e promovem mais cuidados no dia a dia,
proporcionando melhores condições para o desenvolvimento coletivo da sociedade,
de acordo com um estudo da OCDE (Organização para a Cooperação e o
Desenvolvimento Econômico).
Muitas vezes, os pais se preocupam em
ensinar como as crianças devem se comportar na escola, casa dos amigos ou
parentes. Além disso, essa preocupação se estende no desempenho dos pequenos em
todas as matérias escolares, mas uma das coisas principais é deixada de lado: o
comportamento com o dinheiro, que permeará todas as áreas da vida, durante toda
a vida da criança.
Quase 70% das famílias brasileiras estão
endividadas, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens,
Serviços e Turismo (CNC). Esse cenário confirma a tese de que o brasileiro
precisa ser educado financeiramente, principalmente os mais jovens, pois
sofrerão os impactos durante toda a vida adulta.
Como os pais podem se educar financeiramente?
Para garantir a educação financeira dos
filhos, primeiro é necessário que os pais se eduquem financeiramente. A família
é a primeira e mais próxima referência de uma criança, assim, caso ela tenha o
ensino na escola, mas em casa veja um cenário e exemplos totalmente diferentes,
o aprendizado será seriamente comprometido.
Embora a profissão de educador
financeiro no Brasil não seja regulamentada, não tendo um órgão atuando ou
fiscalizando, a área está se popularizando, sendo um dos meios possíveis para
os pais buscarem se educar financeiramente.
A fim de não correr riscos, tampouco
tempo e dinheiro, a recomendação é optar por profissionais com certificações do
mercado financeiro, pois conferem um “selo” de qualificação técnica ao profissional,
como, por exemplo, o CFP (Certified Financial Planner), reconhecido
mundialmente e, no Brasil, o CEA (Certificado de Especialista Anbima) e o AAI
(Agente Autônomo de Investimentos) são duas delas.
Também existem bons conteúdos gratuitos
disponíveis na internet, porém, o desafio maior é ter cuidado com os conteúdos
encontrados, além da avaliação do profissional que está passando as
informações. Com o excesso de opções e diversos canais para buscar respostas,
nem tudo o que se encontra é verdade.
Qual o papel da escola na educação financeira das crianças?
Em 2020, o Conselho Nacional de
Educação, homologado pelo Ministério da Educação, determinou que todas as
escolas deveriam incluir, entre as competências de ensino, a educação
financeira de forma transversal, ou seja, nas aulas e projetos desenvolvidos
pela unidade, para crianças e jovens do ensino Infantil ao médio.
Os alunos podem absorver o conteúdo de
uma forma lúdica, prática e adequada, entendendo a importância de lidar com o
dinheiro, o que já foi um grande primeiro passo para inserir a educação
financeira desde cedo.
O uso de artifícios lúdicos como teatro,
histórias e jogos, tanto de tabuleiro, quanto eletrônicos, a fim de tornar o
aprendizado mais dinâmico é uma ótima prática. Além disso, é importante
trabalhar com objetivos para o uso do dinheiro entre o curto e longo prazo, e
por último, associar os ganhos que isso trará, além de planejar o passo a passo
para a realização de sonhos e desejos, como comprar um brinquedo.
As escolas podem otimizar bastante o
resultado contratando profissionais especialistas na área para ministrar o
conteúdo, mas ainda assim pedagogos e psicólogos devem compor a equipe
multidisciplinar para servirem de apoio durante as aulas, garantindo melhores
resultados no pograma. O conteúdo deve ser adequado para cada faixa etária,
trabalhando o que as crianças ou adolescentes realmente precisam desenvolver e
conseguem assimilar.
Podemos dizer que a educação financeira
contribui para o desenvolvimento do País. Se o cidadão faz bom uso do seu
dinheiro, tem um consumo consciente, guarda para uma aposentadoria digna,
investe em ativos que são usados para favorecer a economia, ele contribui para
geração de riqueza.
Esses dados são confirmados através de
uma pesquisa mundial de educação financeira realizada em 2014 pela Standard and
Poors (S&P), ranqueando 144 países, que mostra que não é por coincidência
que os primeiros lugares estão ocupados predominantemente por países europeus
onde o índice de desenvolvimento humano é alto.
A Finlândia, Noruega, Dinamarca, Suécia,
Israel e Canadá, são os que mais investem em alfabetização financeira para
crianças, segundo a OCDE e, quando se fala de IDH, o índice de desenvolvimento
humano também estão entre os primeiros.
Por último, com mais pessoas educadas
financeiramente, menor será a desigualdade social e, por consequência, os
índices de criminalidade reduzirão, e a qualidade e satisfação com a vida
aumentará.
*O educador financeiro Thiago Martello
fundou a Martello Educação Financeira em 2015, a fintech e edtech oferece
planejamento financeiro com uma metodologia própria e inovadora, por meio de
cursos, mentorias e diagnósticos para melhorar o relacionamento com
dinheiro. Além disso, já realizou mais de mil atendimentos e possui mais
de 500 alunos.
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