Meu amigo livro: obrigado!
Por Sérgio Giacomelli
Amigo livro, nesse teu dia quero
agradecer-te pela nossa amizade, pelo companheirismo, por me ensinar tantas
coisas. Se todos tivessem um amigo como você, ou melhor, uma amizade como a
nossa certamente teríamos pessoas mais cultas, mais justiça social e mais
compreensão.
Seria nobre saber que pessoas da zona
Sul à zona Norte tivessem a mesma amizade contigo; que indivíduos da cidade e
do cerrado tivessem a felicidade de te conhecer desde criança. E sabe porque
digo isso? Por que aprendi com você.
Dizem que precisamos ter contato e ouvir
os mais velhos para que possamos aprender. Penso que estou no caminho certo
porque você, amigo, é tão velho que nem você sabe sua idade. Quantas coisas eu
aprendi por estar contigo, te ouvir, aliás, você diz muito, as vezes preciso
ser resiliente para separar um tempo para ouvir tuas intermináveis histórias,
mas que no final sempre valem a pena.
Confesso que você é um grande companheiro e nunca me abandonou. Esteve sempre
comigo nos momentos felizes, tristes, nas noites mal dormidas, você conta
histórias ou sempre me ensina algo. Lembro-me daquela noite antes de uma prova
difícil que ficou me ensinando até que peguei no sono.
De manhã cedo acordei e você estava lá,
ao meu lado, incentivando: "vamos, estuda mais um pouquinho".
Lembro-me de outra vez no hospital quando acordei da cirurgia e olhei para o
lado, lá estava você. Alguém te deixou lá para que me fizesse companhia e, como
bom companheiro, só saiu de lá junto comigo quando fui para casa.
Ah, meu amigo, quantas histórias
fascinantes me contou. Eu nunca esqueço daquela de um aventureiro que saiu da
África em um barquinho e remou "Cem Dias Entre Céu e Mar" até a costa
brasileira. E o dia em que me apresentou "O Pequeno Príncipe"? Este
foi marcante, aprendi tanto com ele! E como poderia esquecer de nossas
aventuras quando voamos sobre o mar ao lado dos penhascos com o "Fernão
Capelo Gaivota"? Aquele pássaro fantástico que me ensinou que podemos voar
sempre mais alto.
Contigo conheci lugares incríveis como a
Itália onde viajei de Milão à Costa Amalfitana com "O Viajante de
Conca". Quantas boas lembranças, quanto conhecimento! Que bom que você se
modernizou e fez tantas amizades digitais para compensar aqueles que não te
valorizam e te largam às traças.
Seria digno se todos pudessem ter uma
amizade como a nossa, essa cumplicidade, maturidade, o respeito que tenho por
você, meu milenar amigo. Ah, se todos te conhecessem e pudessem desfrutar das
tuas histórias desde o berço e usufruir da tua sabedoria por toda a vida. Sem
receio digo que teríamos um mundo mais culto, mais sensato, com mais
possibilidades de convergir ideias diferentes, de descortinar verdades
escondidas e de descobrir mundos distantes sem sair de dentro de casa.
Mas o que posso dizer por mim é que eu
tenho tanto a agradecer por tudo o que fez por mim. Dizem que a gente deve
externar os sentimentos, então preciso dizer: eu te amo meu amigo e eu amo a
nossa amizade. E que em meu derradeiro dia alguém possa te abrir para que eu
possa ouvir de tuas páginas algumas palavras sagradas e descanse em paz.
*Sérgio Giacomelli é escritor, engenheiro eletricista e um apaixonado por pesquisas. Descendente de italianos escreveu o romance de época D'Angelo - O Viajante de Conca.
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