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Morte de pets reforça urgência de rever normas para transporte aéreo

 No último mês dois cães morreram durante voos nacionais; transporte requer cuidados e preparação prévia

No período de um mês dois cães morreram durante transporte aéreo em voos domésticos no Brasil. O primeiro caso aconteceu no trajeto entre Rio de Janeiro e São Paulo e a causa da morte foi hipertermia. O segundo, ocorrido no trecho entre São Paulo e Aracaju, teve como causa a morte por asfixia, apesar do uso da caixa de transporte recomendada. “Toda viagem passa primeiramente pelo aval do médico veterinário, e esses recentes acontecimentos são um alerta para a necessidade de revisão dos protocolos para o transporte aéreo de animais de estimação fora da cabine da aeronave, que hoje é obrigatória para conjuntos (animal+caixa de transporte) com peso total de 7 a 10kg, podendo variar de acordo com as regras de cada companhia aérea”, afirma o diretor científico da Associação Mineira de Medicina de Tráfego (Ammetra), Alysson Coimbra.

O especialista, no entanto, afirma que há meios de mitigar as probabilidades de algo dar errado e minimizar o sofrimento dos animais que precisam voar. “O erro começa quando se equipara esse transporte de animais domésticos ao transporte de cargas e isso precisa mudar. Estamos transportando vidas e uma série de cuidados devem ser adotados para garantir a integridade física e evitar mortes”, avalia.

Diante dos casos ocorridos, a companhia aérea responsável suspendeu o serviço durante 30 dias e afirmou à imprensa que está fazendo uma análise de todos os procedimentos deste tipo de transporte. “Todo o ambiente de espera no embarque e desembarque deve ser meticulosamente preparado, assim como a logística operacional, priorizando a introdução e retirada da caixa com animais do interior da aeronave, para que se possa reduzir o tempo de permanência nesses ambientes hostis para eles”, observa Coimbra.

Protocolos para transporte aéreo de animais devem
ser analisados cautelosamente (Foto: Depositphotos)

O diretor científico afirma que o transporte aéreo oferece desafios significativos. “A microgravidade, exposição à radiação, força G, lesões por ejeção de emergência e condições hipóxicas. Tudo isso precisa ser avaliado para oferecer segurança”, completa.

Segundo o especialista em segurança viária, os animais domésticos devem passar por um período de adaptação para voar fora da cabine. “Os pets não estão habituados a tanto barulho e ao ambiente em que ficarão inseridos por horas, isso gera um estresse muito grande. Além disso, o calor e a desidratação agravam esse sofrimento e, em casos extremos, podem provocar a morte”, comenta.

Preparação
Para melhorar essas condições, explica Coimbra, o tutor deve fazer um planejamento para que o pet se adeque à caixa de transporte. “Uma boa estratégia é promover a adaptação do animal com o confinamento na caixa ainda em sua casa, aumentando gradativamente a permanência até que se atinja o tempo total programado para a viagem. Isso reduz o estresse e ocorrências indesejáveis”, observa.


Alysson Coimbra, diretor científico da Ammetra

Por terra
Recentemente, a Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) e o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Paraná (CRMVPR) elaboraram as diretrizes para garantir a segurança do transporte de animais domésticos em veículos terrestres. Isso é indispensável porque os animais de estimação não possuem estrutura óssea e muscular capaz de suportar os traumas e lesões que eventualmente decorrem de um sinistro de trânsito.

Segundo a Abramet, há cinco formas seguras para transportar os pets: caixa de transporte; cestinhos ou cadeirinhas; cinto de segurança; grades de contenção ou capa protetora para banco traseiro.

A caixa de transporte deve ser fixada pelo cinto de segurança do veículo no banco traseiro. Precisa ser ventilada e estar de acordo com as dimensões do animal. “Essas caixas podem ser acomodadas também no compartimento de bagagem, porém a sua fixação é fundamental para a segurança, visto que seu deslocamento pode causar lesões na coluna cervical e torácica dos ocupantes do banco traseiro, por exemplo”, afirma Coimbra.

As cadeirinhas (cestinhos) são recomendadas para animais de pequeno porte que não se adaptam em viajar nas caixas de transporte. Segundo a recomendação da Abramet, elas são projetadas para serem utilizadas com os animais utilizando coleiras do tipo peitoral e devem ser fixadas no encosto de cabeça do banco traseiro e retidas com o cinto de segurança do veículo.

Cães de porte médio ou grande podem ser transportados com cinto de segurança na posição central do banco traseiro, com os adaptadores presos às coleiras peitorais, e fixados no encaixe do cinto de segurança do veículo.

As grades de proteção são indicadas para animais de grande porte e têm a função de limitar a circulação do animal dentro do carro e impedir o cão de saltar pela janela. Já a capa protetora de banco traseiro pode ser usada com o cinto de segurança, minimizando o risco do animal de sofrer ferimentos em desacelerações bruscas, por exemplo.


Animais não possuem estrutura óssea e muscular capaz
de suportar os traumas e lesões (Divulgação/Ammetra)

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