O relacionamento entre pais e filhos e suas implicações na saúde mental
O
relacionamento entre pais e filhos, em todo o decorrer da vida, é cheio de
altos e baixos. Isso porque, embora seja uma das relações mais duradouras e
importantes que temos, ela, como qualquer outra, envolve, não só amor, mas
também cuidado, afeto, ou a falta dele, desentendimentos, expectativas e outros
sentimentos que podem determinar as nossas vivências.
Quando
nasce um filho, a vida dos pais muda de tal forma que, tudo o que antes era
projetado para si, agora é direcionado também ou unicamente à criança. Ou seja,
o que antes era gasto consigo mesmo, agora é destinado aos cuidados do mais
novo membro da família. Isso envolve, além de questões financeiras, também
questões individuais de expectativas, desejos e vontades.
Desse
modo, com o cuidado voltado para o filho, os pais podem deixar de lado algumas
questões pessoais. Os estudos para conseguir a carreira dos sonhos, a mudança
de profissão, a compra de um carro novo… Essas questões, embora individuais, em
alguns casos, podem ser transferidas aos filhos. “Assim, alguns pais estimulam
ou ainda tentam determinar o futuro da sua prole de forma a torná-lo igual ao
seu, ou como esse desejava, ou o colocam como “eternos devedores” de tudo que
foi investido com eles em uma espécie de 'Agiotagem Emocional'”, explica o
psicólogo Alessandro Scaranto.
De acordo
com o especialista, “é muito frequente casos em que pais projetam em seus
filhos questões que eles mesmo não conseguiram alcançar”. Seja na escolha da
profissão, de pares nos relacionamentos ou ainda no modo geral em que o filho
leva a vida, o genitor acredita que a sua prole é uma cópia exata de si mesmo e
que deve concretizar as suas vontades.
Contudo,
“isso é um tremendo equívoco, já que causa um grande sofrimento para o filho”,
alerta o psicólogo. Isso porque, ao não ser entendido na sua individualidade,
ele acredita que deve se moldar aos gostos e vontades dos pais para poder ser
aceito por eles. O profissional explica ainda que “somos seres únicos desde o
nosso nascimento. Assim, ademais às influências do ambiente externo, a nossa
singularidade é inata”. Por isso, transferir desejos dos pais aos filhos não
leva em conta as diferenças que os filhos podem ter dos seus genitores.
Aceitar
quem é o seu filho e creditar a ele a autonomia nas suas escolhas de vida é uma
qualidade que pais devem ter. Isso promove um relacionamento paterno com muito
mais confiança e abre espaço para reconhecer as individualidades dos filhos.
“Independente do laço sanguíneo, cada indivíduo é, em si, uma unicidade, uma
individualidade. Reconhecer isso é permitir aos filhos ser quem eles desejarem,
por isso é necessário que o pai “adote” o seu filho, o entenda e respeite como
uma pessoa exclusiva, que tem a função de seguir o seu próprio caminho”, finaliza
o especialista.
Alessandro Scaranto
Psicólogo - Especialista
em Saúde Pública e Saúde da família
Acupunturista
11 - 99463 7019
@scaranto_psicologia
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