Senado debate economia colaborativa como opção para reativação econômica
Audiência
pública promovida pela Comissão Senado do Futuro reuniu especialistas, empresas
e entidades para discutir a viabilidade da implantação da economia
colaborativa, principalmente em períodos de crise econômica
Comissão debateu a economia colaborativa como
opção para reativação econômica. Convidados participaram de maneira virtual
Reprodução/TV Senado
A economia
compartilhada e o consumo colaborativo têm ganhado cada vez mais espaço entre
os brasileiros. De acordo com a consultoria PwC, a economia colaborativa deve
responder por cerca de 30% do PIB de serviços até 2025. Segundo o Instituto
Brookings, essa forma de economia deve responder por US$ 335 bilhões de
potencial de receita global no mesmo ano. O assunto foi debatido em audiência
pública no Senado Federal na última sexta-feira (22) e discutiu projetos da
área para os próximos anos.
O encontro da
Comissão Senado do Futuro, presidida pelo senador Izalci Lucas, buscou
compreender as diferentes formas de inserção e implementação da economia
colaborativa. Nesse modelo de negócios, é incentivado o consumo colaborativo e a
economia compartilhada que possibilita o acesso a produtos e serviços por meio
de trocas, compartilhamentos, doações e aluguéis que não envolvam a tradicional
aquisição consumista característica da economia tradicional.
“É importante
debater esses novos modelos em um momento em que há um grande número de
desempregados e pessoas passando por dificuldades. A grande maioria dessas
pessoas querem dignidade, emprego e oportunidades. Não querem viver a vida toda
de cestas básicas e programas sociais. Estamos discutindo uma ferramenta e
instrumento que possa dar oportunidades para as pessoas, principalmente para os
excluídos”, destacou o presidente da Comissão ao lembrar do momento de
dificuldades econômicas que muitas empresas, profissionais e trabalhadores passaram
durante o período de pandemia da Covid-19.
De acordo com o
analista técnico do Sebrae Nacional, Ivan Lemos Tonet, a economia colaborativa
é um modelo de negócios que tem ganhado espaço no cenário mundial e se
consolida ao impactar o ambiente de negócios e a forma como as pessoas vivem no
cotidiano por se basear em conceitos que envolvem auxílio, cooperação e
colaboração. “O mundo e a sociedade mudou e as empresas estão correndo atrás
dessas mudanças porque estão vendo os novos empreendedores vindo com ideias da
economia compartilhada e colaborativa. Muitas empresas que atuam de forma
tradicional têm que se transformar”, pontuou Tonet.
Permutas multilaterais
Uma das ferramentas
de economia colaborativa debatida durante a audiência pública foram as permutas
multilaterais. O sócio-fundador da XporY.com e especialista em economia
colaborativa, Rafael Barbosa, foi um dos convidados do encontro e falou
sobre essa ferramenta que busca quebrar o paradigma da permuta bilateral,
baseada nas trocas envolvendo apenas duas pessoas ou empresas com interesses
mútuos. Segundo Rafael, a multilateral cria conexões em uma rede de negócios
para atender o interesse de todos membros de uma plataforma, o que aumenta
exponencialmente as chances de transações serem efetivadas.
O sócio-fundador da XporY.com
ainda ressaltou que empresas e profissionais liberais que estejam com seus
negócios parados podem disponibilizar seus produtos para fazer negócios por
meio de permutas e, com isso, terá créditos para adquirir qualquer outra oferta
disponível na plataforma, permitindo a manutenção das atividades e a aquisição
de serviços e bens importantes para o funcionamento. “As empresas e
profissionais encontram condições para manter seus fluxos de caixa ao
movimentar seus estoques e tirar a ociosidade dos serviços. Consequentemente,
permite a reativação econômica e uma condição financeira melhor”, destaca
Barbosa.
Segundo o gerente de gestão estratégica do Sebrae-DF, Jorge Adriano da Silva, a economia colaborativa se estabelece em três pilares: social (por estimular o sentimento de comunidade), econômico (agrega flexibilidade financeira, dando preferência ao acesso e reduzindo desperdícios e acúmulos) e tecnológico (democratização do acesso por meio do uso da internet). “A economia compartilhada é um elemento importante para inclusão produtiva porque viabiliza o acesso à ocupação e à renda dos cidadãos e empreendedores, democratizando esse acesso. A economia colaborativa ainda estimula a qualidade de vida das pessoas, reduz custos, contribui para a redução das desigualdades e exerce um papel importante na promoção do desenvolvimento sustentável e do uso consciente dos recursos naturais”, destaca Silva.
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