Incentivar jovens talentos na escola é respeitar crianças, dizem especialistas
Identificar e dar espaço para potencialidades
de cada estudante também é papel de professores
Dança e percepção foram alguns dos
ingredientes usados pelo professor Janluca Miletta Souza, do Centro Municipal
de Educação Professora Salete Aparecida Laude, no município de Novo Horizonte,
São Paulo, para representar o Brasil na competição internacional Videos For
Change. A combinação levou o projeto apresentado por ele e por três alunas da
escola ao vice-campeonato e trouxe para ele uma certeza: é preciso identificar
e dar espaço para os múltiplos talentos que se escondem na rede pública de
ensino de todo o país.
Em apenas um minuto, o vídeo “Você,
exatamente como é” debate a homofobia, o preconceito religioso e o preconceito
contra pessoas com deficiência. Uma forma artística de falar sobre assuntos tão
presentes no cotidiano das escolas brasileiras. “Quando fui chamado para
participar do projeto, nunca imaginei que poderia chegar tão longe. Pedi
algumas indicações para a coordenadora e, juntos, conseguimos encontrar a Ana
Clara, a Vitória e a Ana Cibele, que já haviam participado de mostras de
dança”, conta o professor de Educação Física. Chegar ao segundo lugar do
concurso global é consequência de uma habilidade cada vez mais necessária entre
os educadores: identificar e estimular talentos múltiplos.
Para Ana Paula Silveira de Carvalho,
consultora pedagógica do Sistema de Ensino Aprende Brasil, utilizado no
município de Novo Horizonte, onde está localizado o CME Professora Salete
Aparecida Laude, esse tipo de incentivo é um fator fundamental para que as
crianças e adolescentes consigam atingir todo o seu potencial. “A escola
precisa criar espaços para que a criatividade, a inventividade e a imaginação
dos estudantes se manifestem. Hoje em dia, ensinar é muito mais que apenas
abordar os conteúdos formais”, afirma. A especialista lembra que muitas das
profissões que serão ocupadas pela geração que hoje está nas escolas ainda nem
existem. “É razoável pensar que, em um mundo em constante mudança, possibilitar
que nossos jovens expressem suas vocações mais genuínas é uma forma de permitir
que eles se tornem adultos e profissionais mais felizes no futuro”, completa.
Reconhecer talentos é aceitar a
diversidade
“Temos maneiras diferentes de ser
inteligentes e é na escola que precisamos aprender que podemos ser livres para
ser inteligentes ao nosso modo. Ninguém é esquisito, mas sim diferente, e isso
precisa ser valorizado desde cedo”, destaca a escritora e especialista em
treinamentos de talentos e pontos fortes, Adriana Ferrareto. Ela pontua que,
até os 18 anos, o cérebro vai formando a maior parte de suas sinapses. Isso
significa que as conexões feitas até essa idade serão provavelmente as mais
robustas e determinarão, em certo nível, a forma como os eventos são percebidos
pela pessoa. Por isso, é importante deixar a criatividade fluir o mais
livremente possível na infância e adolescência.
O papel dos professores é indispensável
nesse sentido, afinal é na escola que as crianças passam a maior parte do
tempo. O cofundador da Escola de Criatividade e especialista em marketing e
inovação, Jean Sigel, afirma que a escola precisa dar vazão aos canais de
expressão de cada estudante. “São inúmeras crianças com diferentes perfis,
gostos, sonhos, habilidades e talentos. Isso está mudando, mas, infelizmente, a
escola ainda padroniza muito os aprendizados e pouco extrai o melhor dos
talentos de cada criança”, avalia. De acordo com o especialista, essa
responsabilidade também pertence aos professores e é preciso desconstruir a
ideia de que cabe a eles apenas passar os conteúdos que estão no currículo
formal. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) também fala sobre isso. “O
professor tem o poder imenso de tocar a vida das crianças e estimular seus
potenciais. Ele precisa se enxergar como um polinizador e um estimulador. Não é
preciso saber tudo, pode-se ouvir mais que falar, exercitar a escuta ativa e
reconhecer-se como um guia”.
Segundo Sigel, uma escola mais diversa
é, em si mesma, uma maneira de respeitar as muitas habilidades que cada criança
carrega dentro de si. “É preciso incentivar as crianças porque elas ainda têm
coragem, ainda experimentam, ainda exploram”, finaliza.
“Como reconhecer e valorizar jovens
talentos na escola” é o tema do episódio 33 do podcast PodAprender, com Adriana
e Jean. Todos os episódios do PodAprender estão disponíveis no site do Sistema
de Ensino Aprende Brasil (sistemaaprendebrasil.com.br),
nas plataformas Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e nos
principais agregadores de podcasts disponíveis no Brasil.
Sobre o Aprende Brasil
O Sistema de Ensino Aprende Brasil oferece às redes municipais de Educação uma série de recursos, entre eles: avaliações, sistema de monitoramento, ambiente virtual de aprendizagem, assessoria pedagógica e formação continuada aos professores, além de material didático integrado e diferenciado, que contribuem para potencializar o aprendizado dos alunos da Educação Infantil aos anos finais do Ensino Fundamental. Atualmente, o Aprende Brasil atende 290 mil alunos em mais de 210 municípios brasileiros. Saiba mais em http://sistemaaprendebrasil.com.br/.
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