Alunos de escola capixaba escrevem livros sobre história de comunidade quilombola em que está inserida
Conversas com líderes quilombolas e tradições
passadas de geração em geração poderão ser imortalizadas em obras literárias
A herança deixada pelos ex-escravizados
que fundaram muitas das comunidades quilombolas espalhadas por todo o Brasil
não pode ser mensurada. Vai da culinária à música, passando por costumes do
cotidiano e pela moda. Mas, embora não possa ser medida, essa riqueza cultural
brasileira deve ser protegida e guardada. É o que estão fazendo estudantes da
Escola Municipal Jiboia, localizada na Comunidade Quilombola de Boa Esperança e
Cacimbinha, em Presidente Kennedy, Espírito Santo.
Incentivados pela professora Patrícia
Santana, os estudantes estão organizando uma série de livros para contar essas
histórias, lembranças e tradições. Tudo começou com uma proposta trazida pelo
material didático do Sistema de Ensino Aprende Brasil, que atende o município.
“Um dos conteúdos de Geografia propunha que os alunos falassem sobre o bairro
em que vivem, a comunidade em que moram. E aí, as crianças começaram a se
perguntar como poderiam aprender mais sobre sua ancestralidade e respeito à
localidade, à cultura local”, explica a professora.
Dali em diante, foram organizados na
escola alguns encontros com líderes quilombolas, pessoas que pudessem contar
aos pequenos as histórias que a comunidade guarda desde que surgiu e que,
muitas vezes, não estão registradas em documentos. São imateriais, sim, mas,
ainda assim, um patrimônio valioso que não pode ser esquecido. “Nosso projeto
tem como tema as histórias da nossa terra. Queremos contar e eternizar a
história e a cultura afro-brasileira, valorizando aquilo que forma nossos
alunos, que é a coletividade em que eles estão inseridos”, diz Patrícia.
As conversas, que inicialmente eram todo
o projeto, logo se mostraram pouco para a empolgação dos estudantes. A
professora conta que, atualmente, eles estão escrevendo os livros com tudo o
que aprenderam e seguem aprendendo nessas conversas. “Estamos fazendo uma
parceria com uma editora para que, mais que ouvintes ou personagens, eles se
tornem autores da própria história.” Além da autoestima das crianças, o projeto
também tem contribuído para que a comunidade, como um todo, sinta-se mais
valorizada e perceba o valor existente em seu passado e em sua cultura.
Abraçando o passado sem abrir mão do
futuro
Revisitando o passado e valorizando o
presente, os sonhos passaram a ser cada vez maiores – tanto para os alunos,
quanto para a professora. O próximo passo, segundo ela, é tornar a Escola
Municipal Jiboia uma instituição de ensino que trabalha dentro das diretrizes
quilombolas. “Queremos poder atuar com essas diretrizes. Ainda estamos no
início desse processo, que é complexo. Ainda precisamos fazer toda a adaptação
das diretrizes ao currículo escolar, mas nosso objetivo principal é esse:
seguir dedicando nossos esforços a projetos sobre a nossa ancestralidade.”
A professora conta todos os detalhes do
projeto no episódio 34 do podcast PodAprender, que conta ainda outras duas
iniciativas de escolas públicas brasileiras, uma em São Paulo e outra no Rio
Grande do Sul. Todos os episódios do PodAprender estão disponíveis no site do
Sistema de Ensino Aprende Brasil (sistemaaprendebrasil.com.br),
nas plataformas Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e nos
principais agregadores de podcasts disponíveis no Brasil.
Sobre o Aprende Brasil
O Sistema de Ensino Aprende Brasil oferece às redes municipais de Educação uma série de recursos, entre eles: avaliações, sistema de monitoramento, ambiente virtual de aprendizagem, assessoria pedagógica e formação continuada aos professores, além de material didático integrado e diferenciado, que contribuem para potencializar o aprendizado dos alunos da Educação Infantil aos anos finais do Ensino Fundamental. Atualmente, o Aprende Brasil atende 290 mil alunos em mais de 210 municípios brasileiros. Saiba mais em http://sistemaaprendebrasil.com.br/.
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