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Estratégias para lidar com o comportamento inadequado


Luanda Garcez (*)

 

Os pais são a principal referência dos filhos e responsáveis por ajudar a criança a determinar  quem se tornarão ao longo da vida, moldando seu coração, o caráter e as estruturas do cérebro. Se por um lado é um privilégio ensinar e preparar os filhos na tomada de boas decisões, na condução de um caminho bem-sucedido e no enfrentamento de situações desafiadoras; por outro pesa a responsabilidade de fazê-lo.

Compreender o comportamento inadequado pode ser reconfortante e encorajador para pais e filhos, especialmente quando desvinculamos o sentido de responsabilidade a culpa e vergonha. Com base na disciplina positiva, é possível entender a responsabilidade como sendo libertadora, a partir da consciência de que é possível fazer novas escolhas. A boa notícia, é que quando os pais percebem que são partes integrantes desse comportamento, são também responsáveis pelas mudanças desejadas.

Quando falamos em comportamento inadequado, nos referimos aqueles comportamentos que as crianças expressam, muitas vezes por ausência de conhecimento ou de habilidades e comportamentos adequados para determinada situação. Porém, nos momentos mais desafiadores, os filhos não são os únicos a sofrerem com a falta de habilidades para lidar com a situação. Os pais também sofrem por não saberem como agir, falta repertório de habilidades para lidar com a situação.

Devemos estar atentos para a fase de desenvolvimento da criança, para não tratar um comportamento como inadequado, quando na verdade esse comportamento é adequado para seu momento de desenvolvimento. É preciso que a criança compreenda o que se espera dela.

Um bom começo para os pais refletirem sobre o comportamento inadequado é se perguntar:

  • Será que meu filho (a) tem linguagem e habilidades sociais para expressar o que quer?
  • Será que ele (a) está com sono?
  • Será que ele (a) está fome?
  • Será que ele (a) está com dor?

Uma estratégia eficiente e encorajadora é tratar desse assunto, a partir da responsabilidade com foco na solução de problemas, evitando a punição. O que quero dizer com isso, é que se os pais querem que o filho mude o comportamento, é preciso se responsabilizar e se comprometer com uma mudança de atitudes, incentivando e direcionando a criança a fazer o mesmo, sem afetar o seu senso de autovalor.

Jane Nelsen (2015) em seu best-seller sobre Disciplina Positiva, propõe um novo olhar sobre o mau comportamento e aborda objetivos e crenças equivocados da criança:

1- Atenção indevida – crença equivocada: “eu me sinto aceito apenas quando tenho sua atenção”;

2- Poder mal dirigido – crença equivocada: “Eu me sinto aceito apenas quando sou o chefe, ou pelo menos quando não deixo você mandar em mim”;

3- Vingança – crença equivocada: “eu não me sinto aceito, mas pelo menos posso me vingar” e;

4- Inadequação Assumida – crença equivocada: “É impossível ser aceito. Eu desisto”.           

Esses objetivos e crenças equivocados acontecem porque as crianças precisam se sentir aceitas e importantes, ou mesmo porque se sentem inadequados. Para lidar de forma eficaz nessas situações é necessária análise do comportamento, métodos encorajadores e efetivos a longo prazo, e que os pais assumam a responsabilidade em controlar o seu comportamento, modificando-o se necessário e consciente que são espelhos para os filhos.

Um exemplo de estratégias eficientes para lidar com situações desafiadoras:

  • Redirecionar a criança para que ela consiga atenção de forma mais adequada e produtiva, utilizando seu poder de forma socialmente útil;
  • O adulto deve controlar o seu comportamento, caso se sinta magoado, evite revidar e utilizar frases sem efeito, pense em formas de “resolver o problema”;
  • Sempre valide o sentimento da criança, e diga que entende o que está sentido, ainda que não seja possível ceder ou fazer à vontade;
  • Separe as atividades por etapas, garantindo que a criança tenha condições de realizar;
  • Não faça pela criança o que ela pode fazer sozinha.           

Se precisar, não hesite em buscar por um profissional especializado para auxiliar a família em situações desafiadoras.

 

(*) Luanda Garcez - Psicóloga, psicopedagoga, coordenadora do grupo de pais de crianças com TEA e supervisora certificada em Intervenção Precoce Para Crianças com Autismo, profissional ao longo de 15 anos de formação e dedicação ao desenvolvimento infantil. Mestranda em Educação na linha de pesquisa sobre Práticas Educativas e Representações Sociais, pós-graduada em Terapia Cognitivo Comportamental e Análise do Comportamento aplicada, com formação em Psicologia Fenomenológico-Existencial, entre outras certificações nacionais e internacionais, como estágio clínico e pedagógico em Avaliação e Intervenção nas Dificuldades de Aprendizagem – certificado pela Qualconsoante – Disclínica – Lisboa - Portugal. Autora do capítulo "Inclusão na escola: desafios e possibilidades na educação infantil" no livro "Autsimo: integração e diversidade", pela Literare Books International.

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