Pesquisa mapeia realidades e impactos da pandemia nas juventudes de São Paulo
- Edição especial para a cidade
de São Paulo da pesquisa Juventudes e a Pandemia do Coronavírus foi
lançada nesta terça-feira (23/11)
- A
pesquisa revelou que houve uma busca pela complementação da renda durante
a pandemia e 3 a cada 10 jovens foi por questão de necessidade
- A
interrupção dos estudos durante a pandemia é uma realidade para 4% dos jovens
respondentes, principalmente por sentirem dificuldade em se organizar com
o ensino remoto e pela necessidade de procurar renda durante o período
- O
levantamento alerta também sobre a saúde física e mental dos jovens e
sobre riscos para a continuidade dos estudos
São Paulo, 26 de novembro de 2021 — Com o objetivo de levantar
informações sobre a realidades dos jovens para apoiar a criação de políticas
públicas e programas sociais que fortaleçam as juventudes nos seus territórios,
foi lançada a edição especial para a cidade de São Paulo da pesquisa Juventudes e a Pandemia do Coronavírus.
O documento é uma realização da Rede
Conhecimento Social em parceria com GOYN SP (Global Opportunity Youth Network São
Paulo) e Coordenadoria
da Juventude da Prefeitura Municipal de São Paulo.
A pesquisa traz um retrato das
identidades e percepções dos jovens em relação aos impactos da pandemia em suas
vidas e na sociedade, sob as perspectivas de trabalho, educação, saúde e vida
pública. A primeira edição do levantamento sobre Juventudes e Pandemia foi realizada a
nível nacional com participação de mais de 68 mil jovens. Destes, 3.520 jovens
declararam morar na capital do Estado de São Paulo e estão contemplados na
edição especial para a cidade. Ela é idealizada pelo CONJUVE (Conselho
Nacional da Juventude) e correalizada pela Fundação Roberto Marinho, UNESCO, Em
Movimento, Mapa Educação, Rede Conhecimento Social, Porvir e Visão Mundial.
“O
GOYN é um programa global com foco na geração de oportunidades de trabalhos
decentes para as juventudes e que atua baseado em dados e evidências. Por essa
razão, fazer parte de uma pesquisa como essa nos ajuda a traçar com clareza os
próximos passos para apoiar as juventudes de São Paulo, além de contribuir para
o ecossistema da inclusão produtiva dos jovens”, declara Daniela
Saraiva, líder do GOYN SP.
"Nosso compromisso é com a melhoria
da condição de vida das juventudes no Brasil e com a promoção de seu lugar
enquanto protagonistas da sociedade. A pandemia agravou em diferentes níveis e
perspectivas a violação dos direitos das pessoas jovens no Brasil e por isso
desenvolvemos a "Pesquisa Juventudes e a Pandemia do Coronavírus".
Criamos uma base sólida de evidências para apoiar a atuação tomadores de
decisão e ampliar a capacidade da sociedade de produzir respostas aos desafios
emergências enquanto avançamos nos caminhos para o futuro, na mudança de
conjuntura", comenta
Marcus Barão, presidente do CONJUVE.
Entre jovens da cidade de São Paulo que
aderiram à pesquisa, a maioria tem entre 18 a 24 anos, é do gênero feminino e
declara-se como branca (64%), enquanto 32% se declarou negra (considerando
pardos e pretos), 4% amarela e 0% indígena. Conheça abaixo alguns aprendizados
trazidos pelo levantamento:
Busca pela complementação da renda
A maioria dos jovens que responderam a
pesquisa se encontram dependentes
financeiramente, mesmo que quase metade deles estejam
trabalhando. Da metade de jovens que não estavam trabalhando quando responderam
à pesquisa, 5 a cada 10
desses jovens realizaram alguma atividade remunerada durante a pandemia,
sendo que na maioria das vezes encontraram a informalidade e trabalhos por
conta própria.
A pesquisa revelou que a busca pela complementação de renda
foi realidade para metade dos jovens, sendo que para 3 a cada 10 foi por questão de
necessidade. As atividades realizadas foram principalmente a
prestação de serviços para pessoas e para empresas, em atividades parcial ou
totalmente presenciais, especialmente entre juventudes negras.
Também concluí-se que muitos jovens se
mostram animados e
esperançosos quanto ao trabalho no futuro, mas a maioria se
sente insegura.
As ações prioritárias para reduzir os
impactos da pandemia no trabalho e renda, de acordo com o público pesquisado,
foram: políticas de renda básica para mais vulneráveis e inclusão profissional
para minorias, além de ações para ampliação de postos e novas formas de
trabalho.
Educação: riscos para a continuidade dos
estudos
Segundo a pesquisa, 6 a cada 10 jovens
estavam estudando quando responderam ao questionário, mas cerca de 1 a cada 10
destes não estão acompanhando as aulas. A interrupção dos estudos durante a
pandemia é uma realidade para 4% dos jovens respondentes, principalmente por
sentirem dificuldade em se organizar com o ensino remoto e pela necessidade de
procurar renda durante o período. Apontam como ações para voltarem os estudos a
vacinação da população e outras políticas de renda e bolsas de estudos.
Apesar de continuarem estudando, 4 a cada 10 jovens pensaram em parar os
estudos durante a pandemia e 7 a cada 10 pensam em desistir do ENEM,
mostrando que é preciso promover ações que reconectem jovens com a escola ou
faculdade.
Em relação ao retorno às aulas
presenciais, a prioridade dos jovens é por atividades que os ajudem a trabalhar
as emoções,
principalmente entre mulheres com mais de 18 anos. Para os homens e mais novos,
existe maior priorização pela retomada das disciplinas do currículo.
As juventudes paulistanas apontaram como
ações prioritárias para reduzir os impactos da pandemia na educação: a criação
de políticas
que ajudem a reduzir as desigualdades educacionais, o acompanhamento psicossocial nas escolas
e atividades para recuperação do conteúdo curricular.
Influência da pandemia na percepção
política
A pesquisa ainda trouxe a informação de
que, diante do cenário, 5
a cada 10 jovens paulistanos se mostram pessimistas sobre o futuro
após a pandemia. Para ficarem mais otimistas, apostam na vacinação da maior parte
da população, assim como políticas voltadas para amenizar os impactos da
pandemia no sistema de saúde. A educação
também aparece como prioridade para jovens se sentirem mais otimistas com o
futuro depois da pandemia.
A pandemia também influenciou a forma
como os jovens percebem a política:
5 a cada 10 acreditam que participarão mais e estarão mais atentos sobre a
política, e 8 a cada 10 dizem que a pandemia vai influenciar a forma que vão
votar nas próximas eleições.
Como oportunidades, essas juventudes
acreditam que o contexto contribuiu para a ampliar o uso de tecnologias na educação,
a valorização da saúde
pública e das áreas de ciências
e pesquisas.
Saúde: cuidados físicos e emocionais
para todos
Em um ano de pandemia, a pesquisa traz o
grave alerta sobre a saúde
física e mental de jovens, que atribuem ao período de crise
sanitária um conjunto de problemas que surgiram ou se agravaram: quase 7 a cada
10 relatam ansiedade,
exaustão e cansaço constante e uso exagerado de redes sociais;
4 a cada 10 relatam problemas com insônia
e distúrbios de peso no período.
Atividades de autocuidado, como
atividades físicas, consultas médicas e terapia foram alternativas encontradas
por poucos desses jovens para lidar com as dificuldades desse período.
Por isso, apontam como prioridade para
instituições públicas e privadas que minimizem impactos da pandemia na saúde: o
atendimento psicológico especializado em jovens e ações para garantir a
alimentação dos mais vulneráveis.
SOBRE O GOYN SP
O Global Opportunity Youth
Network, conhecido pela sigla GOYN, é um programa global que envolve
pessoas, jovens, empresas, fundações, organizações sociais e poder público para
criar soluções voltadas à inclusão
produtiva das juventudes em situação de vulnerabilidade social.
O foco do programa não é dar ao jovem apenas uma vaga de emprego, mas oferecer oportunidades de trabalho e renda que
o ajudem a construir um futuro com dignidade. Articulado pela United Way Brasil, o
trabalho do GOYN em São Paulo começou em março de 2020.
SOBRE A UNITED WAY BRASIL
A United Way é uma das
maiores organizações filantrópicas do mundo, fundada em 1887 nos Estados Unidos
e presente em 41 países. Atua no Brasil desde 2001 para promover o pleno desenvolvimento e proteção das
gerações futuras, com foco em dois momentos fundamentais da
trajetória cidadã: a primeira infância e a juventude.
A organização reúne e articula empresários, pessoas, organizações e governos que atuam por meio de programas e projetos, unidos pela crença de que juntos é possível fazer mais.
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