Por que o 13º salário gera "confiança" nos brasileiros?
*Por Thiago Martello, educador financeiro e fundador da
Martello Educação Financeira
Thiago Martello é fundador da Martello Educação
Financeira
Divulgação
O fim do ano está chegando, mas antes de
pensar no Natal as pessoas já estão de olho no 13º salário. Com o dinheiro em
mãos, muitos se perguntam: como usar esse valor extra da melhor forma?
O período dos últimos meses do ano é
excelente para negociação de dívidas, pois muitas empresas estão fechando o
exercício fiscal e apurando os resultados, por isso, o poder de barganha
aumenta. Tendo a quantia do 13º em mãos, é possível estudar a possibilidade de
realizar o pagamento das pendências à vista e isso promove mais descontos e
facilidade na negociação.
É bem interessante quitar as dívidas
atrasadas, principalmente pelo alívio psicológico e emocional envolvidos, para
parar de pagar juros abusivos e cortar de vez o mal pela raiz, de jogar
“dinheiro fora”.
No entanto, vale levar em consideração
que os primeiros meses do ano merecem atenção especial pois chegam cheios de novos
compromissos como IPVA, IPTU, matrículas, uniformes e materiais
escolares, por exemplo. Então não adianta usar todo o dinheiro disponível para
quitar as contas e já no mês seguinte precisar de dinheiro emprestado, seja com
uma amigo ou até com o próprio banco – o que certamente acarretará altos
juros.
Black Friday e Natal podem ser “vilões”
do planejamento financeiro?
Vale destacar que o salário extra no
final do ano vai além de somente uma “segurança” para comprar ou quitar
dívidas. Pelas pessoas ficarem no limite ou até mesmo no vermelho na maior
parte do ano, elas enxergam no 13º uma salvação financeira e passam a contar
com o dinheiro, antes mesmo de tê-lo em mãos.
O uso do valor adicional, muitas vezes,
é para satisfazer alguma demanda reprimida, colocar as contas em dia ou até
para se permitirem certas indulgências ou extravagâncias. É difícil para nosso
cérebro associar uma consequência ruim a determinado comportamento específico
caso não aconteçam de imediato. Se o impacto negativo da ação não vem logo em
seguida, acabamos atenuando e dando menor valor à sua causa real, ainda mais em
períodos como a Black Friday e Natal, quando temos muitos “prazeres”
associados.
Abaixo, destaco os principais
comportamentos econômicos que ficam ainda mais latentes no período de
festas:
- Em geral, as pessoas se
permitem certos “mimos” como justificativas de merecimento por um ano
difícil, principalmente com a fala “eu posso, eu mereço”;
- É um período em que as pessoas
querem aproveitar, se presentear, anseiam por mudanças, por
confraternizações, por realizarem algumas demandas reprimidas e com muitas
emoções envolvidas.
Portanto, ao receber o 13º, a sensação
de alívio naquele momento é o que mais conta, sendo que as consequências de
gastá-lo sem estratégia só virão meses depois, tempo suficiente para não
associar uma coisa a outra e repetir o mau comportamento no próximo ano.
Comece o ano com o pé direito
É importante ter uma atenção especial
para as contas no início do ano, pois o montante de débitos pode pesar para
quem não se organizou durante o ano anterior. A dica principal para quitar
esses débitos é juntar dinheiro ao longo dos meses para honrar com esses
compromissos em dia e, de preferência, pagar à vista, de modo a aproveitar os
descontos.
Já os parcelamentos devem ser evitados a
qualquer custo, pois enquanto o brasileiro não inverter a lógica, ficará
difícil ter saúde financeira. A ação correta é: primeiro guardar e depois
comprar.
Para quem está apertado e sabe dos
compromissos nos primeiros meses do ano, o jeito é economizar com Natal e Ano
Novo. O recomendado é usar do 13º salário com essas contas que chegarão em
janeiro, por exemplo, ainda que isso implique em algumas renúncias no período
de festas.
13º como “salvador da pátria”
O salário extra no final do ano pode ser
uma ótima oportunidade para começar a organizar um planejamento financeiro,
tanto para quem tem as contas em dia ou para as pessoas que estão com dívidas.
Em ambos os casos é preciso ter uma visão de futuro, de onde se quer
chegar.
Para quem tem dívidas, o 13º pode ser o salvador da pátria. Para
isso, é ideal avaliar se o padrão de vida atual é o adequado para a realidade
financeira, visto que para ficar no azul é necessário se planejar para quitar
as dívidas, sair do vermelho, construir uma reserva de emergência e, por
último, investir - assim será possível começar a realizar os sonhos.
Agora, em um cenário em que o planejamento
financeiro é feito de maneira antecipada e a pessoa não está no vermelho, é
possível pular algumas etapas e aproveitar um grande benefício: investir o
dinheiro guardado, ganhando juros ao longo do período aplicado.
*Thiago Martello é educador financeiro e fundador da Martello Educação Financeira, que já realizou mais de 1000 atendimentos e possui 500 alunos.
Nenhum comentário