Ao assumir o lugar de Doria, Rodrigo Garcia terá uma bala só
Por Cel PM Luiz Gustavo Toaldo Pistori*
Agora, sim, é questão
de dias para o governo Doria chegar ao fim, dado o prazo regimental que ele
terá para bater asas do Palácio dos Bandeirantes para dedicar-se a seu sonho
dourado de ser “gestor” a partir de Brasília, presidindo a República. Vai
ocupar a cadeira o atual vice-governador, Rodrigo Garcia, recém-chegado ao
ninho tucano, algo que já o faz ser visto com enorme desconfiança pelos
policiais, escravizados pelo PSDB desde sempre.
Rodrigo Garcia terá um
ano para encantar as forças de segurança (polícias Militar, Civil, Técnico-Científica
e Penal) e pavimentar seu caminho para o governo do Estado nas eleições do
final do ano que vem. Sim, ele vai disputar. O que ele fizer, ou não, pelas
categorias vai selar seu destino político. E é bom que saiba de antemão que
viaturas, armamento e munição não enchem a barriga de ninguém, o que faz isso
sozinho é dinheiro de um salário digno.
Garcia precisa
considerar o erro de Márcio França ao substituir Geraldo Alckmin no
Bandeirantes, em 2018. França não atendeu às reivindicações dos policiais, e
olhe que oportunidades não faltaram. No dia 26 de abril, depois de um chá de
cadeira de três horas, recebeu dirigentes de associações PM, todos em pé, e
chegou dizendo que estava ali para ouvir e pensar. Não fez uma coisa nem outra;
elogiou a PM e encerrou a conversa.
Uma semana depois, 4 de
maio, recebeu mais de 90 vereadores, vice-prefeitos e deputados estaduais
paulistas (todos PM) e as associações. Foi uma beleza! O deputado federal
Capitão Augusto levou uma lista de 15 reivindicações que “não geram despesas” e
11 que geram. França ouviu atentamente, disse que ia pensar, falou de seu amor
pela PM e alertou que o Estado tem limite, a arrecadação. Fim da reunião. Fim
do diálogo. Derrota eleitoral.
Rodrigo Garcia terá de
assumir o governo sabendo, desde já, que policiais das forças de segurança
querem distância de promessas, ninguém aguenta mais, se há algo que Doria
ensinou-lhes foi isso. Tampouco irá adiantar alguma coisa convidar para vice um
ou uma policial, como fez França. Não vai colar. Ou Garcia entra dizendo a que
veio – com reajuste salarial (não bônus) e programação de novos reajustes – ou
já pode esquecer de votos de policiais.
Nada mais simples,
claro e cristalino que isso.
Presidente da DEFENDA PM – Associação de Oficiais Militares do Estado de São Paulo em Defesa da Polícia Militar
Nenhum comentário