Como as ferramentas de suporte à decisão clínica podem contribuir para a sustentabilidade econômica dos hospitais?
Por Juliana Gomes
À medida que a digitalização do mercado de saúde amadurece, novos
conceitos tecnológicos ganham força para contribuir para a aceleração do
desenvolvimento deste setor, não somente no cuidado ao paciente, mas na união
de outros pilares complexos do sistema de saúde como a garantia de acesso, os custos e a qualidade do atendimento. Neste sentido, a
interoperabilidade na saúde tem se destacado como um importante conceito para a
melhoria do gerenciamento hospitalar e da sustentabilidade econômica das
instituições.
Diante deste cenário, a
tecnologia assume papel estratégico em todas as áreas destas instituições e o
investimento em ferramentas digitais torna-se cada vez mais necessário. De
acordo com um estudo realizado pela International Data Corporation, o
investimento em tecnologias na área da saúde na América Latina deve chegar em
US$ 1.931 milhão até 2022, o que equivalente a quase R$ 10 bilhões.
Este dado demonstra que o
avanço tecnológico é uma das pautas prioritárias no segmento. A partir disto, é
preciso compreender a maneira como esta evolução acontece no mercado de saúde,
bem como as vantagens que determinadas ferramentas agregam ao setor e à gestão
das instituições de saúde.
O papel das ferramentas de
suporte à decisão clínica para a gestão hospitalar
A efetividade clínica é
ponto chave quando se trata de saúde. As ferramentas de suporte à decisão clínica colaboram, não apenas com a melhoria do cuidado ao
paciente, mas também com a gestão e a sustentabilidade econômica das
instituições, uma vez que, na medicina, a melhor prática é, muitas vezes, a
abordagem mais economicamente efetiva.
A utilização desses
recursos promove o acesso a informações que garantem melhores decisões
clínicas, tornando-as mais ágeis e assertivas. As decisões baseadas em
evidências colaboram com a redução da variabilidade clínica, de eventos
adversos, desperdícios e no tempo de internação do paciente, o que impacta
diretamente nos custos da instituição. Desta forma, o primeiro ponto para uma
gestão de qualidade é garantir eficiência e assertividade no atendimento e
cuidado ao paciente.
A conexão de sistemas e a necessidade da interoperabilidade na saúde
Além da ampliação do escopo de tecnologias, é necessário que estas
soluções estejam interligadas e consolidem um ecossistema dentro das
instituições. A interoperalabilidade na saúde permite que boa parte das ações e
estratégias definidas pelos gestores aproximem-se do corpo clínico e garantam a
assertividade e a rapidez necessárias para o planejamento e o desenvolvimento
das atividades.
Segundo a pesquisa “TIC
Saúde 2021”, divulgada em novembro de 2021 pelo “Centro Regional de
Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação” (Cetic), embora mais
de 90% das instituções de saúde contem com sistemas eletrônicos para registro
de informações sobre os pacientes, o número de empresas que investem em
interoperabilidade na saúde ainda é baixo. De acordo com o levantamento,
somente 29% das instituições participantes possuem interoperabilidade entre
sistemas.
É fato que o primeiro passo para a transformação digital foi dado com a
implementação de prontuários eletrônicos e registro de informações de
pacientes. O próximo passo é garantir a integração entre este sistema digital a
outras ferramentas tecnológicas, como as soluções de suporte à decisão clínica,
por exemplo. Este é um desafio que pode ser superado a partir do alinhamento do
corpo clínico e do departamento de TI, uma vez que discutir o processo e o que
pode ser aprimorado em conjunto garante subsídio de informações à administração
destas instituições e, consequentemente, facilita a tomada de decisão, reforça
a eficiência do atendimento clínico e permite a tão necessária sustentabilidade
econômica dos hospitais e clínicas de saúde.
Juliana Gomes é líder de novos negócios e projetos da Wolters Kluwer, Health no Brasil.
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