Cuidado na hora de escolher empresa para viagem de fim de ano
Os três graves
sinistros de trânsito ocorridos em Goiás, Minas Gerais e no Distrito Federal,
que deixaram dez mortos e mais de 70 feridos na última semana, reforçam a
urgência de aumentar a fiscalização sobre o transporte de passageiros e sobre o
cumprimento da Lei do Descanso nas rodovias brasileiras. “Nos últimos dois anos os sinistros
envolvendo ônibus provocaram grandes tragédias no Brasil, causadas,
principalmente, por jornadas exaustivas e pela falta de manutenção dos
veículos. Paralelamente, o transporte clandestino aumenta, mas as operações de
fiscalização pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e Polícia
Rodoviária Federal (PRF) não acompanham esse ritmo de crescimento”,
afirma o médico
especialista em Medicina do Tráfego e diretor científico da Associação Mineira
de Medicina do Tráfego (Ammetra), Alysson Coimbra.
Segundo a ANTT informou à imprensa, nos últimos dois anos 2.688 ônibus foram apreendidos com várias irregularidades. “O transporte de passageiros só pode ser feito de forma segura se for autorizado pela ANTT. A Agência adota critérios de segurança e monitoramento para autorizar as viagens. No caso desse último sinistro ocorrido no Distrito Federal, que deixou 25 feridos, o ônibus não tinha aval para transportar passageiros”, comenta Coimbra.
Ônibus tombou e deixou 25 feridos na rodovia GO-436no último dia 23 (Foto: TV Globo/Reprodução)
Um levantamento feito
pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) a pedido da Ammetra, mostrou que o número
de infrações por desrespeito à Lei do Descanso teve uma alta de 272% nos dois
últimos anos. Esse tipo de infração vem crescendo desde 2018. Naquele ano,
foram computadas 5.775 infrações. Em 2020, o número saltou para 21.499. “O cansaço, aliado à privação de sono,
compromete os reflexos e a capacidade de reação, além de aumentar o risco do
desenvolvimento de doenças metabólicas, como a obesidade, hipertensão e
diabetes. Esses fatores somados reduzem a capacidade de dirigir em segurança e
ampliam os riscos de sinistros”, afirma.
A Lei do Descanso
determina que o motorista profissional não pode dirigir por mais de cinco horas
e meia ininterruptas e deve fazer pausas de 30 minutos de descanso dentro de
cada seis horas. No caso dos motoristas que transportam passageiros, o descanso
deve ser aplicado a cada quatro horas. “Os motoristas têm que descansar no mínimo 11 horas a cada
período de 24 horas e a falta de fiscalização sobre o cumprimento dessa lei é
um dos grandes causadores de sinistros de trânsito”, afirma
o especialista.
Riscos e
cuidados
A
Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros
(ABRATI) lançou, no final de outubro, uma campanha para esclarecer sobre os
riscos do uso de transporte clandestino. Segundo a associação, motoristas que
atuam na clandestinidade não têm treinamento para dirigir à noite ou em grandes
distâncias, não passam por testes toxicológicos periódicos, nem de aferição
alcóolica. Além disso, afirma a associação, as empresas não contam com
alojamentos de descanso adequado e os veículos não passam por vistorias
frequentes. “Quem for
viajar nesse final de ano e férias deve escolher empresas legalizadas, que
oferecem seguro e exigir o bilhete de viagem. É sempre importante lembrar que
empresas clandestinas não oferecem seguro ou qualquer suporte aos passageiros.
Não dá para economizar com a segurança e a proteção da vida”,
diz.
Nenhum comentário