"Empréstimo de nome" aquece economia com compras de Natal
Endividados, brasileiros recorrem ao CPFs e
cartão de crédito de familiares e amigos para as compras de final de ano. Mesmo
apresentando risco para quem empresta, movimento também ajuda na retomada da
economia.
SÃO PAULO, 16 DE DEZEMBRO DE 2021 – Apesar do comprometimento financeiro,
muitos brasileiros devem recorrer ao uso do nome ou do cartão de crédito de
amigos ou familiares para as compras de Natal. O que significa que mesmo as
pessoas que não possuem um cartão de crédito ou estão com restrição de crédito
conseguem acessar o mercado consumidor, seja pelo crediário ou por outras
modalidades de financiamento, utilizando os registros pessoais de outros
indivíduos. Essa é a expectativa da proScore, bureau digital de crédito e
authority de score.
De acordo com a Confederação Nacional do
Comércio, Bens, Serviços e Turismo (CNC), há cerca de 12 milhões de famílias
brasileiras endividadas. O maior nível observado nos últimos 11 anos. Ao todo,
74,6% dos grupos familiares no país possuíam dívidas a vencer nos próximos
meses – seja por cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê
de loja e/ou crédito consignado.
“É uma tendência importante também para
o aquecimento, ou reaquecimento, da economia, porque são retirados alguns
entraves, do ponto de vista burocrático, para a aquisição de bens e serviços.
Ou seja, independente do nome que esteja comprando, a compra está ocorrendo. E
isso acaba refletindo diretamente na circulação de recursos em todo o País”,
explicou Mellissa Penteado, CEO da proScore.
Cultural
Embora os riscos sejam explícitos,
muitos componentes culturais ainda estão envolvidos no tradicional “empréstimo
de nome”, comum nas mais diversas praças e segmentos sociais no Brasil. Entre
amigos, familiares, cônjuges e até entre colegas de trabalho, a prática é
bastante utilizada para driblar restrições financeiras ou compartilhar
vantagens. Em tese, nada disso é ilegal, e quem empresta geralmente não cobra
nada. Trata-se de um mero favor que pode custar caro.
Funciona assim: uma pessoa decide
realizar uma compra, contratar um financiamento, cadastrar um cartão de
crédito, assinar um novo serviço ou algo do tipo, mas com a sua pontuação de
score financeiro, que indica ao mercado o status de “bom pagador” das contas em
aberto, não consegue ir adiante.
A solução passa, então, a ser aquela
pessoa disposta a ajudar, disponibilizando o próprio CPF para que o outro
supere os critérios impostos pelas financeiras. O problema é que, embora o
gesto garanta acesso a aquele produto ou bem desejado para outrem, não assegura
a quem cede as informações pessoais que o compromisso financeiro será cumprido
até o final.
“Inclusive porque a pessoa que usufrui do “empréstimo de nome” não fica exatamente vinculada, de forma direta e legal, à compra. A responsabilidade, a princípio, é toda do dono dos documentos anexados ao processo de aquisição, seja ele qual for. Dessa forma, quem participa desse tipo de engenharia financeira se coloca em risco até a quitação do crédito”, ressalta Mellissa.
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