Nem dar o peixe e nem ensinar a pescar: o olhar das empresas para os jovens de baixa renda em 2022
Divulgação / Certsys
Por
Priscila Cardoso*
De acordo com dados
recentes divulgados pelo IBGE, o Brasil tem 14,8 milhões de desempregados. O
índice é maior entre os mais jovens, já que na faixa etária de 14 a 17 anos,
46% estão em busca de trabalho. E, de 18 a 24 anos, o desemprego afeta 31% das
pessoas. A falta de experiência e oportunidades de estudos, aliado ao cenário
da pandemia, faz com que os jovens sofram mais com o desemprego.
Já não bastassem estas
preocupações, há uma parcela da ala jovem brasileira que convive com outros
problemas, que vão além dos correlacionados à conquista de uma vaga de
trabalho. São situações de vulnerabilidades socioeconômicas esbarradas no
futuro, principalmente, da juventude de baixa renda. Se para muitos morar
próximo a grandes centros urbanos, ter um teto para estudar e priorizar a vida
escolar são ações corriqueiras, para outros a realidade é diferente. Optar
pelos gastos com alimentação ou seguir com os estudos tornam-se dúvidas
cruciais.
Todo esse abismo social
impacta na qualificação e nas oportunidades do jovem que vive em quadros
vulneráveis. Antes de mais nada, precisamos mudar a nossa relação reativa entre
Estado e sociedade. Para começar, é necessário que as empresas quanto organismo
social coloquem em prática ações privadas ou, até mesmo, mesclem iniciativas
públicas privadas.
O direito virou
privilégio e condições básicas, tais como educação e saúde viraram quesitos de
privilégio. É preciso possuir uma renda alta para ter um bom convênio médico e
acesso à educação de qualidade. São conceitos alterados, personificando a
famosa filosofia pop baiana que diz “que o de cima sobe e o de baixo desce”.
Uma das opções para
conter o assimétrico retrato socioeconômico nacional é o programa Jovem
Aprendiz. A Lei, sancionada em 2000, determina que toda empresa de grande ou
médio porte deve ter de 5% a 15% de aprendizes entre seus colaboradores.
Geralmente, jovens de 14 a 24 anos, em fase de término do ensino médio ou
fundamental em uma escola pública.
Um dos maiores polo de
criação de empregos atualmente, a área de TI é muitas vezes a porta de entrada
para dar iniciar o voo profissional de jovens de baixa renda. De acordo com o
relatório divulgado da Brasscom – Associação das Empresas de Tecnologia da
Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais, o segmento de TI e
Comunicação segue em expansão e continua criando novos empregos. No
primeiro trimestre de 2021 foram gerados mais de 50 mil novos postos de
trabalho, sendo que no mesmo período do ano passado foram cerca de 17 mil.
A análise da Brasscom
ainda informa que há uma demanda reprimida, resultado da falta de talentos
qualificados. Em consonância a esta realidade, o programa Jovem Aprendiz é uma
via de possibilidade para quem enseja uma vida melhor. Às empresas cabem
destinar oportunidades reais de desenvolvimento e empregabilidade para jovens
de baixa renda.
Às vésperas de um novo
ano, época proprícia para renovar as esperanças, deixo aqui uma dica: não
vamos focar o debate em torno da importância de dar peixes ou da necessidade de
ensinar a pescar. O nosso desafio em 2022, enquanto líderes de temas voltados à
diversidade e à inclusão, é criar rios afluentes, que encaminhem estes jovens para
novas possibilidades sem optar entre a fome ou o carnaval.
*Priscila Cardoso é líder da área de Diversidade &
Inclusão na Certsys, empresa especializada em soluções para Transformação
Digital e inovação.
Sobre
a Certsys
A
transformação digital deve ser contínua e baseada em pessoas para gerar
resultados efetivos aos negócios. Essa é a premissa da Certsys,
que há 14 anos atua como consultora e parceira de estratégia de negócios
digitais de grandes empresas dos setores financeiro, governamental,
securitário, varejista, industrial, entre outros. Para apoiar na evolução dos
negócios das companhias, oferece um portfólio com soluções de parceiros
internacionais, além de criações customizadas desenvolvidas por seu laboratório
de inovação nas áreas de Cloud, DevOps & Plataform, Data & Analytics,
Hyperautomation & CX, Data Protection & Compliance. A Certsys
atualmente emprega mais de 550 profissionais.
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