O que esperar do mercado de saúde para os próximos anos?
Por Severino Benner
O mercado de saúde passou por uma série de
transformações nos últimos anos. Acompanhamos o processo de digitalização dos
hospitais, com a adoção de ferramentas disruptivas como prontuário eletrônico e
certificação digital, além da popularização das consultas virtuais,
incorporadas à rotina das instituições após a autorização do uso da
Telemedicina pelo Congresso Nacional. A irrupção da pandemia trouxe novos
desafios para as organizações de saúde, que passaram a investir ainda mais em
inovação e novos recursos tecnológicos. De acordo com um
estudo da International Data Corporation, o investimento em tecnologias no
setor de saúde na América Latina deve atingir US$ 1.931 milhões até 2022.
Nesse sentido, o que devemos esperar do mercado de saúde para os próximos anos?
Antes de mais nada, as soluções focadas na gestão integrada dos processos
clínicos e administrativos dos hospitais
seguirão em alta, uma vez que este tipo de tecnologia permite obter mais
informações estratégicas desde a gestão de contratos, convênios, atendimento ao
paciente, prontuário eletrônico, controle cirúrgico, farmácia e suprimentos,
até o faturamento, financeiro, contábil e recursos humanos de uma instituição
de saúde. Este tipo de sistema contribui para um controle mais efetivo das
operações, haja vista a integração entre todos os setores, dados e equipes.
Além disso, quando digitalizado, este processo permite reduzir custos e, ainda,
eliminar contencioso trabalhista.
A Telemedicina é outra tendência que
seguirá em alta, pois tornou-se essencial para o segmento, especialmente no
início da pandemia, após a recomendação de distanciamento social e a
superlotação dos hospitais. Para se ter uma ideia, somente no Brasil,
houve um aumento de mais de 800% no uso da Telemedicina nos seis primeiros dias
da pandemia, segundo pesquisa publicada na revista científica Plos One, em
julho deste ano. Desta forma, a prescrição eletrônica integrada com o
prontuário, além de eliminar o papel, utiliza todo o processo de compra do
medicamento e controle, se adquirido ou não.
Diante deste contexto, o atendimento à
distância possibilita uma rápida troca de informações entre profissionais e
pacientes, agilidade nos trâmites dos dados pelos membros da equipe médica para
uma segunda opinião, aumento da capacidade de atendimento com eliminação de
deslocamento do profissional, conforto e agilidade na consulta, sem a
necessidade de deslocamento do paciente, e, principalmente, a diminuição do
tempo de espera e o risco de contágio, não só da COVID-19, mas também de outras
doenças presentes no ambiente hospitalar. Nesse sentido, as plataformas de
Telemedicina permitem conectar médicos e pacientes de maneira ágil e otimizada,
por meio do agendamento online, prontuário eletrônico, pagamento digital de
consulta e, ainda, geração de relatórios e estatísticas inteligentes.
Desafios para o mercado de saúde no Brasil
Embora o desenvolvimento do setor seja
nítido e o caminho para a evolução tecnológica inegável, ainda existem desafios
que o segmento deverá superar. Entre eles está a conexão e a promoção da
segurança de dados no mercado de saúde, especialmente por tratar-se de
informações sensíveis. Isto, somado, é claro, à LGPD (Lei Geral de Proteção de
Dados Pessoais), cujo primeiro ciclo de monitoramento terá início a partir de
janeiro do ano que vem. Com relação às operadoras, por exemplo, o enfoque dos
próximos anos será para evitar fraudes. Mesmo que o reconhecimento facial já
exista no combate a estas irregularidades, a partir de agora, sua adoção será
essencial, juntamente com a utilização da biometria.
Além disso, atuar no segmento de saúde
exige, em primeiro lugar, agilidade e alta disponibilidade no atendimento, uma
vez que o setor funciona 24 horas. Por isso, investir em novas tecnologias não
envolve apenas a adaptação do corpo clinico às plataformas. O mercado passou a
demandar profissionais de tecnologia cada vez mais capacitados para atender as
necessidades específicas do setor e, para os próximos anos, contar com um time
de TI especializado pode ser a chave para o sucesso da operação hospitalar.
Com o alto investimento realizado na área
da saúde brasileira nos últimos dois anos, foi possível acompanhar um grande
movimento de consolidação de hospitais e clínicas de todos os portes e
especialidades. Além disso, a ascensão das healthtechs trouxe consigo o
surgimento de novas soluções no mercado de saúde, em que cada uma é dedicada a
uma especialidade. O grande desafio daqui para frente é integrá-las juntamente
a segurança dos dados perante a LGPD.
O futuro deste mercado está diretamente
ligado à evolução da tecnologia, clínicas e de gestão. Por conta disso, cada
vez mais, as instituições terão que contar com o apoio de empresas
especializadas em TI que ofereçam ferramentas eficientes e integradas para
otimizar a gestão integrada de todos os processos com segurança.
Severino Benner é CEO do Grupo Benner, empresa que disponibiliza informações por meio de softwares e processos com o objetivo de revolucionar os negócios.
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