Offshore dificulta localização de patrimônio de devedores, aponta especialista
Guilherme Cortez, coordenador de investigações
da Leme Inteligência Forense, explica como se realiza averiguação que viabiliza
a recuperação de dinheiro.
A recente divulgação do
“Pandora Papers” – trabalho de reportagem conduzido pelo Consórcio
Internacional de Jornalistas Investigativos, envolvendo 600 profissionais,
inclusive de veículos de mídia do Brasil – colocou em evidência os
investimentos offshore. Entre as questões em torno do tema está a dificuldade
em se localizar esses patrimônios, sobretudo quando aplicados em paraísos
fiscais. Entrave que prejudica principalmente os credores dessas empresas.
Quem explica é o
coordenador de investigações da Leme Inteligência Forense, Guilherme Cortez.
Com sede no Paraná, a Leme é especializada em localizar no exterior patrimônio
de pessoas físicas e jurídicas que devem a brasileiros. Entre 2018 e o primeiro
semestre de 2021, a Leme já identificou R$ 8,1 bilhões de patrimônio de
devedores, no Brasil e em outras regiões do mundo.
No montante estão bens
encontrados em países como Estados Unidos, Reino Unido, Holanda, e ainda
paraísos fiscais como Suíça, Panamá, Luxemburgo, Nova Zelândia, Bahamas, Ilhas
Virgens Britânicas e Ilhas Bermudas. Paraísos fiscais são o endereço preferido
das offshores (isto é, aplicações em país diferente daquele onde reside o
beneficiário). “Investimentos em offshore se tornam uma boa forma de se
esconder patrimônio, o que dificulta a localização e a consequente recuperação
de crédito”, sublinha Cortez.
O trabalho da Leme
Inteligência Forense envolve soluções em tecnologias da informação – como
automação e inteligência artificial – e uma metodologia específica, para
análise dos resultados e encaminhamento das providências (inclusive judiciais)
cabíveis. Quando, do trabalho, constatam-se indicativos de patrimônio offshore,
o grau de complexidade aumenta.
“A característica [de
países objetos de offshore] é justamente essa, a de não deixar identificado
quem é o dono do patrimônio. Não há, por exemplo, informações e dados
disponíveis em similaridade ao que temos nas juntas comerciais, do Brasil e de
outros países. Também não se acham essas informações facilmente, em buscas de
sistemas de dados. É uma investigação muito mais complexa”, enfatiza Cortez.
Ainda assim, em que pesem as dificuldades, os
bens são passíveis de serem localizados – como demonstram os resultados da
própria Leme. “É uma investigação especializada, que permite localizar não
apenas o patrimônio de direito do devedor, ou seja, aquele formalmente
registrado em seu nome. Permite também achar o patrimônio ‘de fato’, isto é,
aquele que engloba, ainda, os bens transferidos a terceiros, ou adquiridos em
nome desses terceiros, justamente na tentativa de se ocultar patrimônio”,
sublinha o coordenador, Guilherme Cortez.
Segundo Cortez, a metodologia aplicada pela Leme inclui a reunião de dados e informações elementares e a pesquisa em bancos de dados. A partir de uma primeira análise dos elementos colhidos, parte-se para uma busca mais específica, e é então que entra o trabalho de inteligência forense, com averiguação direcionada, incluindo investigação in loco, se necessário. Toda pesquisa subsidia a tomada de providências, como as judiciais.
A Leme Inteligência
Forense tem hoje mais de 200 clientes em seu portfólio, entre empresas de
vários setores (incluindo instituições financeiras) e pessoas físicas. A
empresa especializada passa por um momento de expansão – crescimento de 22% no
faturamento no primeiro semestre deste ano sobre igual período do ano passado
(chegando a R$ 4,8 milhões); de 10% no quadro de pessoal, além de ampliação de
sua sede em Pinhais, região metropolitana de Curitiba.
Mais informações sobre a legal tech em: https://lemeforense.com.br/
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