Open Banking brasileiro e o ESG
*Jae
Lee - sócio da Klavi, fintech de Open Banking
O sistema financeiro brasileiro está
passando por uma mudança de paradigma desde 2018. O PIX, por exemplo, facilita
o tráfego de dinheiro entre as contas ou por meio de uma chave pré-cadastrada
de forma instantânea, evitando a inserção dos números extensos de agência e
conta. Além disso, o novo sistema de pagamentos instantâneos possibilita o
pagamento por código QR estático e dinâmico, seguindo as melhores práticas do
continente asiático.
Após o sucesso do PIX, que conseguiu
atingir 1 trilhão de reais de transação em 6 meses, um novo sistema iniciado
pelo Banco Central em consenso com a Febraban e as principais associações do
assunto foi lançado: o Open Banking, um dos assuntos mais comentados no mercado
financeiro nos últimos tempos. O conceito principal já está bem descrito pela
própria denominação - sistema bancário aberto - muitos se questionam como isso
de fato funcionará (reflete um pouco das dúvidas que tivemos com o PIX).
O funcionamento do Open Banking sempre
começa pela iniciativa do usuário. Aqui, seguindo rigorosamente a Lei Geral de
Proteção de Dados Pessoais (LGPD), em termos de gestão de consentimento,
controlador e operador. A iniciação de compartilhamento de dados é feita pelo
consentimento do usuário confirmando as informações que ele deseja importar da
Instituição transmissora, o banco A para instituição receptora, o banco B. Além
disso, com a fase 3, é possível iniciar o pagamento e por fim, com a fase 4, a
expansão do Open Banking para Open Finance.
Como o Open Banking se
encaixa no ESG?
O maior protagonista no Open Banking é o
usuário final que utiliza os serviços e produtos do Banco. Esse mesmo usuário
terá maior flexibilidade de contratar (e descontratar) os produtos, pois o Open
Banking possibilitará isso via API (application programming interface), uma
plataforma interligada entre as instituições participantes para chamar,
comunicar e compartilhar as decisões dos usuários.
Nesse contexto, entra a questão da
governança. Uma vez que a regra é clara para as instituições participantes: a
criatividade dos empreendedores dará luz aos seus produtos e serviços. O Open
Banking brasileiro deixa bem claro sobre o que o usuário pode compartilhar e dá
toda a liberdade para decidir o que é bom para ele. Essa transparência do
ambiente, permitirá os fast followers (primeiros seguidores em inglês) atuarem
mais ativamente, provocando a inovação e a disrupção no sistema.
O Open Banking trará grande mudança, no
contexto do S, o social. Teremos dois aspectos muito importantes: o primeiro é
a gestão dos dados compartilhados pelo usuário. O usuário poderá gerenciar as
suas contas bancárias dos bancos A, B e C pelo seu app favorito que é o banco
D. Os dados serão trafegados diariamente e o usuário poderá interromper quando
ele quiser. O segundo é a satisfação do usuário que será levado em máxima
prioridade. O vínculo entre o usuário e a instituição financeira não será mais
pelo produto ou serviço contratado, e sim, pela experiência e o valor que serão
gerados. Nesse contexto, teremos algumas instituições que focarão apenas na
distribuição dos produtos e os outros que se relacionam bem com o usuário, terá
o papel de reter usuários em sua plataforma.
Personalização total dos
produtos
Seguindo rigorosamente a proteção de dados dos usuários, as instituições
poderão inovar nos seus produtos e serviços de uma forma personalizada. O Open
Banking possibilitará que o usuário tenha todas as contas bancárias de
instituições financeiras participantes em um único aplicativo de preferência. O
mais importante é que esse recurso possibilita o compartilhamento de
informações a fim de oferecer uma personalização total ao usuário. Imagine por
exemplo, um cliente que faz compras sempre no mesmo supermercado ou que
frequenta o mesmo posto de gasolina ou os bares e restaurantes preferidos: é
natural que por meio do Open Banking esse cliente gere a indicação de um cartão
de crédito específico para esses serviços.
Ainda seguindo no exemplo de personalização, teremos o surgimento de diversas ferramentas que aplicam a inteligência artificial em termos de educação financeira e a predição de gastos para o planejamento financeiro baseado nos dados compartilhados pelo usuário.
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