Quintino: Chegou a hora de Eduardo Paes mostrar de novo seu valor
Eduardo Paes é melhor que Crivella, mas com vários secretários candidatos em 2022, a cidade parece ter ficado em 2º plano em 2021. É hora de o prefeito mostrar a que veio.
Era sabido quando o Rio elegeu Eduardo Paes que ele teria um
trabalho difícil pela sua frente: pegou uma cidade em uma pandemia, sem
dinheiro e com a terra arrasada deixada pela gestão de Marcelo Crivella, um mau
prefeito. Por outro lado, seu governo seria comparado com o pior prefeito da
história da cidade do Rio de Janeiro desde a fusão, o que certamente favorece
qualquer juízo.
Talvez nem Francisco de Castro Morais, que
entregou o Rio de Janeiro aos franceses praticamente sem luta, tenha sido tão
repudiado pelos cariocas. Na comparação, era meio que óbvio que Paes sairia
ganhando, fizesse ou não fizesse alguma coisa. Simpático, debochado e um
personagem do Rio – querido por muita gente, conseguiu, com o apoio de Daniel Soranz tornar o Rio um
exemplo na vacinação e no combate à COVID. Também, assessorado pelo
supersecretário de planejamento urbano Washington
Fajardo, preparou legislação e projetos urbanísticos de
vanguarda que pavimentam – em tese,
ao menos – o caminho para grandes mudanças que farão muito bem à
cidade. E, ao que parece – ao menos no momento – parou por aí.
A última pesquisa de opinião do Instituto Rio21 mostra isso:
só no combate à pandemia melhorou a aprovação da sua gestão. De resto, vem se
demonstrando uma forte queda na sua avaliação, e não se vislumbra nada que
mostre que voltará a subir tão em breve. Talvez depois do Carnaval, que apóio,
confio e espero que será um sucesso.
O grande problema da atual Prefeitura do Rio é que ela
ainda não mostrou o seu valor, ao que veio; só vende esperanças, promessas,
projetos…Bem pensados, é verdade. Mas e a ação, onde está? Talvez porque alguns
dos principais secretários serão candidatos na próxima eleição, porque muitos
subprefeito sejam ligados a estes candidatos….. E quase nada na prática é
feito, a cidade está tão – ou mais – abandonada quanto estava com Crivella. A
população esperava mais, muito mais. Afinal, até objetos inanimados seriam melhores prefeitos
que o bispo.
A Conservação parece não
existir; pode ter algumas ações, e até pode ser verdade que faltou dinheiro
para muita coisa. Mas tem de fazer o mínimo nos pontos centrais, de passagem, e
regiões turísticas. Ninguém espera que resolva tão breve o problema com
estátuas depredadas e outros desastres, mas buracos, postes, odor de urina e de
fezes e falta de tampa de bueiros, é o mínimo que se pode esperar de uma
prefeitura. Uma simples caminhada pelo Cosme Velho, feita por este jornalista,
nas proximidades da estação do Corcovado, mostrou, embaixo do viaduto, e em
frente ao Largo do Boticário, muita sujeira e detritos humanos. Pode não ter
dinheiro, pode estar trabalhando este ano com um orçamento elaborado por
incapazes, mas será que não tem água e
vassoura?
Outro dia, circulando no
entorno dos Arcos da Lapa – quer ponto mais turístico? – o que observei foi uma
latrina a céu aberto. A subprefeitura do Centro não tem acesso a baldes e sabão
em pó? Ou será que não andam na rua? E a subprefeita da Zona Sul, será que só
tem salto alto e anda de carro fechado? Como pode não ver a imundície que está
Copacabana, e Ipanema? Uma calça jeans da Citycol e um tênis de lona, além do
colete tradicional das secretarias já resolvem o problema desses representantes
do Prefeito, para que passem a andar na rua e ver com seus olhos os problemas
mais simples, que não precisam de grande orçamento para serem solucionados.
E não para por aí, o DIÁRIO DO RIO tem feito sua
parte para tentar Reviver
o Centro: temos direcionado nossa linha editorial para a
zeladoria e conservação desta região, que é o berço da civilização brasileira;
o patrimônio histórico é muito caro para nós, e as perdas potenciais são
irreparáveis. Temos citado sempre ações dos vereadores Pedro Duarte, Rogério Amorim e Rafael Aloísio Freitas e do
secretário Washington Fajardo
que têm feito muita coisa mesmo, sem contar inúmeros empresários que são
verdadeiros guerreiros na luta pela região.
A pandemia deixou muitas
pessoas na rua. Mas não é por isso que devemos tolerar colchões – até de casal
– no meio das ruas e calçadas da cidade durante todo o dia. Agora temos até
barracas doadas por vereadores oportunistas e até mesmo em plena Avenida Atlântica um centro de reciclagem,
isso sem contar os cracudos em frente ao MIS e outros pontos da
cidade; qualquer leitor conhece pelo menos um. Mais um pouco o Rio se tornaria a capital mundial da mendicância.
A secretária Laura
Carneiro tem tentado agir, mas a coisa hoje em dia é
complicada, com um acordo maluco entre a Prefeitura e o MP que proíbe a
retirada de pessoas de logradouros públicos contra a sua vontade, e uma decisão
completamente idiota
de um órgão federal que considerou qualquer barraca ou arremedo de moradia
montado por mendigo em logradouro público um domicílio inviolável. Mas então, que se dê dinheiro
para que ela faça novos abrigos, com mais atrativos, e em regiões mais próximas
dos locais onde temos mais população de rua.
Na questão de ética e compliance, setor que na
municipalidade é liderado pelo secretário Marcelo Calero, virou uma piada com alguns nomes
indicados e que nem deveriam poder entrar na sede da Prefeitura. Acabou se
tornando uma espécie de máquina para eleger o secretário, o que já mostra um compliance totalmente falho. Como
desagradar em decisões de compliance
se quer ser eleito? É um milagre difícil de ser feito. Outro dia, num evento na
prefeitura, este secretário foi anunciado como candidato. Ué….e o compliance?
Claro que há mais gente fazendo
um bom trabalho, como o secretário Brenno
Carnevale, que vem enfrentando as construções ilegais das
milícias e Vinícius Cordeiro,
que vem transformando pó em ouro na defesa dos animais. Mas as subprefeituras
estão inertes, a limpeza está deficiente, a conservação inexistente, e o
combate à informalidade deve ser intensificado. Há quem diga que há guardiões do Crivella até hoje
gravitando em torno da prefeitura. É preciso coragem pra por estes sanguessugas
inúteis pra correr.
Votei em Eduardo Paes e se a situação se repetisse, votaria de novo e de novo. Mas é preciso ação; quero ver com meus olhos a Prefeitura do Rio trabalhando e cada vez mais noticiar a recuperação da cidade. Só depende de Paes: distribuir esbregues e ameaças de exoneração aos seus assessores e não cumprir, não adianta. Os braços e pernas precisam começar a obedecer as cabeças. Um ano se passou, e foi o último com um orçamento elaborado por idiotas. Em 2022, não vai ter desculpa. É hora do prefeito mostrar de novo seu valor e fazer valer cada voto que recebeu, incluindo o meu e de praticamente toda equipe do DIÁRIO DO RIO.
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