Como a tecnologia certa pode ajudar a lidar com a crescente quantidade de dados, trazer mais segurança para os pacientes e reduzir custos da assistência médica
Por Matheus Q. Barbosa
O sistema de saúde vive em constante pressão por maior eficiência e
melhor controle de custos. Embora algumas barreiras tenham sido quebradas
nesses últimos anos, ainda existem vários desafios a serem superados, muitos
deles relacionados à falta de emprego de tecnologia (na medida certa) para lidar
com o elevado volume de informações.
As principais perguntas são: como os hospitais têm
trabalhado com a tecnologia para melhorar a disponibilidade da
informação para médicos, time de enfermagem, farmacêuticos, de forma a aumentar
a segurança do paciente? Como esta informação tem sido utilizada para reduzir
os custos dos tratamentos?
Nos países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico), 15% da atividade e das despesas hospitalares são decorrentes de
eventos adversos. Os erros de medicação são uma das principais causas de lesões
e danos evitáveis nos sistemas de saúde: globalmente, o custo anual associado a
isto foi estimado em US$ 42 bilhões. Já no Brasil, R$ 10 bilhões foram
consumidos pelos eventos adversos, no ano de 2017, somente na saúde
suplementar, segundo a pesquisa mais recente do Instituto
de Estudos de Saúde Suplementar da Universidade Federal de Minas Gerais
(IESS-UFMG).
É nesse cenário que a tecnologia se apresenta como uma forte aliada dos
serviços de saúde. Não é mais possível imaginar uma instituição de saúde segura
sem recursos de suporte à decisão clínica (CDS “Clinical Decision
Support”). Hoje, o seu emprego está diretamente relacionado à qualidade e
segurança assistencial prestada ao paciente. Ela ajuda a padronizar os
processos e, ao mesmo tempo, viabilizar um atendimento personalizado,
diminuindo erros de diagnósticos e mantendo uma relação mais humanizada.
Sem o apoio da tecnologia, por exemplo, um farmacêutico clínico passa várias
horas do dia revisando prescrições, ou então, assim como médicos, no caso de
dúvidas, tem que recorrer aos livros.
Este tipo de recurso é também fator impactante no que tange à redução de
custos e sustentabilidade, que é o segundo maior objetivo de uma instituição de
saúde (o primeiro segue sendo a segurança do paciente, obviamente).
A tecnologia atualmente disponível já nos permite oferecer uma ajuda
efetiva para estes profissionais. Sabemos o quanto é importante que o médico
(durante o atendimento) e o farmacêutico também contem com o apoio de uma
solução que concatene e avalie um conjunto de informações, tanto sobre o que
está sendo prescrito, como a respeito das condições clínicas; exames mais
adequados naquele caso; previsão de alta; abordagens possíveis; dosagens;
alergias; duplicidades de drogas; interações medicamentosas; condições genômicas
alteradas etc.
Ferramentas de automação e soluções que empregam evidências científicas
são cruciais para viabilizar a fármaco segurança e a fármaco economia. Trazer
informações relevantes, com aprofundamento sob demanda, validadas
cientificamente, estruturadas e confiáveis são fatores para qualidade e
segurança, e acima de tudo, sustentabilidade, em especial em sistemas
públicos. Ou seja, assegurar simultaneamente aumento de qualidade e
redução de custos.
Tecnologias
avançadas conseguem mapear todos os dados ao mesmo tempo e ainda criar milhões de
combinações, agregando capacidade analítica e oferecendo as melhores respostas
para a tomada de decisão do médico. Obviamente, este tipo de transformação
digital não é para todos. Inserir tecnologia nas atividades apenas por modismo,
sem objetivos claros e sem o apoio do corpo clínico pode trazer muito
desconforto, aumentar os custos e piorar a qualidade da assistência. É
necessário o autoconhecimento para se obter reais benefícios.
Em suma, as instituições de saúde precisam da tecnologia certa, na
médica certa. E é isso que irá responder aos desafios de segurança, custos e de
colocar o paciente, sempre, no centro de tudo.
Matheus Barbosa é Gerente de Canais & Alianças para Medi-Span Clinical na Wolters Kluwer, empresa líder global no fornecimento de informações profissionais, soluções e serviços para médicos e enfermeiros.
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