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Melhorar a educação e o alinhamento com os empregadores pode ajudar a reduzir a lacuna de skills

Por Flavia Roberta Freitas, Líder de Responsabilidade Social Corporativa na IBM América Latina

 

Muita coisa pode ter mudado desde que a pandemia começou, mas algumas tendências de longo prazo mantiveram-se iguais ou tornaram-se ainda mais urgentes. Por exemplo, o número de ofertas de empregos bem pagos e relacionados a STEM, áreas que abrangem Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (em inglês, é a sigla usada para Science, Technology, Engineering e Mathematics) continua a aumentar, mas não há pessoas suficientes com as habilidades necessárias para preencher essas posições. As possíveis consequências são graves: redução da competitividade, disparidades socioeconômicas persistentes, redução da inovação e o potencial não desenvolvido das pessoas.

 

Uma estratégia abrangente para enfrentar a lacuna de habilidades é aumentar o alinhamento entre os setores público, privado e sem fins lucrativos. Com mais coordenação, é possível cultivar melhor as novas fontes de talentos STEM, como mulheres, negros, comunidades periféricas e outras populações sub-representadas, para estar prontos para alcançar as oportunidades, desenvolver sua carreira e contribuir para os negócios.


Ajuda é necessária

De acordo com um relatório do IBM Institute for Business Value (IBV), de setembro de 2019, nos próximos três anos, pode ser necessária a recapacitação de 120 milhões de trabalhadores nas 12 maiores economias do mundo para se adaptarem a novos tipos de empregos criados ou modificados pela inteligência artificial (IA).

 

Parcialmente responsável pelo crescimento de posições disponíveis é o avanço e a proeminência da tecnologia nas indústrias, profissões e posições de trabalho. Esses avanços exigem novos planos de estudo para os futuros profissionais e envolvem a recapacitação para os atuais funcionários (e, finalmente, uma cultura de aprendizagem ao longo da vida). O relatório Future of Work 2020 do Fórum Econômico Mundial sobre tendências da força de trabalho em 26 economias descobriu que nos próximos anos podem surgir 97 milhões de novas funções que se adequam melhor às novas divisões de trabalho.

 

As pessoas estão inquietas e sabem que os empregos STEM oferecem melhores oportunidades. Outro estudo do IBV descobriu que 31% das pessoas no início de 2021 estavam considerando buscar novos empregos e planejando se cadastrar em programas de treinamento, em sua maioria online e alguns sem custo, como o IBM SkillsBuild. Isso foi confirmado pelo recorde de pessoas trocando de emprego ao longo de 2021. Em geral, os empregos STEM tendem a pagar substancialmente mais do que os empregos em outras áreas.

 

Alcançando novas fontes de talento

Claramente há uma oportunidade profissional ampla, mas pouco explorada, já que alguns grupos estão substancialmente sub-representados na nova economia. Por exemplo, a Organização das Nações Unidas (ONU) indica que as mulheres compõem apenas 3% dos estudantes em todo o mundo que fazem aulas sobre tecnologias da informação e comunicação, 5% matemática e cursos de estatística, e 8% cursos de engenharia, manufatura e construção. Essas circunstâncias sugerem que grandes ganhos podem ser alcançados fomentando áreas de STEM em talentos não desenvolvidos.

 

Uma forma poderia ser captando o interesse mais cedo, particularmente no ensino médio. Estudos mostraram que as metas de carreira mudam drasticamente entre o 9º e 11º graus (aproximadamente de 14 a 17 anos) e é o momento mais crítico para ganhar o interesse de um jovem em áreas STEM. Os estudantes com competências STEM são mais propensos a seguir carreiras relacionadas a esses temas e ter mais sucesso na resolução de problemas durante situações desconhecidas.

 

Para apoiar as carreiras e o ensino técnico, há uma disponibilidade crescente de planos de estudo complementários gratuitos, como os oferecidos pelo IBM SkillsBuild for Students, que introduz os alunos adolescentes nas habilidades de trabalho e nas competências em tecnologia necessárias para as funções modernas, até mesmo para aqueles que não consideram uma jornada de educação formal.
 


Alinhar o ensino superior com o setor privado e atrair estudantes mais diversos

Os graduados do ensino médio que escolhem a faculdade como seu próximo destino precisam de exposição contínua a assuntos de STEM. Idealmente, suas aulas poderiam combinar várias disciplinas, ensinando habilidades específicas que se alinham com vagas de emprego reais. A IBM também está contribuindo com programas que apoiam os alunos nesta etapa, para que possam ter acesso a conteúdos e especialistas que aprimorem sua experiência.

 

Da mesma forma, o setor privado precisa se esforçar para ter um melhor alinhamento sobre o caminho contínuo que as pessoas em busca de emprego seguem. Isso significa garantir que seu treinamento foi desenvolvido para atender aos padrões do setor e que as habilidades correspondem aos requisitos de trabalho. As vagas de emprego devem ser escritas de forma que as pessoas que tenham obtido certificações e credenciais possam aplicar e ser selecionadas para entrevistas com base nos treinamentos que obtiveram.

 

O ensino superior também pode repensar como posicionar os estudos em STEM com grupos que talvez não tenham considerado essa disciplina de outra forma. Com um pouco de imaginação, podemos tornar esses cursos mais inclusivos para inspirar futuros profissionais de origens e identidades diversas.


Busca e preparação para as carreiras 2,0: aprendizagem hands-on e melhores opções de credenciais
Para os jovens profissionais ou aspirantes de emprego que estão considerando uma mudança em direção às áreas de STEM, precisamos fornecer não apenas os cursos online para adquirir novas habilidades, mas também recursos que aprimoram a experiência de busca por emprego. Deve haver coordenação entre diversas organizações para proporcionar oportunidades para aqueles que buscam obter credenciais, participar de feiras de trabalho, se beneficiar de mentores, realizar projetos que os ajudem a construir seu portfólio para empregos específicos, além de ganhar uma compreensão mais ampla das tendências de mercados locais. Programas sem custo como o IBM SkillsBuild for Job Seekers reúnem os setores privado e sem fins lucrativos, ajudando a fornecer essas capacidades para que as pessoas estejam prontas para os empregos.

 

Em seguida, à medida que os estudantes se tornam ativamente pessoas em busca de oportunidades, as empresas precisam ser mais flexíveis e de mente aberta quando se trata das credenciais consideradas apropriadas e adequadas para aplicações de emprego, particularmente para vagas de entrada ou habilidades médias. Por exemplo, cerca de 50% das ofertas de trabalho da IBM não requerem títulos universitários de quatro anos.

 

Quanto mais ampliarmos o alcance de iniciativas disponíveis e alavancarmos novas colaborações, poderemos construir um ecossistema mais forte que apoie um número maior de estudantes e oferecer experiências reais de emprego que beneficiem a todos.


Há muito a ganhar

Se somos bem-sucedidos na criação de iniciativas de STEM e preparação de carreiras mais inclusivas, multidisciplinares, criativas e acessíveis, então teremos uma melhor oportunidade de nos adaptamos às grandes mudanças trazidas pelo crescimento da tecnologia em praticamente todos as funções. Neste momento, há uma escassez significativa de talentos que resultaram em muitas posições não preenchidas. Mas, se fecharmos a lacuna de competências, o PIB global poderá aumentar em 11,5 trilhões de dólares até 2028, de acordo com o Fórum Económico Mundial.


Além do sucesso econômico, uma abordagem reimaginada para as habilidades de carreira e preparação provavelmente resultará em funcionários satisfeitos, motivados e talentosos de origens mais diversas que percebem todo o seu potencial, enquanto constroem um mundo melhor.

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