Negócios: marcas devem utilizar logística reversa em 2022
*Sergio de Carvalho Mauricio
As marcas
estão sempre em busca de como agradar seus consumidores e, nos últimos anos, a
sustentabilidade e a preocupação com o meio ambiente têm sido colocados em
pauta. De acordo com um estudo realizado pela Dentsu International e pela
Microsoft Advertising, realizado em 2021, 91% das pessoas querem que as marcas
demonstrem que estão fazendo escolhas positivas sobre o planeta. O levantamento
feito pela Economist Intelligence Unit (EIU), a pedido da WWF, aponta que as
pesquisas na internet por produtos sustentáveis tiveram crescimento de 71% nos
últimos cinco anos.
Quando se trata de logística reversa,
por exemplo, a população está cada vez mais consciente dos problemas ambientais
causados pelo descarte inadequado dos resíduos sólidos e as empresas que
demonstrarem maior compromisso com a implantação de soluções se destacarão em
relação aos concorrentes. É comum que o mercado consumidor favoreça empresas
que atuam de maneira ecológica e que possuem certificação pelos órgãos
fiscalizadores, como é o exemplo do ISO 14000, constituído por uma série de normas
que determinam diretrizes para garantir que a empresa pratique a gestão
ambiental.
Para atender a Lei nº 12.305/10, que
instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), as empresas devem
adequar seus processos produtivos, promovendo maior aproveitamento dos
materiais reinseridos na cadeia produtiva. Para que isso seja possível é
necessário buscar novas tecnologias que permitem a manutenção da qualidade, da
capacidade produtiva e propiciem redução dos custos. A redução no consumo de
matérias-primas virgens também contribui para a redução do consumo energético e
essas vantagens já são consideradas nos estudos para implantação da Indústria
4.0.
Logística Reversa
Esse termo é utilizado desde a década de
1990, quando as empresas passaram a preocupar-se com a utilização dos recursos
naturais e com o retorno de produtos descartados pelos consumidores. A
logística reversa é caracterizada por um conjunto de ações, procedimentos e
infraestrutura destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos
ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos
produtivos. Também é possível proporcionar outra destinação final
ambientalmente adequada, tendo como principal objetivo reinserir os resíduos ou
materiais do pós-consumo em novos ciclos produtivos. Ela representa uma
importante etapa do processo de Economia Circular.
A logística reversa contribui para a
preservação do meio-ambiente, garantindo uma destinação final ambientalmente
adequada aos produtos pós-consumo, evitando que sejam descartados no
meio-ambiente (rios, praias, terrenos abandonados, praças públicas etc.). Dessa
forma, além de evitar contaminações ambientais, tão nocivas à saúde da
população, promove o aumento da vida útil dos aterros sanitários e a redução dos
lixões, reduzindo custos na gestão pública dos resíduos sólidos. Além disso,
contribui para a proteção da saúde pública, redução no consumo de matérias
primas ou recursos não renováveis, além do impacto no pilar social da
sustentabilidade ao promover a geração de empregos através de novas atividades
relacionadas à coleta, transporte e reciclagem dos produtos recebidos e da
revalorização dos resíduos.
Aplicando nos negócios
Há várias entidades gestoras de
logística reversa para diferentes produtos. Na ABREE (Associação Brasileira de
Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos) gerencia-se a logística
reversa de eletroeletrônicos para 53 associadas (fabricantes e importadores).
Para isso, foram implantados mais de 3 mil pontos de recebimento que atendem
mais de 1.200 municípios em todo o território nacional. A partir do recebimento
dos produtos descartados pelos cidadãos, é realizado o transporte, consolidação
dos produtos e feito o encaminhamento para os parceiros, que realizam a
manufatura reversa, permitindo a reinserção dos materiais na cadeia produtiva.
Todo o processo é rastreável e ao final é emitido o certificado de destinação
final.
Os fabricantes devem atuar,
primeiramente divulgando a necessidade do descarte correto dos produtos após o
final da vida útil e adequar seus processos para receber insumos reciclados, o
que muitas vezes requer o investimento em tecnologia e inovação. Por fim, devem
optar entre o processo individual ou coletivo e, nesse caso, precisam buscar a
entidade gestora que poderá auxiliar nessa jornada.
Os prestadores de serviços que fazem
parte dessa cadeia, como transportadores, cooperativas, empresas de manufatura
reversa e muitos outros, são partes interessadas também. Minha recomendação é
que todas essas empresas busquem o trabalho colaborativo com os sistemas de
logística reversa existentes. Com o trabalho conjunto, vamos acelerar a
conscientização e, consequentemente, o descarte correto. O meio ambiente e as
futuras gerações agradecem!
*Sergio de Carvalho Mauricio – Presidente
da ABREE – Associação Brasileira de Reciclagem
de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos
Sobre a ABREE
Fundada em 2011, a ABREE - Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos - é uma entidade gestora sem fins lucrativos, que define e organiza o gerenciamento da implementação do sistema coletivo de logística reversa de produtos eletroeletrônicos e eletrodomésticos, promovendo economia de grande escala. Com 54 associados que representam 183 marcas, a ABREE é responsável pelo gerenciamento através da contratação, fiscalização e auditoria dos serviços prestados por terceiros, além de contribuir com informações para todos os envolvidos da cadeia, responsáveis pela viabilização da logística reversa de eletroeletrônicos e eletrodomésticos no país. Para mais informações, acesse http://abree.org.br/
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