O que mudou na busca pelo líder de RH?
Por Claudia Elisa Soares
Por Claudia Elisa Soares
Os anos passam, e as incertezas no mundo
corporativo parecem só aumentar. E uma pergunta recorrente quase sempre vem à
tona: o que as lideranças enxergam como desafios para os próximos anos?
Embora não seja regra, essas questões
acabam também passando pela área de Recursos Humanos, que tem papel fundamental
na cultura organizacional e, muitas vezes, serve como uma bússola no
direcionamento estratégico.
Há poucos anos não era incomum ouvir do
mercado pedidos de indicação de “executivos de RH, que não fossem de RH”. Isso
acontecia porque as empresas buscavam um líder para a área de Pessoas, mas
queriam um profissional que tivesse transitado por outras áreas como vendas,
finanças ou marketing. Uma liderança que soubesse cuidar dos colaboradores, mas
sem perder de vista o negócio, a estratégia e os resultados.
No entanto, após dois anos de pandemia,
o cenário mudou consideravelmente. O cuidado com a saúde e o bem-estar para o
engajamento e retenção de colaboradores tornou-se crucial para os negócios.
Deste modo, a gestão de RH voltou a ganhar mais destaque, sobretudo, porque uma
forma diferente de relação das lideranças com seus times virou a nova realidade
na era do home office. Ficou evidente a necessidade de maior atenção à
valorização da força de trabalho, diante da sobrecarga, esgotamento físico e
estresse que impactaram as equipes.
Desta forma, o líder de RH que entende
mesmo de pessoas passou a ser mais considerado na “estratégia” que as empresas
passaram a adotar.
Os desafios para 2022
Uma pesquisa recente da Gartner que
ouviu 500 líderes de RH, em 60 países, aponta que as prioridades para 2022 são:
desenvolvimento de habilidades e competências críticas (59%); modelo
organizacional e de gestão (48%); cultura organizacional (45%); futuro do
trabalho (42%); e diversidade, equidade e inclusão (35%).
Neste sentido, o papel do RH na vida das
pessoas vai além das questões relacionadas à saúde mental e bem-estar. As
lideranças desta área devem ser capazes de lidar com todos esses desafios
citados no levantamento.
Com essa mudança de cenário, é
importante frisar três lições que a pandemia deixou para o executivo da área de
Pessoas:
- Valorizar
a si mesmo e a sua área
É verdade que algumas empresas tiveram
que passar por uma delicada experiência de isolamento social para valorizar
mais a área de RH, mas não precisa ser sempre assim. A pandemia mostrou que o
mercado pode mudar a visão se perceber o quão estratégico é investir em
pessoas. E a responsabilidade de alterar essa percepção é dos profissionais da
área. Não fique apenas lamentando que “a empresa não prioriza o tema ‘gente’
nas discussões de negócio”. Olhe para si mesmo como um executivo de RH,
enxergue valor no que faz e, assim, terá confiança para influenciar o ambiente
e provocar transformações.
Olhe para si mesmo como um executivo de
RH, enxergue valor no que faz e, assim, terá confiança para influenciar o
ambiente e provocar transformações.
- Buscar
conhecimentos transversais ao RH
Conhecer de “gente” é uma das tarefas
mais complexas para um líder, mesmo aqueles que construíram longa carreira em
RH. Isso porque esse é um conhecimento móvel: as pessoas e as culturas estão
sempre se transformando, como vimos de forma tão nítida na pandemia. Isso exige
dos executivos da área um conhecimento amplo, que vai além dos temas
intrínsecos ao RH. É preciso saber de gestão de talentos, estratégia de
remuneração e gestão de folhas e benefícios? Sim, isso não muda. Mas também de
saúde mental e neurociência, de conflito de gerações (baby boomers, X, Y,Z), de
viés cognitivo e impacto na tomada de decisão, de dinâmica de grupos e
construção de cultura colaborativa.
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- Procurar
experiências multifuncionais
A experiência com os temas de RH foi
essencial para os executivos da área durante o período de isolamento social.
Mas isso não quer dizer que esses líderes devem fechar sua bagagem para outras
vivências. Pelo contrário, as mudanças de mundo, como a que vivemos com a
pandemia, exigem dos gestores visões mais amplas dos cenários e habilidades
diversas para lidar com as transformações.
É essencial que o executivo de RH se
coloque em experiências que vão além do tema Pessoas, entendendo de outras
áreas como Marketing, Finanças, Logística, Vendas. Essa experiência
multifuncional confere ao profissional uma característica de versatilidade e
legitimidade, permitindo-lhe falar das áreas não como alguém que sabe, mas como
alguém que viveu de fato a experiência.
Claudia Elisa Soares tem mais de 30 anos de experiência profissional. Atualmente é Conselheira Empresarial no IBGC, Even, Tupy SA, Grupo Roldão Atacadista, Grupo Cassol, Bernoulli e Gouvêa Ecosystem, liderando Comitês de Estratégia & Inovação e de Pessoas. Atua também como Advisor e Mentora de Scale-ups, Empreendedores e Executivos. Formada em administração de empresas, com MBA no INSEAD, fez cursos de extensão e aperfeiçoamento em Harvard, INSEAD, MIT, IBGC, FIA, Tavistock Institute, MindValley, entre outros. Também foi C-level em Finanças, Gestão da Qualidade Total, RH, Marketing, Planejamento Estratégico, M&A e Desenvolvimento de Novos Negócios, em empresas como FNAC, GPA, Via Varejo, AMBEV, Votorantim Cimentos, EMS, e outras.
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