Programa voluntário da FCMSCSP leva assistência em saúde a centenas em Atibaia
A partir desta quinta-feira (20), inicia-se mais uma edição do Programa de Expedições Científicas e Assistenciais (PECA). Pelo segundo ano consecutivo, o município de Atibaia, distante 60 quilômetros de São Paulo, receberá alunos e professores da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP), na ação voluntária que mistura prestação de serviços na área de saúde à comunidade, formação prática dos alunos dos cinco cursos de graduação e apoio ao desenvolvimento e à melhoria das políticas locais do Sistema Único de Saúde (SUS) por meio de cursos e treinamentos em temas pontuais e relevantes para o município. A 17ª edição do PECA é desenvolvida em parceria com a Secretaria da Saúde da Prefeitura de Atibaia.
Até o dia 25 de janeiro haverá atendimento a cerca de 600 pessoas em cerca de mil atendimentos em 24 especialidades como Clínica Médica, Dermatologia, Endocrinologia, Farmácia, Fisiatria, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Geriatria, Ginecologia e Obstetrícia, Hebiatria, Neurologia, Nutrição, Odontologia, Oftalmologia, Ortopedia, Otorrinolaringologia, Pediatria, Psicologia, Psiquiatria, Radiologia, Saúde da Família, Serviço Social, Terapia Ocupacional e Urologia. Os atendimentos serão realizados no Centro Integrado de Educação Municipal (CIEM 2), que está localizado na Rua Industrial Walter Kloth, s/n, bairro Jardim Imperial.
Essa é a segunda vez que o PECA estará em Atibaia. A primeira ação aconteceu no mês de janeiro de 2020, quando foram realizados mais de 640 atendimentos e duas mil consultas em 15 especialidades médicas. A proposta era que o projeto retornasse ao município em 2021, contudo, por conta do início da pandemia de covid-19, a agenda foi suspensa e retomada esse ano. Nesta edição, optou-se priorizar o acesso aos serviços de saúde aos moradores da comunidade dos condomínios Jerônimo de Camargo (1, 2, 3, 4 e 5), localizados no bairro Caetetuba, por se tratar de população com maior necessidade de assistência e pela região estar em fase de estruturação dos serviços de saúde. "O município irá priorizar quem está precisando de atendimento emergencial", revela a professora do curso de Fonoaudiologia e coordenadora de Extensão da FCMSCSP, Adriana Limongeli Gurgueira. "Alguns casos serão encaminhados pela equipe de saúde da família, que podem ser situações mais graves ou com longa espera de atendimento." Além do atendimento estar disponível a todos os interessados, os agentes comunitários de saúde estão realizando visitas porta a porta na busca ativa de pacientes. O último dia do PECA, 25, será destinado aos retornos, que também acontecerão no CIEM 2.
Trabalho voluntário da comunidade da FCMSCSP envolverá ao menos 70 profissionais e 255 alunos
O trabalho, realizado por 255 alunos da FCMSCSP dos cursos de Medicina, Enfermagem e Fonoaudiologia, inicia-se diariamente às 8h, com encerramento às 17h. A triagem acontece na primeira etapa do atendimento, responsabilidade dos 70 alunos dos segundo e terceiro anos do curso de Medicina. Após, será realizada a anamnese, entrevista para conhecer a situação de saúde do paciente, a partir da qual é dada a sequência do atendimento que poderá incluir exame físico, clínica médica, clínica pediátrica, especialidades médicas — como Odontologia, Farmácia e Nutrição, entre outras áreas da saúde — e demais serviços, retornos, exames, pós-consulta e fechamento de prontuário. Durante o atendimento, independentemente de quantas consultas, exames ou procedimentos sejam necessários, os pacientes serão acompanhados por um aluno em tempo integral enquanto estiverem no local onde ocorrerá o PECA. “O aluno acompanha todo o trajeto daquele paciente na assistência, o que inclui o retorno. Com isso, a ideia é que a demanda assistencial seja resolvida ali mesmo ou, em caso de necessidade, que o paciente seja encaminhado para outros serviços especializados dentro da rede do SUS do próprio município ou onde for viabilizado o atendimento”, informa Adriana.
Mais que assistência, PECA auxilia no processo de educação em saúde
Além do atendimento humanizado, Adriana destaca como outro diferencial do PECA a possibilidade da assistência ser realizada de modo completo na maioria dos casos. "Geralmente, o público atendido são pessoas desassistidas porque não têm informação, ou, em alguns casos, contam com pouca estrutura de saúde à disposição", disse. "É oferecida assistência que permite que os pacientes recebam atendimento todo no mesmo dia ou de um dia para o outro, como se fosse um checkup geral. É feita uma anamnese extensa, tudo no mesmo local, em questão de horas."
Para ela, o projeto também auxilia na mudança da cultura de que só se vai ao médico quando realmente se está doente. "É importante que os pacientes compreendam que a porta de entrada do SUS é a unidade básica de saúde, e que é possível fazer o acompanhamento sem necessariamente acessar direto o pronto-socorro", considera. "O programa de saúde da família é sensacional pelo fato de o médico e a equipe de saúde da família estarem próximos da população, então haverá menos adoecimento, e é isso que o SUS quer. O projeto acaba trazendo também um pouco disso para as pessoas."
Acolhimento humanizado e empatia com o paciente são marcas do PECA
O PECA existe para auxiliar comunidades no enfrentamento de problemas de saúde pública, reduzindo o tempo de espera por atendimento ou ampliando o acesso de populações vulneráveis, oferecendo uma rede efetiva de apoio. "O diferencial do programa é a forma com que a gente acolhe essas pessoas: trabalhamos para receber os pacientes e tratá-los da melhor forma possível", destaca o diretor de Mídias do PECA, Daniel Tridapalli Anzai, aluno do 4º ano do curso de Medicina da FCMSCSP. "Encontramos muitos relatos de pessoas que dizem nunca terem sido escutadas. Uma das características mais marcantes do PECA é o envolvimento que temos com o paciente, a gente se compromete muito em ouvi-lo: eles falam que foram os melhores atendimentos que já tiveram na vida."
Esta será a segunda vez que Anzai participa do programa. Para ele, é fundamental que o aluno perceba, desde o início de sua formação, que o trabalho humanizado é importante na vida do paciente. "A Faculdade prepara bem a gente para esse trabalho humanizado, o que não prepara é a vida. Com o feedback do paciente, a gente começa a ter essa mudança de visão, do que é necessário e do que precisa ser mudado", disse. "É necessário que busquemos atendimento mais atencioso, que o paciente seja mais ouvido, com mais tempo e calma. Esse é um diferencial na formação dos estudantes que pode moldar um futuro profissional."
Crédito: Divulgação FCMSCSP
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