Bullying no condomínio
Jose Roberto Iampolsky*
Hoje os prédios no Estado de São Paulo
formam mais de 57 mil condomínios). Nos últimos anos, somente na capital, foram
entregues mil novos empreendimentos, alcançando um montante superior a 25 mil
edifícios, concluindo-se que as pessoas estão cada vez mais morando em
apartamentos. Assim, embora os arranha-céus vêm dominando a paisagem paulistana
de forma rápida , o avanço da verticalização da cidade não é algo tão antigo
assim.
Estamos em uma terceira geração de
pessoas que moram em prédios. Há adultos com 50 anos que nunca moraram em
casas, já nasceram em condomínios. Os jovens de hoje que saem das casas de seus
pais praticamente não têm outra opção a não ser morar em prédios.
A busca por segurança, oferta de lazer
como piscinas e academia de ginástica, e tantos outros argumentos também
justificam este comportamento da sociedade que hoje vive em prédios.
Mas viver em condomínio é como estar em
um colégio 24 horas por dia, todos os dias da semana. Existem normas e regras
que precisam ser cumpridas para poder estabelecer a boa convivência entre
pessoas diferentes e o cuidado do bem comum.
Fácil? Nem um pouco. A vida nessas
comunidades composta em andares é mais complexa a cada dia. Todos os
condomínios têm normas e regras parecidas para controlar o barulho excessivo, o
uso das áreas comuns, a permissão ou não de entregas em domicílio nos andares,
e todos enfrentam os mesmos problemas já denominados como os os 5 Cs: cano,
carro, criança, cachorro e calote.
Como já não bastassem os problemas
corriqueiros, outros, com efeitos psicológicos um pouco maiores, têm abalado a
vida em condomínio, como a intolerância. “Os moradores têm de respeitar as
regras, mas também têm de fazer uso de valores como a tolerância, transigência,
consideração e respeito”, diz Marcelo Borges, advogado.
Condôminos clientes da Paris Condomínios
enviaram diferentes tipos de casos em que a intolerância foi destacada. Em
comum, a reclamação de vizinhos sobre barulho em ocasiões especiais como
aniversários, casamento de um filho, ou outras comemorações. “São situações
esporádicas, em que a compreensão e o diálogo entre os vizinhos têm de
prevalecer”, ensina Borges.
Vale destacar aqui que, segundo o
advogado, se o barulho, por exemplo, incomoda só um morador, a questão deve ser
resolvida entre eles, não podendo assim a administradora interferir. “O síndico
pode ser um mediador, para minimizar o conflito, mas a administradora não pode
sair multando ou dando advertência sem ouvir todos os lados e com uma
reclamação formal do síndico”, explica.
Outro caso, bem interessante, é de um
condômino da Paris Condomínios que diz estar sofrendo bullying em seu
condomínio. Ele, que mora na cobertura, sofre reclamações constantes de sua vizinha
do andar de baixo, pelo barulho da descarga ou por ouvir seus passos (situações
corriqueiras em apartamentos com, cada vez mais, acústica de menos). “O pior é
que ela sai me difamando para cada morador que muda para o prédio, falando que
eu sou o condômino problema e, então, quando entro no elevador, as pessoas já
olham feio para mim”, conta o leitor que pediu anonimato.
O departamento jurídico da Paris
Condomínios diz que casos de bullying em condomínios ainda não representam uma
“epidemia”, com o aumento do número dos processos no judiciário, mas que sempre
existiu. “Normalmente são pessoas com problemas patológicos que não conseguem
conviver com ninguém que logo recebem apelidos dos outros moradores”, explica.
Quem não se lembra da Bruxa do 71, do seriado Chaves?
Em tempos de sentimentos “a flor da
pele”, o ideal é promover a tolerância, a harmonia, o respeito, a paz e o
diálogo nos condomínios. Hoje, ferramentas disponíveis no site da Paris
Condomínios facilitam muito as conversas, os entendimentos e evitam que casos
tão simples ganhem estâncias jurídicas. É sempre bom lembrar que, às vezes, nem
a pessoa tem conhecimento de que está perturbando.
* Jose R. Iampolsky é CEO da Paris Condomínios, empresa criada em 1945 para administrar condomínios e alugueis. www.pariscondominios.com.br
Nenhum comentário