Cooperativismo pode ser molde para desenvolvimento de ESG em empresas
Modelo de cooperação tem em seus pilares a
preocupação social e ambiental e há décadas mostra caminho para desenvolvimento
das comunidades
Carlos Massini - Presidente CICOM
É cada vez mais comum a presença da
sigla ESG no cotidiano do mundo corporativo. Muito mais do que conferir um
"status" a uma companhia, esse fato evidência uma preocupação
crescente com aspectos ambientais e valorização do indivíduo nas relações de
trabalho. Seu significado, Environmental, Social and Governance (em português,
Ambiental, Social e Governança) é aplicado como forma de promover a
sustentabilidade e ampliar a consciência das empresas sobre os impactos de suas
ações na sociedade – e de como agir em relação a eles.
Além disso, a adoção de padrões que
seguem o ESG mostra a capacidade da organização em termos de solidez, redução
de custos, resiliência e reputação. Relatório da consultoria PwC prevê que
quase 60% dos ativos mútuos europeus estarão, até 2025, em fundos que seguem os
critérios ESG, num volume que deve atingir US$ 8,9 trilhões (aproximadamente R$
46,8 trilhões). A B3, bolsa de valores brasileira, tem entre as companhias que
fazem parte de seu Índice de Sustentabilidade Empresarial 83% de empresas que
carregam o ESG em seus planejamentos, objetivos e resultados.
Essa perspectiva já faz parte da
realidade das cooperativas desde a sua gênese. O modelo de negócio
cooperativista está comprometido em sua origem e por meio de seus princípios
com a promoção de um desenvolvimento alicerçado por bases sustentáveis que
promovem o equilíbrio entre gestão social e econômica. Seu foco está orientado
às pessoas (e não ao capital), na promoção de melhores condições de vida e renda
aos seus associados e na valorização do meio ambiente, bem como no
desenvolvimento local das comunidades às quais estão inseridas.
Em um momento em que a sociedade dá
sinais de recuperação em relação aos efeitos da pandemia de covid-19, a
retomada econômica tem tomado rumos alinhados aos princípios do cooperativismo,
pautados pela governança, equidade, inclusão socioeconômica, responsabilidade
social, sustentabilidade e fortalecimento da intercooperação. Ou seja, o modelo
de atuação espelha o conceito ESG e tem sido base para o estabelecimento de um
"novo normal" em termos econômicos, sociais e ambientais.
Um estudo feito pela Organização das
Cooperativas Brasileiras (OCB) indica que os Índices de Desenvolvimento Humano
(IDH) dos municípios do País que possuem cooperativas são maiores que os
daqueles que não contam com esse tipo de empreendimento. E um dos ramos que
mais mostra evolução é o habitacional, que tem o poder de reduzir o déficit
habitacional por meio da construção de moradias de forma coletiva e com custos
reduzidos.
Segundo Carlos Massini, presidente da
CICOM, as cooperativas habitacionais oferecem uma solução acessível para a
aquisição de imóveis, prezando pela qualidade e boa localização dos
empreendimentos e o bem-estar dos cooperados: “O cooperativismo habitacional
ganha cada vez mais a confiança da população. É um modelo de aquisição em que a
população pode se beneficiar econômica e socialmente, já que o imóvel possui
preço acessível, permitindo que as famílias realizem o sonho de ter um espaço
próprio com excelentes qualidade e estrutura a um valor justo”, explica.
O modelo de atuação cooperativista não
tem como objetivo o lucro, mas sim a finalidade pela qual a organização foi
formada. No caso das habitacionais, o foco é a construção de moradias, o que
resulta em redução dos custos de construção e formas de pagamento mais
acessíveis.
“As cooperativas habitacionais oferecem
opções de pagamento direto e soluções para quem não consegue contratar um
financiamento convencional, que comprometeria a renda de famílias de menor
poder aquisitivo e afetaria sua capacidade de arcar com alimentação, saúde e
outros gastos fundamentais”, indica Massini.
Como explica o presidente da CICOM, o
cooperativismo e, em especial, o ramo habitacional, promove melhorias que
afetam toda a sociedade: “O interesse social é um dos pilares do
cooperativismo. Ao dividir resultados e operar com custos mais justos, essas
instituições geram valor diferencial à renda produzida em cada localidade e,
com isso, desenvolvem um ciclo virtuoso de crescimento”.
A adoção do ESG é uma tendência que se
firma e tem começado a estabelecer novos padrões empresariais e sociais de
desenvolvimento, tornando-se requisito para a sobrevivência e competitividade
das instituições. O cooperativismo, portanto, pelas suas características
intrínsecas, tem se mostrado como o sistema mais adequado às novas necessidades
sociais e ambientais e vislumbra crescimento e longevidade por conta de seu
caráter sustentável e focado no coletivo.
Sobre a CICOM
A CICOM Cooperativa Habitacional nasceu do sonho de transformar um objetivo em realidade: ajudar a reduzir o déficit habitacional do País, reconhecendo que todos podemos ser ferramentas poderosas para a solução e atendimento de uma causa. Moradia é um direito de todo cidadão, por isso, a CICOM desenvolve projetos voltados à área de habitação sob dois processos: a construção de empreendimentos imobiliários através do cooperativismo e a adequação de moradias em estado irregular a partir da regularização fundiária. Na CICOM os objetivos são comuns a cada comunidade atendida, e a responsabilidade é compartilhada, solidária e colaborativa.
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