Cremesp se reúne com Sociedades de Especialidades Médicas para discutir ações em defesa ao Ato Médico
Evento contou com a participação de 16
entidades
A realização de procedimentos restritos
aos médicos por profissionais de outras áreas é um problema que vem sendo
duramente combatido pela atual gestão do Cremesp, que, visando ampliar e
intensificar suas ações, promoveu debate com diversas Sociedades de
Especialidades Médicas, nesta quarta-feira (16). O evento foi encabeçado pela
Comissão de Defesa do Ato Médico do Conselho, composta por diretores,
conselheiros e funcionários da autarquia.
A mesa de abertura contou com a participação da presidente do Cremesp, Irene
Abramovich; do 1° secretário, Angelo Vattimo; da 2ª secretária e presidente da
Comissão de Defesa do Ato Médico, Maria Camila Lunardi; do chefe da Assessoria
de Comunicação, Marcos Michelini, representando o coordenador Interino da
seção, Wagmar Barbosa de Souza, e do gerente do Departamento Jurídico, Carlos
Michaelis.
Na ocasião, 16 entidades marcaram presença: Associação Brasileira de
Nutrologia; Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia
Cérvico-Facial; Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São
Paulo-SOGESP; Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem –
Nacional; Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura; Colégio Médico de Acupuntura
do Estado de São Paulo; Conselho Brasileiro de Oftalmologia; Sociedade
Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço; Sociedade Brasileira de Cirurgia
Plástica de São Paulo – Nacional; Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica de
São Paulo – Regional de São Paulo; Sociedade Brasileira de Cirurgia Vascular –
Regional São Paulo; Sociedade Brasileira de Cirurgia Vascular – Nacional;
Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional São Paulo; Sociedade Brasileira
de Dermatologia – Nacional; Sociedade Brasileira de Endocrinologia e
Metabologia – Regional São Paulo e Sociedade Brasileira de Medicina do
Exercício e do Esporte.
Defesa da Medicina
Irene deu início ao evento elogiando o trabalho da Comissão de Defesa do Ato
Médico e destacando que a invasão da Medicina é uma grande preocupação do
Conselho, uma vez que coloca em cheque a saúde e segurança da população. “O
grande problema da execução de procedimentos médicos por profissionais de
outras áreas, sem a devida habilitação, são os riscos que esta prática
representa para os pacientes. No final, cabe ao médico corrigir os erros e
tratar as complicações”, afirma.
Em seguida, Angelo enfatizou que esta é uma batalha que o Cremesp não
conseguirá vencer sozinho, mesmo utilizando de toda sua representatividade para
defender o Ato Médico — algo que tem sido feito com recorrência pela atual
gestão — e, por isso, a participação das Sociedades se faz imprescindível. Em
paralelo, Vattimo relembrou a atuação do Conselho no emblemático caso do
dentista M.B, que prescrevia e promovia cursos de modulação hormonal para “cura”
do câncer, até ser proibido e preso pela Justiça. “Os demais Conselhos são
culpados pelo que está acontecendo, pois publicam Resoluções infralegais que
acabam criando confusão e viabilizando a atuação de seus profissionais na
Medicina”, destacou, garantindo que as ações da autarquia serão intensificadas
com a ajuda das entidades pois, só assim, vencerão esta batalha.
Já Maria Camila relembrou o Fórum sobre Impactos e Complicações em
Procedimentos Estéticos, promovido pelo Cremesp em agosto de 2021, que também
contou com a participação das Sociedades de Especialidades e consolidou-se como
o pontapé inicial para a discussão sobre as diversas complicações decorrentes
da atuação na Medicina por profissionais sem habilitação, além de ter resultado
na criação da Comissão de Defesa do Ato Médico. Outro ponto ressaltado pela 2ª
secretária foi em relação à publicidade feita por estes profissionais, com aval
de seus respectivos Conselhos de classe. “Muitos destes profissionais publicam,
por exemplo, fotos de “antes e depois”, algo que os médicos, por Lei, não podem
fazer. Isso gera uma concorrência desleal e demonstra que os pacientes são
vistos como um mero ‘produto’, o que é inadmissível”, finaliza.
As principais ações da Assessoria de Comunicação do Cremesp foram elencadas por
Marcos durante a reunião. Michelini resgatou as diversas matérias veiculadas
pela imprensa sobre a atuação do Conselho na defesa do Ato Médico, que
chegaram, inclusive, até o site Consultor Jurídico (CONJUR) — um dos principais
veículos nacional de informação sobre Direito e Justiça — e expôs a repercussão
que as mesmas tiveram nas redes sociais da autarquia. Corroborando a fala de
Vattimo, também afirmou que deve haver união entre o Conselho e as Sociedades,
sobretudo para elaboração de campanhas de conscientização da sociedade sobre os
riscos da invasão das prerrogativas médicas.
Finalizando a mesa de abertura, Michaelis falou sobre o ineditismo do trabalho
feito pelo Departamento Jurídico da autarquia e assegurou que o objetivo da
Comissão de Defesa do Ato Médico é reverter as inúmeras denúncias que chegam ao
Conselho em propostas judiciais e institucionais, relativas não só à invasão da
Medicina, mas também à promoção de cursos de pós-graduação de curto prazo,
utilizados por muitos profissionais como subsídio para se auto intitularem
“especialistas”. “Continuaremos envidando todos os esforços em prol da classe
médica e da defesa da Medicina, agora congregando, também, as Sociedades
Médicas. Diante de todo este trabalho, no que diz respeito ao Ato Médico, o
horizonte é positivo”, afirmou.
Próximos passos
No encontro, os presidentes e representantes das Sociedades presentes relataram
seus principais problemas e preocupações em relação à realização de
procedimentos médicos por outros profissionais, e deram sugestões de como
realizar um trabalho em conjunto com o Cremesp.
Campanhas informativas e de conscientização da sociedade sobre os riscos da
atuação de não médicos; intensificação do uso das redes sociais para discutir
temas como as formas legais de obtenção do título de especialista e os
problemas de cursos de curto prazo de pós-graduação; orientações sobre como formalizar
denúncias e elaboração conjunta de ações judiciais, com apoio de órgãos como o
Ministério Público de São Paulo, foram alguns dos pontos discutidos que
nortearão os próximos passos do Conselho, junto às Sociedades de
Especialidades.
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