Desemprego cai, mas qualificação profissional ainda é gargalo na indústria
Gestores investem em treinamento para cobrir deficiência de mão de obra qualificada no mercado
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Apesar do mercado de trabalho demonstrar recuperação - com redução da taxa de desemprego para 11,2% em janeiro, segundo o IBGE -, as indústrias ainda têm dificuldades de encontrar mão de obra para algumas áreas. A saída encontrada passa por investimentos das empresas em cursos de formação e capacitação dos seus colaboradores para atender às demandas das áreas.
Segundo pesquisa recente da Confederação Nacional da Indústria, cinco em cada dez indústrias brasileiras enfrentam a falta de trabalhador qualificado e 85% das empresas realizam capacitação na própria empresa. Já 42% oferecem algum tipo de treinamento fora da empresa.
A Farmax, indústria de cosméticos e higiene pessoal, que fica em Divinópolis, está lançando a Academia Farmax, com possibilidade, inclusive, de cursos virtuais, para garantir oportunidade de desenvolvimento em qualquer lugar onde o colaborador estiver. “A Farmax aposta fortemente em programas internos de capacitação. É uma estratégia para formar o profissional com o perfil da empresa. Queremos que as pessoas aprendam cada vez mais e alcancem o máximo do seu potencial”, avalia a diretora de Gente e Gestão da empresa, Renata Horta.
Conforme a executiva, em média, para um cargo operacional de entrada, preenchido por um profissional que ainda não possui experiência e não conhece os processos da área, o treinamento demora em torno de seis meses. “Para cargos estratégicos, a curva de aprendizado depende de experiências prévias, podendo variar de seis a 12 meses para performance máxima”, observou.
Renata Horta explica que as vagas mais difíceis de serem preenchidas são as de Tecnologia da Informação (TI). ”A Pandemia permitiu que alguns profissionais passassem a trabalhar em qualquer localidade, o que ampliou a empregabilidade para alguns. O mercado está muito aquecido para esses profissionais, mas também encontramos dificuldade em contratar mão de obra que exige algum tipo de escolaridade”, diz. Atualmente com 44 vagas em aberto, a empresa ainda pretende abrir outros 100 postos de trabalho até o fim do ano.
Outra empresa que vem investindo em treinamento de pessoal para cobrir a deficiência de profissionais que já tenham expertise é a Amapá, uma das maiores fabricantes de gôndolas do país, com sede em Cláudio. “Precisamos fazer essa virada de chave na mentalidade de muitos funcionários. Por isso, cursos ajudam a desconstruir uma imagem pré-construída que levam o trabalhador a ter resistência em avançar com a qualificação e se atualizar no mercado”, diz Gabriela Vaz Gonçalves, gerente de Recursos Humanos da empresa.
Ela confirma a dificuldade em encontrar mão de obra técnica, principalmente ferramenteiro, serralheiro e operário de máquina automática, além de profissionais com formação nas áreas mecânica e elétrica. Para se ter idéia, das 60 vagas oferecidas pela Amapá, no início do ano, 25 ainda não foram preenchidas.
“Jovens que possuem mais familiaridade com maquinário automatizado não possuem interesse em atuar no chão de fábrica. Enquanto os adultos que possuem interesse em trabalhar no chão de fábrica acreditam que não seja necessário se capacitar, optando por ficar em maquinário não tão automatizado. Esse é um desafio que temos e sobre o qual trabalhamos para desenvolver as pessoas”, conclui.
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