O que você precisa saber sobre endometriose intestinal
Especialista alerta sobre a importância de
informar o público adolescente sobre os sintomas da doença
São Paulo, março de 2022 - A endometriose acontece quando o
tecido endometrial, normalmente localizado na camada interna do útero e que
descama mensalmente através da menstruação, se encontra em outros tecidos além
da cavidade uterina para fora do útero. E o que acontece quando o endométrio
está localizado em um órgão como o intestino?
O ginecologista e obstetra, Dr. Marcos
Tcherniakovsky, que é diretor de comunicação da Sociedade Brasileira de
Endometriose (SBE), responde que além dos sintomas clássicos, podem surgir
alterações dos hábitos intestinais.
"Em casos mais graves, a
endometriose pode causar lesões na parede do intestino, já que o endométrio que
se implanta no intestino, principalmente na região do retossigmoide, vai
comprometendo cada vez mais essas camadas, podendo causar graves
problemas", explica o médico.
A endometriose é um assunto que gera
muitas dúvidas nas pacientes, o que colabora com a dificuldade de um
diagnóstico assertivo. Hoje, no mundo, o diagnóstico para a condição costuma
levar em média sete anos, considerando o tempo decorrido dos primeiros
sintomas. Porém, o médico pontua que os sintomas relatados pelas pacientes não
podem ser ignorados e são extremamente importantes para que a endometriose seja
identificada.
"Aquelas que têm uma dor menstrual
muito intensa, ou no decorrer delas começa a perceber que tem dor cada vez mais
intensa, impossibilitando muitas vezes de exercer as suas atividades diárias
normais, requerem uma atenção maior no intuito de pesquisar a presença da
endometriose. No caso das adolescentes, muito cuidado porque elas podem ter
maior propensão, em sua fase adulta, de desenvolver manifestações mais graves,
como a endometriose intestinal. O que já sabemos é que quanto mais longo for
essa queixa da paciente e quanto mais ela menstruar, pode haver progressão da
doença e aí a manifestação da endometriose intestinal passa a ser mais
frequente, porque essa reação inflamatória vai começando a acometer cada vez
mais outros órgãos, sendo o intestino um órgão comum dentro desse
comprometimento", conta Tcherniakovsky.
Embora a endometriose não tenha cura,
existe tratamento e controle.
"Em geral, existem duas abordagens:
o tratamento clínico, baseado em medicações para melhorar a dor, brecar o ciclo
menstrual e uma indicação cirúrgica. Vale lembrar que o tratamento vai depender
de uma avaliação individual, já que existem casos em que a cirurgia está mais
indicada e outros que o tratamento clínico é suficiente", explica.
Mesmo que a endometriose tenha suas
particularidades, quanto mais cedo houver a desconfiança, quanto mais falado e
debatido este assunto, maiores são as chances de um diagnóstico precoce e por
consequência evitarmos alterações na qualidade de vida e fertilidade.
Dr. Marcos Tcherniakovsky – Ginecologista e Obstetra – Alto
conhecimento em Endometriose e Vídeo-endoscopia Ginecológica (Histeroscopia e
Laparoscopia). É Diretor de Comunicação da Sociedade Brasileira de Endometriose.
Médico Responsável pelo Setor de Vídeo-endoscopia Ginecológica e Endometriose
da Faculdade de Medicina da Fundação do ABC. Membro da comissão de
especialidades na área de Endometriose pela Federação Brasileira de Ginecologia
e Obstetrícia (FEBRASGO). Médico Responsável da Clínica Ginelife.
Instagram: @dr.marcostcher
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