Resignação aumenta entre os brasileiros
O Brasil está sendo afetado pelo
fenômeno da grande renúncia ou grande resignação. Segundo números oficiais, o
Brasil fechou o ano de 2021 com 12% de desemprego. O índice é bem maior que dos
Estados Unidos, que encerrou o ano com cerca de 4% da população sem emprego
formal. Mas há pelo menos um dado que aproxima os dois países e tem intrigado
especialistas no assunto: mesmo em plena crise econômica, nunca tantas pessoas
pediram demissão de seus empregos.
A verdade é que a grande fundamentação
para tantos abandonos é o alto nível de insatisfação com o clima
organizacional, estrutura, relacionamento e elementos de pressão que fizeram as
pessoas no período pandemia e pós-pandemia pensar e reavaliar os valores e suas
práticas cotidianas, dando importância a questões essenciais como família,
filhos e até mesmo tempo para redescobrir as necessidades de praticar
atividades físicas. Do outro lado, estão associadas tarefas com alto índice de
exaustão, jornadas prolongadas e salários cada vez mais arrochados, além dos
índices de burnout crescentes, como fatores decisivos para a mudança de
postura.
Segundo dados do Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados (CAGED), homens, que representam quase 60% dos
trabalhadores com carteira assinada do país, foram mais ativos nos pedidos de
demissão do que mulheres. No caso delas, o pedido de demissão se dá pela
necessidade de cuidar dos filhos.
Os tempos mudaram e o comportamento
obedece a uma nova lógica: não se permite mais trabalhar sem saber o porquê ou
para quem, e isso não está entre as prioridades das gerações contemporâneas,
tendo em vista que hoje ocupam a principal força de trabalho na maioria das
empresas, seja nos cargos mais operacionais até as posições de gerência ou
executivas. A forma de se relacionar com o trabalho mudou e o salário,
estabilidade e título de cargo não são por si só apenas meros atrativos. Se não
houver formas de conciliar rotina, hábitos saudáveis e equilíbrio mental, as
empresas continuarão perdendo sua força de trabalho para algo que é
indiscutível nesta incansável busca: prazer, bem-estar e satisfação
pessoal.
Nesse sentido, algumas questões são
essenciais para a retenção de talentos nas empresas, como, por exemplo, manter
um clima organizacional positivo, estabelecer relacionamentos abertos e
transparentes, dar e receber feedbacks com regularidade, apostar no plano de
carreira, investir em treinamentos, ofertar meios alternativos e flexíveis de
prestação de serviços, fortalecer a cultura de qualidade de vida no trabalho,
estabelecer uma política clara de remuneração com base em perspectivas reais de
crescimento e uma cesta de benefícios compatíveis com o mercado e com a prática
dos concorrentes.
Em síntese, no cenário pós pandemia,
surgem como força de atratividade os benefícios flexíveis, como as iniciativas
das empresas que apoiam diretamente na compra de casa ou carro, no cuidado da
saúde física e mental, na construção do plano de previdência, entre outros. Ou
seja, procuram vantagens que se ajustem às próprias demandas e necessidades,
sem afastar a possibilidade de conseguir os já conhecidos benefícios
tradicionais. O que está em jogo é definitivamente o bem-estar do empregado e
as condições que sua força de trabalho pode proporcionar segurança a seus
familiares, entregando assim mais que salários.
Nesse cenário, as estatísticas indicam
que cerca de 94,2% dos profissionais com carteira assinada querem continuar
trabalhando remotamente, e a oferta de atividades em home office, para cerca de
96,7%, é considerado como benefício e diferencial na hora de escolher a empresa
onde desejam trabalhar, sendo então um fator importante e decisivo.
Por Gustavo Rodrigues de Oliveira.
Doutor em Políticas Públicas, coordenador do Curso de Administração de Empresas
da Faculdade Santa Marcelina e docente nos cursos de Medicina e Administração
de Empresas da mesma instituição.
Sobre a Faculdade Santa
Marcelina
A Faculdade Santa Marcelina é uma instituição mantida pela Associação Santa Marcelina – ASM, fundada em 1º de janeiro de 1915 como entidade filantrópica. Desde o início, os princípios de orientação, formação e educação da juventude foram os alicerces do trabalho das Irmãs Marcelinas. Em São Paulo, as unidades de ensino superior iniciaram seus trabalhos nos bairros de Perdizes, em 1929, e Itaquera, em 1999. Para os estudantes é oferecida toda a infraestrutura necessária para o desenvolvimento intelectual e social, formando profissionais em cursos de Graduação e Pós-Graduação (Lato Sensu). Na unidade Perdizes os cursos oferecidos são: Música, Licenciatura em Música, Artes Visuais, Licenciatura em Artes Plásticas e Moda. Já na unidade Itaquera são oferecidas graduações em Administração, Ciências Contábeis, Enfermagem, Fisioterapia, Medicina, Nutrição, Tecnologia em Radiologia e Tecnologia em Estética e Cosmética.
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