Soluções de integração podem destravar US$ 28 bilhões nos ecossistemas de blockchains, aponta pesquisa
A integração entre os ecossistemas de
blockchain desbloqueia a inovação, aumenta a segurança e velocidade de rede,
traz custos de transação mais baixos e melhora a privacidade
São Paulo, 14 de fevereiro de 2022 - À medida que as criptomoedas ganham cada
vez mais adoção, a demanda por transações entre cadeias de blockchain cresce
intensamente, com termos como “o mundo multi-cadeia" ganhando espaço entre
os usuários e organizações. Estima-se que o TVL (Valor Total Bloqueado, medida
da quantidade de valor em staking ou pools de liquidez de projetos de finanças
descentralizadas) nos principais protocolos de pontes de Ethereum aumentou mais
de 120%, de US$ 137 bilhões para US$ 302 bilhões, entre maio e outubro de 2021.
A
pesquisa “Em busca da interoperabilidade: um panorama do mercado de cadeia
cruzada”, realizada pela Crypto.com, aponta que há soluções em
desenvolvimento para permitir o compartilhamento de informações, como tokens,
contratos inteligentes e outras formas de armazenamento de dados, entre as
blockchains (interoperabilidade) que podem liberar mais de US$ 28 bilhões.
Embora as blockchains ainda sejam
consideradas uma tecnologia nova, milhares de blockchains públicas e privadas
já existem hoje, mas muitas delas, no entanto, estão isoladas com diferentes
infraestruturas tecnológicas, regras e modelos de governança. Uma transferência
direta de Bitcoin para o blockchain Ethereum para tirar proveito de seus
aplicativos DeFi ou Ether para um novo blockchain promissor, como Terra ou Avalanche,
é impossível devido a tecnologias incompatíveis e padrões de token. A falta de
interoperabilidade é um problema crescente e em evolução. No entanto, a conexão
é chave para uma rede blockchain descentralizada e fundamental para o caminho
da Web 3.0.
As soluções de cadeia cruzada tem sido
agrupadas em duas taxonomias diferentes. Por finalidade: ativo específico,
cadeia específica, aplicação específica, pontes generalizadas de “Internet de
Blockchains”; pelo seu método de validação (verificado externamente, verificado
nativamente e verificado localmente). A segunda se baseia em dados de TVL para
pontes conectadas à rede Ethereum, pontes históricas que conectam a parte do
leão (90-95%) das criptomoedas desde abril de 2021. Pontes de aplicação
específica tem ganho popularidade entre os usuários, ligando 27% do TVL no
Ethereum em outubro, com uma valorização de quatro vezes no período de um mês.
Cosmos, Polkadot e Avalanche
Entre os destaques de soluções de
blockchain mais abrangentes estão a da Cosmos, Polkadot e da Avalanche, que
surgiram para resolver a falta de interoperabilidade em um menor nível de
infraestrutura e introduzir escalabilidade onde simples pontes não conseguem
realizar. O crescimento da adesão dessas soluções também se refletem nas
mudanças de seus valores de mercado. A capitalização de mercado de suas moedas
nativas, o ATOM da Cosmos, o DOT da Polkadot e o AVAX da Avalanche, aumentaram
130%, 31% e 270%, respectivamente, de maio a outubro de 2021.
Nesse movimento, novas blockchains de
contratos inteligentes, como Avalanche, Terra e Binance Smart Chain (BSC) estão
gradualmente frustrando o monopólio da Ethereum, cuja participação de mercado
do Ethereum reduziu de 98% em janeiro para 66% em outubro de 2021. O BSC
apresentou o maior TVL com US$13,7 bilhões, seguido por Polygon, Avalanche,
Fantom Anyswap e Arbitrum no final de outubro do ano passado.
O mercado parece se aproximar de um
futuro multi-cadeia com as soluções de ponte e cross-chain facilitando
transferências mais rápidas entre blockchains onde antes eram isolados. Em
segundo lugar, a participação absoluta do mercado DeFi está crescendo à medida
que a criptomoeda recebe cada vez mais atenção de grandes investidores. Em
termos de TVL, o mercado DeFi cresceu de US$10,5 bilhões em outubro de 2020
para surpreendentes US$93 bilhões em outubro de 2021. Com base nos dados do
Dune Analytics, o detalhamento das pontes Ethereum mostra ao longo do tempo uma
liderança clara da ponte BSC, seguida pela Polygon.
Por que a interoperabilidade é
fundamental?
“A interoperabilidade desbloqueia a
inovação. À medida que os ecossistemas individuais crescem, eles desenvolvem
seus próprios pontos fortes, como maior segurança, velocidade de rede mais
rápida, custos de transação mais baixos, privacidade aprimorada e comunidades
exclusivas. As pontes são importantes conexões porque permitem que os usuários
acessem novas plataformas, protocolos para interoperar e desenvolvedores para
construir novos produtos em conjunto”, comentou o Head de Growth da Crypto.com
na América Latina, Marc Lebreton.
Ele explicou que, em primeiro lugar, a
interoperabilidade melhora a produtividade e a eficiência de capital para
ativos cripto existentes. As pontes permitem que os ativos de dados sejam
transferidos para diferentes redes blockchain em vez de ficarem isoladas em
seus ecossistemas nativos. Por exemplo, a ponte Avalanche-Ethereum permite que
os usuários enviem Ethereum para o ecossistema blockchain de Avalanche para
staking ou para gerar rendimentos. Em segundo lugar, a interoperabilidade abre
as portas aos desenvolvedores para um maior público-alvo com incentivo para
aumentar o alcance de seus produtos, desenvolvimento de novas funções, recursos
e a extensão do uso e design para diferentes blockchains.
“Finalmente, a interoperabilidade
estimula a inovação em direção à descentralização da tecnologia. Muitos
usuários de cripto ainda dependem de entidades centralizadas para transferir ou
converter seus ativos entre os ecossistemas. Enquanto isso é inevitável devido
ao estágio de desenvolvimento do cripto e da blockchain, é preciso prosseguir
avançando com a tecnologia para aumentar a estrutura de compartilhamento entre
as blockchains para uma constante evolução”, afirmou Lebreton.
O mundo atualmente fragmentado das
criptomoedas está reduzindo gradualmente os obstáculos entre blockchains e
tornando-se em uma rede unificada e eco sistema interoperável. Um número
crescente de soluções de cadeia cruzada está levando a fronteira de
infraestrutura e impulsionando essa mudança.
À medida em que se avança a um futuro
multi-cadeia, alguns sinais devem ser acompanhados de perto como: a diminuição
de participação de mercado DeFi do Ethereum pode indicar que os blockchains
estão se tornando mais integrados, devido a um número maior de blockchains de contrato
inteligente com alto TVL entrando na disputa e atraindo capital com rendimentos
mais atraentes. Em segundo lugar, todos os olhos estão voltados para grandes
projetos de 'Internet de Blockchains', como o Cosmos, Polkadot e Avalanche.
Observando o TVL e o número de projetos lançados nestas plataformas, pode-se
ter uma boa compreensão sobre o progresso das atividades em um nível mais
infra-estrutural.
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