Surgimento de dois novos golpes digitais exige atenção redobrada
Presidente da Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor alerta como evitar fraudes
O Brasil é um dos países com uma boa
legislação de proteção de dados pessoais. A começar pela Constituição Federal
que estabelece a privacidade e proteção dos dados como um direito fundamental e
continuando por meio da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) que estipula
condições em que empresas podem lidar com os dados.
Mas tais leis não são suficientes para
inibir vazamentos massivos de informações que ocorrem todas as semanas. Hackers
invadem sistemas de empresas públicas e privadas, capturam dados, pedem resgate
para devolvê-los, interrompem serviços e os comercializam na dark web (a internet
subterrânea por onde transitam muitos serviços ilegais e condutas criminosas).
Todos os meses novos golpes digitais
envolvendo dados surgem. De acordo com Francisco Gomes Júnior, presidente da
ADDP (Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor), neste mês de
março, foram constatados o surgimento de dois novos golpes. “O primeiro deles é
bastante cruel, utiliza a solidariedade gerada pela guerra entre Rússia e
Ucrânia para pedir doações às vítimas do confronto. Só que indicam entidades
que não existem e pedem a transferência de valores por PIX em contas em nome de
pessoas físicas. O segundo golpe é uma mensagem dizendo que a pessoa foi
contemplada com um empréstimo consignado com baixíssimas taxas de juros ou foi
premiada com a concessão de um crédito especial sem a necessidade de nenhuma
análise. Só que para fazer jus a tais benefícios deve depositar uma taxa
inicial.”
É de uma enorme crueldade a utilização
de eventos trágicos para pedir doações fraudulentas, que são desviadas e nunca
chegarão ao destino que o doador imagina. Seja na Guerra na Ucrânia, na
tragédia de Petrópolis, nas enchentes em vários Estados do país, sempre surgem
inúmeros pedidos de doação, por meio de mensagens por aplicativos ou de pedidos
em redes sociais. Como saber distinguir se a doação está sendo destinada
realmente para a finalidade pedida?
“A primeira dica é que você faça a sua
doação para entidades reconhecidas. Por exemplo, se for doar para uma guerra,
busque a Cruz Vermelha ou outras entidades conhecidas. Além disso, entidades
sólidas recebem as doações através do próprio site e não por PIX. Não faça a
doação por impulso ou com muita pressa, perca alguns minutos e pesquise na
internet sobre o destino para onde enviará seu dinheiro. E redobre os cuidados
quando se tratar de doação para uma pessoa física”, complementa Gomes Júnior.
Como mencionado, além de doações para
causas humanitárias, também há crescimento em golpes de empréstimo consignado
ou crédito pré-aprovado. No golpe do empréstimo consignado a maior parte das
vítimas são aposentados, que recebem um contato (ligação ou email) de alguma
empresa financeira informando que por conta do valor de aposentadoria no INSS,
o aposentado tem direito a um empréstimo praticamente sem pagar juros. O
aposentado poderá receber, por exemplo, crédito de 5 mil reais em sua conta,
bastando pagar a taxa de adesão ao empréstimo que é de 200 reais. Só que não há
empréstimo algum e a vítima perde o dinheiro investido. “Imagine esse golpe
aplicado centenas ou milhares de vezes o quanto pode gerar para o cofre dos
criminosos”, analisa o especialista.
O golpe do crédito pré-aprovado é bem
parecido. Um contato simulando tratar-se de uma instituição financeira informa
a aprovação de um crédito, bastando o depósito da taxa inicial. Da mesma forma,
não há nenhum valor liberado para a vítima, que perderá o valor pago como taxa.
“Esses são os golpes mais praticados
neste momento. Provavelmente na próxima semana teremos novos golpes. A
verdadeira guerra contra nós vem ocorrendo no campo cibernético, não somente
pelas tentativas de golpe, mas pela constante tentativa de invasão no sistema
de segurança dos bancos e de outras empresas que possuem nossos dados. Empresas
públicas e privadas tem que investir na cibersegurança e nós cidadãos devemos
também dedicar atenção especial para proteger-nos, não disponibilizando nossos
dados com tanta facilidade”, finaliza Gomes.
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clique em links duvidosos, não acredite em superofertas e não aceite todos os
cookies de sites desconhecidos. Tome todos os cuidados no seu dia a dia para
proteger-se e evitar ser vítima de golpes que crescem a cada dia.
Francisco Gomes Júnior - Advogado e Sócio da OGF Advogados. Presidente da Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP). Instagram: https://www.instagram.com/franciscogomesadv/
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