Advogada larga tribunais para salvar autoestima de vítimas de discriminação
Aos 28 anos, a
advogada especializada em
Direito Médico e Odontológico Beatriz Guedes trocou os
tribunais para combater a discriminação estética. A vivência como assessora
jurídica em clínicas médicas mostrou a Beatriz o poder transformador das
cirurgias e procedimentos reparadores na vida de quem sofria bullying motivado
por características físicas.
“Trabalhando nessas clínicas eu observava a transformação que essas
intervenções provocavam na autoestima e na saúde mental das pessoas. Ouvia
muitos relatos de depressão curada, ressignificação da vida e muitas outras
histórias de vidas transformadas após o tratamento”,
lembra.
A advogada viu
que o Sistema Único de Saúde (SUS) não conseguia atender a uma demanda
crescente e que os preços praticados no mercado deixavam de fora uma
significativa parcela da população que precisa de ajuda. “Foi a constatação dessa realidade que
me levou a idealizar a ONG Em Boas Mãos. Eu sempre sonhei em transformar vidas,
ajudar as pessoas, então tive a ideia de oferecer esses tratamentos gratuitos,
ou a preço de custo, a quem não tem opção de pagar pelos procedimentos”,
explica.
A veia
empreendedora levou Beatriz Guedes a reunir uma série de profissionais a
embarcarem no seu sonho. “Conversei
com médicos da área e eles relataram a dificuldade desses pacientes, então
comecei a estudar uma forma de mudar isso. Nesse processo, reuni uma equipe
multidisciplinar, formada por psicólogo, cirurgião, esteticista, médicos de
diversas especialidades e outros profissionais do ramo, todos dispostos a mudar
a vida das pessoas”, lembra.
Beatriz é advogada especializada em Direito Médico e
Odontológico
A ONG Em Boas Mãos
iniciou suas atividades em 2020 e já atendeu dezenas de pessoas. A entidade
oferece tratamentos multidisciplinares e intervenções reparadoras gratuitas ou
com custo reduzido para pessoas que sofrem discriminação por causa de sua
aparência.
Uma das
pessoas atendidas pela ONG é a estudante Taiane Ribeiro Ferreira, que teve sua
vida transformada após a remoção de verrugas de seu rosto e pescoço por meio de
um procedimento que custa aproximadamente R$ 15 mil em uma clínica particular.
Vítmas de violência doméstica
Depois de
a ONG protagonizar uma reportagem no programa Fantástico, Beatriz começou a
receber pedidos de ajuda de mulheres vítimas de violência doméstica. “São mulheres traumatizadas física e
psicologicamente pela violência que sofreram. Além de remover cicatrizes,
cuidamos da saúde mental delas, oferecendo um atendimento psicológico. Hoje,
30% da nossa demanda vem justamente dessas mulheres”, comenta.
Uma das
primeiras mulheres atendidas pela entidade foi Victória Francisca da Silva. Ela
levou 15 facadas do ex-namorado enquanto dormia. Ela quase morreu, mas as
marcas da violência a assombravam dia e noite. Ela passou por um procedimento
para suavizar as cicatrizes e recuperou a autoestima.
Para atender a
essa demanda crescente, a entidade criou um canal específico para elas. “Quando criei a Em Boas Mãos jamais
imaginei ser procurada por mulheres que buscam apagar cicatrizes profundas no
corpo e na alma, que foram mutiladas pelos companheiros e enfrentam graves
problemas para retomar a vida. Saber que podemos, por meio da ONG,
ressignificar a vida dessas pessoas é o que me motiva a continuar”,
diz.
Vivência como assessora jurídica em clínicas médicas
mostrou
o poder transformador das
cirurgias
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