Aumento de preços na indústria de vestuários é de quase 30%, aponta pesquisa
Estudo realizado pelo IEMI revela que escassez
de material tem relação direta com o valor
Uma pesquisa realizada pelo IEMI,
empresa especializada em pesquisa de mercado, revelou que o aumento médio
dos preços de insumos como tecidos, malhas e aviamentos foi de 29,3% em 2021,
comparado com a coleção de 2020. O estudo ainda revela que 96% dos
entrevistados sentiram esse aumento. A pesquisa contou com a participação de
100 empresas de confecções de abrangência nacional.
Para 77% das empresas entrevistadas,
houve falta de insumos para a produção da coleção Primavera-Verão e Alto-Verão
2021/2022; e 23% das empresas apontaram problemas pontuais em alguns materiais.
Marcelo Prado, economista e diretor no IEMI, avalia que o varejista já começou
a colher melhores resultados e o próximo passo é equilibrar a produção e as
vendas para o consumidor final. “A indústria está atrasada na entrega das
demandas. Por outro lado, o varejo se sustentou e continua puxando a demanda.
Então, vai criar uma diferença positiva, acumulando mais receita e volume de
pedidos”, comenta Prado.
Os dados mostram a relação direta entre
a escassez e variação de preço das matérias-primas. Segundo a pesquisa,
81% das empresas informaram que os preços de seus produtos sofreram acréscimo
por conta dos aumentos de custos de matérias-primas. A alta média dos preços
dos produtos confeccionados foi de 11,3% em comparação com a coleção
primavera/verão de 2020.
Para frear o custo de produção sem
interferir na qualidade, o Grupo Primicia, marca de destaque no segmento de
lingerie e moda praia, substituiu a embalagem plástica por papel reciclável e
bags de nylon retornáveis, reduzindo em 80% o plástico na embalagem de toda
cadeia produtiva da fábrica e em 8% no custo do produto. Segundo Ivanete
Caldeira, diretora, barrar o custo do produto exigiu readequação de processos e
uma mudança cultural. “Fizemos um trabalho de conscientização com a equipe
interna, treinando a nova maneira de manuseio desses produtos e o envio para as
lojas, além da conscientização dos nossos clientes de que a embalagem plástica
não fazia sentido”, reforça Caldeira .
Mesmo com alta nos preços, a estimativa
é otimista para a coleção outono-inverno de 2022 do segmento de vestuário, e,
69% das empresas entrevistadas pelo IEMI acreditam no crescimento das vendas. O
aumento médio esperado é de 22,4% em comparação à mesma coleção de 2021. Para
Prado, o crescimento geral em 2022 deve ficar em torno de 3,5% a 4%. “Nós
estamos esperando um crescimento sustentável com a recuperação do mercado”.
A FecomercioSP também percebeu uma
retomada crescente. As lojas paulistas de vestuário, tecidos e calçados foram
destaque em faturamento real e cresceram 25,3%. Os resultados são dos últimos
cinco meses equivalentes ao período pré-pandemia.
Esse impacto positivo está sendo refletido também no número de funcionários empregados pela indústria, que seguiu o ritmo dos demais indicadores. Atualmente, 16% das empresas aumentaram o quadro de funcionários no período de pandemia. O Grupo Primicia está entre aqueles que contrataram reforços, subindo o número de empregados em 15%. “Além de produzirmos para nossa marca, nós expandimos a produção para atender outras. Essa demanda nasceu em meio a pandemia como uma maneira de nos reinventar, trazendo uma solução para aquele momento e para manter nossos funcionários”, afirma Caldeira. A empresa conta ainda com 99% dos do seu quadro formado por mulheres.
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