Doença de Parkinson: a importância do acompanhamento odontológico preventivo
Doença atinge principalmente adultos acima dos
65 anos, e a prevenção é a melhor forma de garantir a saúde bucal desse
paciente
Manter a saúde bucal da pessoa com
Doença de Parkinson, reforçando medidas educativas e preventivas contra doenças
bucais, garante melhor qualidade de vida para esses pacientes. Com todas as
limitações ocasionadas pela doença, o tratamento odontológico demanda técnicas
especiais de atendimento, sempre preconizando manter a qualidade de vida,
independência e autoestima desse paciente, fortalecendo a participação e o
vínculo com a família.
O Parkinson é a segunda doença
neurológica degenerativa, ou neurodegenerativa, mais comum entre os adultos
acima de 65 anos. Ela é causada pelos danos às células da região negra do
cérebro, onde são produzidas a dopamina – neurotransmissor que, entre outras
funções, é responsável pelos movimentos. Estima-se que, no Brasil, cerca de 200
mil pessoas tenham a doença.
A doença acomete os sinais motores do
indivíduo e caracteriza-se por tremores em repouso, rigidez nos músculos,
lentidão nos movimentos, postura encurvada, marcha com passos progressivamente
encurtados e acelerados e, também, os sinais não motores, como: demência,
depressão, transtornos do sono, distúrbios gastrointestinais e alterações na
fala e na escrita.
A cirurgiã-dentista Dra. Juliana Franco,
especialista em Odontologia para Pacientes Especiais e doutora em Patologia
Oral e Maxilofacial e Pacientes Especiais, reforça a importância de planejar o
tratamento para esse paciente. “Deve ser realizado um plano de tratamento
odontológico individualizado que considera o estágio atual e a progressão da
doença. O acesso aos cuidados e a tolerância aos tratamentos propostos são
levados em consideração para a redução doa estresse ou desgaste desnecessário
ou impróprio para o seu estágio da doença”, esclarece.
A cirurgiã-dentista explica que, para
pacientes com sinais e sintomas leves, o ideal é o seguir com o atendimento
ambulatorial, realizando procedimentos odontológicos de rotina e de prevenção,
implementando com adaptações de escovas dentárias e de técnicas para a prática
da higiene bucal em casa. Mas, com a evolução da doença, os atendimentos devem
ser realizados pelo especialista em Odontologia para Pacientes Especiais ou
Odontogeriatras, com sessões de curta duração, minimizando o estresse e a
intensificação de tremores, sendo aconselhável que os atendimentos ocorram após
uma hora da administração dos remédios em uso.
“É importante sempre posicionar o
paciente na cadeira odontológica de forma confortável utilizando apoios ou
colchões para a estabilização e para a sua segurança, com a realização de
aspiração efetiva da cavidade oral, durante os procedimentos, devido ao risco
de disfagia e broncoaspiração. Abridores de boca ou mantenedores de abertura
bucal são indicados para diminuir o esforço do paciente em manter a boca aberta
durante o procedimento, diminuindo os riscos de acidentes”, ressalta.
Além disso, também são usadas técnicas
anestésicas: “bem executadas, sendo fundamentais para que sejam realizados
procedimentos com sucesso e com redução dos quadros de dor e estresse, assim
como a prescrição de analgésicos no pós-operatório”, completa a doutora.
De acordo com a especialista, a
prevenção é a melhor maneira de manter a saúde bucal para pacientes com doenças
neurodegenerativas, para diminuir, assim, o aparecimento de patologias como
cárie e periodontite, pois tratar pacientes com Parkinson em estágio avançado
pode não ser possível no consultório odontológico, exigindo a realização de
procedimentos odontológicos sob anestesia geral em hospitais.
Para que a prevenção seja feita
adequadamente, os cuidadores ou familiares responsáveis pela pessoa com
Parkinson realizam treinamentos com os cirurgiões-dentistas, em que aprendem a
realizar os cuidados com a boca, quando o indivíduo não apresentar mais
condições de realizá-la, por conta da intensificação dos tremores ou pelo déficit
cognitivo. Vale ressaltar a importância das consultas regulares ao
cirurgião-dentista, como forma de prevenção também.
Sobre o CROSP
O Conselho Regional de Odontologia de
São Paulo (CROSP) é uma autarquia federal dotada de personalidade jurídica e de
direito público com a finalidade de fiscalizar e supervisionar a ética
profissional em todo o Estado de São Paulo, cabendo-lhe zelar pelo perfeito
desempenho ético da Odontologia e pelo prestígio e bom conceito da profissão e
dos que a exercem legalmente. Hoje, o CROSP conta com mais de 140 mil
profissionais inscritos. Além dos cirurgiões-dentistas, o CROSP detém
competência também para fiscalizar o exercício profissional e a conduta ética
dos Técnicos em Prótese Dentária, Técnicos em Saúde Bucal, Auxiliares em Saúde
Bucal e Auxiliares em Prótese Dentária.
Informações: www.crosp.org.br
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