Educação financeira: você sabe o que é a taxa Selic e como ela impacta seu dia a dia?
Educador financeiro do Banco Semear explica a
relação da taxa básica de juros da economia com a alta do gás, dos alimentos e
como pode refletir sobre financiamentos de crédito
Você é daquelas pessoas que tem preguiça
de entender como funciona minimamente índices ligados à economia, e tem pavor
de seguir tabelas e acompanhar as taxas que regem o vaivém de juros e inflação
que tanto impactam nosso dia a dia? Pois saiba que não está sozinho. Uma das
mais abrangentes pesquisas globais sobre educação financeira, a S&P Global
Financial Literacy Survey, apurou que dois em cada três adultos no mundo são
analfabetos financeiros.
Possivelmente você já ouviu falar na
Selic - recentemente houve um grande burburinho por conta do aumento da taxa
básica de juros da economia brasileira. Seu nome é devido a abreviação de Sistema Especial de Liquidação e de
Custódia, um sistema administrado pelo Banco Central do Brasil
(BCB) em que são negociados títulos públicos federais.
“Quando ouvimos “A taxa Selic subiu” ou “A taxa Selic caiu” é
necessário compreender de que forma essa movimentação irá afetar o nosso dia a
dia, pois ela impacta diretamente os empréstimos, financiamentos de imóveis,
veículos etc. e investimentos que são atrelados à taxa Selic, como os de renda
fixa: CDB, LCI/LCA e a caderneta de poupança”, explica o supervisor de crédito
e educador financeiro do Banco Semear, Iverson Leles de Souza.
Mas, na prática, o que tudo isso quer
dizer e de que forma essa tal Selic conversa com o preço do botijão de gás, os
altos valores dos alimentos, do aluguel e dos combustíveis? “Quando a taxa
Selic sobe, os juros cobrados nos financiamentos e o valor dos
empréstimos ficam mais altos e isso desestimula o consumo, o que favorece a
queda da inflação. Quando a Selic cai, há um cenário favorável para se tomar
dinheiro emprestado uma vez que os juros cobrados nas operações ficam mais
baratos e isso favorece o consumo”, acrescenta Leles.
Vale ressaltar que neste momento o
brasileiro está sentindo na pele um movimento contraditório, ou seja, a alta da inflação, mesmo com a Selic
em movimento de alta desde março 2021 – ela estava em 2% ao ano (a.a.) e
atualmente está em 11,75% ao ano (a.a.). Mas, então, não entendi nada! Se
quando a Selic sobe desestimula o consumo e favorece a queda da inflação, nesse
caso a Selic subiu e a inflação está nas alturas. O educador financeiro do
Semear explica o que houve:
“O Banco Central do Brasil aumentou a
taxa Selic para forçar o baixo consumo das pessoas, já que os juros nos
financiamentos ficam mais caros, e com o intuito de frear a alta da inflação,
mas isso não está ocorrendo na prática devido há alguns fatores, sendo eles:
alta do preço das commodities, como os combustíveis derivados de petróleo, vilões
no comportamento da inflação; a desvalorização cambial (real frente ao dólar).
Na prática, quase sempre há um “descasamento entre Selic e inflação”,
explica Iverson Leles, lembrando ainda que, todo movimento na economia
leva-se um tempo para que possa colher os frutos. “Vale lembrar que por mais
distante que esteja, a guerra entre Ucrânia e Rússia causa impactos em todas as
economias”, acrescenta.
Financiamentos e endividamento - O consumidor que fez algum
financiamento há um ano, com certeza não teria as mesmas condições atualmente,
uma vez que a taxa vem subindo nos últimos meses. Para aqueles que fizeram
financiamentos com “taxas pré-fixadas”, as mesmas não sofrerão reajustes em seu
contrato. Para melhor ilustrar, suponhamos que o consumidor tenha ido a uma
loja do varejo com o intuito de comprar um fogão que seu preço à vista era R$
700, todavia, ele optou por levar o produto parcelado (carnê bancário ou cartão
de crédito) e o financiamento foi feito em 10 parcelas iguais de R$ 100, ou
seja, no momento da compra já se sabia quanto iria sair aquela compra parcelada
– R$ 1.000.
No caso dos investimentos o raciocínio é
o mesmo. O investidor aplicou seu dinheiro em um CDB atrelado a uma taxa
pré-fixada de 8% ao ano (a.a.) e atualmente a taxa Selic está em 11,75% a.a. O
investidor continuará recebendo sobre os 8% a.a. e não sobre os 11,75%, uma vez
que a taxa acordada anteriormente foi de 8%.
Neste cenário todo, a dica então é fazer
compras à vista, uma situação em que o consumidor terá melhor barganha ao negociar.
Ainda assim é importante que você reflita se precisa realmente fazer aquela
compra ou se ela pode esperar um pouco mais. E, principalmente, se você vai
poder realmente pagar e honrar seu compromisso.
Cerca de 12,5 milhões de pessoas encerraram fevereiro de 2022
endividadas no Brasil. Número total corresponde
a 12.518.169 de brasileiros, representando 76,6% das famílias do país. O
grau de endividamento registrado é o maior
nos últimos 12 anos, conforme revela a Pesquisa de
Endividamento e Inadimplência do Consumidor, divulgada no início deste mês
pela Confederação Nacional do Comércio.
Sobre o Banco Semear
Fundado em 2006 e sediado em Belo Horizonte (MG), o Banco Semear é o único banco mineiro especialista no varejo de eletromóveis. Está presente em todo o território nacional e atende a mais de 2 milhões de clientes nas cinco regiões brasileiras, com destaque para as cidades do interior do país. A instituição se consolidou no atendimento ao varejista, por meio do financiamento das operações para que os consumidores, majoritariamente pertencentes às classes D e E, parcelem compras de móveis e eletrodomésticos em até 24 vezes. Ao longo dos anos, o Banco Semear ampliou a participação no mercado nacional, com expansão da carteira de produtos e serviços. Tornou-se, assim, um banco múltiplo, dinâmico e inovador, com foco também em inclusão e educação financeira.
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