Em março, valor médio da Cesta Básica aumenta em todas as 8 cidades pesquisadas
Efeitos da guerra começam a impactar os preços
de pão, farinha de trigo e óleo de soja Preço de legumes aumenta até 18% em 3
capitais
Abril de 2022 - O valor médio da cesta
de consumo básica de alimentos de março/22 aumentou em relação ao mês anterior
em todas as oito capitais analisadas mensalmente pela plataforma Cesta de
Consumo HORUS & FGV IBRE, com aumentos que variam de 1,6 a 5,5%.
As maiores altas foram registradas em
Curitiba (5,5%), Manaus (4,1%) e Brasília (2,7%), em relação aos valores de
fevereiro/22. As capitais Fortaleza e Salvador apresentaram as menores altas,
com 1,6% e 1,9%, respectivamente, ainda assim significativas, considerando que
a variação se refere ao período de apenas um mês.
A cesta mais cara foi a do Rio de
Janeiro (R$ 842,42), seguida pelas de São Paulo (R$ 804,58) e Fortaleza (R$
722,41). Por outro lado, as capitais Belo Horizonte (R$ 561,88), Manaus (R$
617,61) e Brasília (R$ 658,96) registraram os menores valores.
Os grupos de produtos que apresentaram aumento de preço mais expressivo na cesta básica, em todas as capitais, foram os legumes (representados por batata, cebola e cenoura), seguidos de ovos, óleo de soja, arroz e feijão.
Os legumes,
novamente, foram o grande vilão do mês, apresentando variação de preços de
cerca de 18% em Salvador, Fortaleza e Belo Horizonte, pressionados,
principalmente, pelo aumento de preço da cenoura, que tem sido impactado pelas
fortes chuvas que prejudicaram a colheita nas principais cidades produtoras no
início do ano.
O aumento do preço dos ovos é
consequência, principalmente, de dois fatores. Um deles é a alta procura do
produto, como uma alternativa de proteína mais econômica, em função do aumento
de preço das carnes. Outro fator é o aumento dos custos de produção, em
especial do milho, usado na ração para alimentar as galinhas, que tem
apresentado alta de preços como reflexo de fatores climáticos, como as geadas e
estiagem, que ainda prejudicam algumas regiões.
O preço do óleo de soja, por sua vez,
ainda sofre impactos pela quebra de safra devido à estiagem no Sul do Brasil.
Além disso, houve quebra de safra do óleo de palma na Ásia, reduzindo no Brasil
a oferta de óleo de dendê, mais consumido por ser mais barato. Por fim, a
guerra resultou em menor oferta de óleo de girassol, dado que a Ucrânia e a
Rússia respondem por 77% da exportação desse produto. Com a redução de oferta
dos óleos de palma e de girassol, houve aumento significativo da demanda
mundial por óleo de soja, levando seu preço às alturas. Junta-se a isto o
crescente interesse por biodiesel, que tem o óleo de soja como a principal
matéria-prima, devido à alta no preço internacional do petróleo. Todos esses
fatores podem ter contribuído para o aumento do preço no mercado nacional.
Os problemas climáticos também têm sido
o principal motivo de aumento de preço do feijão, devido à quebra de safras e
consequente redução da oferta no mercado. Já o aumento do preço do arroz
deve-se, principalmente, ao aumento dos custos de produção, devido à alta de
preços dos insumos utilizados na lavoura.
Outros alimentos também apresentaram
alta de preços, na maior parte das capitais: frutas, verduras, leite UHT, pão, farinha de trigo.
Preços de pão e farinha de trigo já
começam a sentir os impactos do aumento internacional do preço do trigo,
decorrente da guerra entre Ucrânia e Rússia, que são grandes exportadores do
produto.
O aumento do preço de insumos tem
elevado o custo de produção do leite, especialmente o milho e a soja, que
registraram forte valorização devido à quebra da safra brasileira. Junta-se a
isso a elevada demanda mundial desses insumos, por conta da guerra, o que tem
mantido o preço dessas commodities em alta.
O aumento de frutas e verduras, por sua
vez, é reflexo das condições climáticas, especialmente das fortes chuvas que
atingiram o Espírito Santo, Minas Gerais e o sul da Bahia desde o fim de 2021,
atrapalhando a colheita desses produtos, seguindo a mesma tendência de alta de
preços dos legumes.
Cabe destacar que, mesmo com a
estabilidade dos fatores climáticos ao longo do ano, a guerra também deve
contribuir para que os preços desses produtos, que vêm das lavouras do campo,
se mantenham altos.
“A Rússia é um
dos principais exportadores de fertilizantes do mundo, e o Brasil depende
fortemente daquele país para o fornecimento de matérias-primas para
fertilizantes utilizados em lavouras do país, o que tende a aumentar os custos
de produção e, consequentemente, a pressionar os preços de legumes, frutas e verduras para
cima”, diz Luiza Zacharias,
Diretora de novos negócios da HORUS.
Alguns produtos também apresentaram tendência de queda nos preços. É o caso do açúcar, batata congelada, creme de leite, frango e requeijão, que tiveram redução no preço médio em diversas capitais.
A variação acumulada no valor da cesta
básica, nos últimos 6 meses, foi diferente entre as capitais, variando
de 6,3% no Rio de Janeiro e alcançando 17,2% em Curitiba.
Quando
se considera a cesta de consumo ampliada, que
inclui bebidas e produtos de higiene e limpeza, além de alimentos, houve um
aumento no valor médio em sete das oito capitais analisadas, em relação ao mês
anterior. As capitais que apresentaram valores mais altos da cesta ampliada
foram Rio de Janeiro (R$ 1716,97) e São Paulo (R$ 1674,28). As maiores altas no
valor da cesta ampliada foram registradas em Curitiba (4,1%), Manaus (3,1%) e
Belo Horizonte (1,6%).
Na cesta ampliada, destaca-se a elevação
de preços de produtos de higiene e limpeza em algumas das capitais pesquisadas, tais como água sanitária, amaciante para
roupa, detergente líquido e sabonete.
Sobre a Cesta
de Consumo HORUS & FGV IBRE
A HORUS Inteligência de Mercado (https://www.ehorus.com.br/) e o Instituto Brasileiro
de Economia da Fundação Getulio Vargas - FGV IBRE (https://portalibre.fgv.br/) se uniram para lançar a
plataforma Cesta de Consumo. O serviço monitora a variação de preço de duas
cestas de consumo típicas brasileiras pela análise da leitura mensal de mais de
35 milhões de notas fiscais: a Cesta de Consumo Básica, que conta com 22 alimentos básicos com maior presença nas compras do shopper, e a Cesta de
Consumo Ampliada, contendo mais
de 50 produtos de consumo, incluindo bebidas e
itens de limpeza, higiene e beleza.
A plataforma, que pode ser acessada no
link https://cestaconsumo.ehorus.com.br/ monitora a variação e o comportamento dos preços nas oito
maiores capitais brasileiras em população - Belo Horizonte, Brasília, Curitiba,
Fortaleza, Manaus, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo -, e os produtos e
quantidades analisados variam conforme os hábitos de consumo locais.
Nenhum comentário