Hábitos comuns que podem prejudicar a vida útil dos automóveis
Por Marcos Marques
Cuidar corretamente dos automóveis não é uma tarefa
fácil. Para garantir a vida útil e a saúde dos veículos, existem diversos
detalhes que devem ser seguidos à risca pelos proprietários. Entretanto, alguns
hábitos comuns entre os motoristas vão na contramão do indicado e podem gerar
problemas graves para o bom funcionamentos dos automóveis.
E quando as falhas começam a surgir, diversos culpados também são apontados.
Enquanto isso, os hábitos passam despercebidos pela maioria.
Diante disto, é comum ouvir queixas sobre
determinados veículos ou marcas. Mas a verdade é que, atualmente, as montadoras
disputam o mercado com as mesmas tecnologias. Por conta disto, não existem
veículos ruins ou mal projetados. Existe, sim, a falta de informação no cuidado
com os veículos, bem como a inexperiência de alguns condutores com relação às
diferenças de cada modelo, como, por exemplo, um veículo automático de um
manual, ou um motor turbo de um aspirado. Isto salienta a necessidade e a importância
do conhecimento antes da aquisição do veículo.
Além de entender as particularidades do carro que
dirige, é fundamental que o proprietário deixe de executar ações simples e que
danificam diariamente o sistema veicular. Entre estas ações está o costume de
ligar o veículo e sair logo em seguida. Isto prejudica drasticamente os
componentes internos do motor, uma vez que o maior desgaste das peças ocorre na
primeira partida do dia, quando o lubrificante está no cárter e as peças sem a lubrificação adequada.
Por este motivo, é importante, após a ignição,
aguardar alguns segundos para que o lubrificante seja bombeado por todas as
galerias e efetue o ciclo completo para proteção das peças. Recomenda-se após a
partida aguardar alguns segundos e sair com o veículo sem dar carga no motor
(evitar acelerar de forma brusca). Após 10 minutos o sistema já atingiu a
temperatura mínima necessária para a proteção adequada do sistema. Isto
ressalta o papel essencial executados pelos lubrificantes na proteção do motor,
bem como da transmissão, em especial, a automática.
O impacto dos lubrificantes para o cuidado do
veículo
A aplicação de um lubrificante inadequado pode
gerar diversos problemas para a vida útil do veículo, bem como para o dia a dia
do proprietário. O aumento do consumo de combustível é um dos mais
perceptíveis, haja vista as consequências financeiras geradas ao condutor.
No entanto, outros problemas que não são tão
visíveis podem ser ainda mais prejudiciais aos veículos, como o desgaste
precoce dos componentes internos. Sem a proteção adequada, além da perda de
potência, a má utilização dos lubrificantes pode causar o travamento do motor
ou a condenação por completo no caso de uma transmissão automática e gerar uma
dor de cabeça ainda maior para o proprietário.
Além da utilização de lubrificantes inadequados,
outros erros podem ser responsáveis por este tipo problema. Entre os principais
está a utilização apenas da viscosidade como referência de um produto correto. Entretanto,
além das viscosidades, as homologações e as especificações técnicas são
informações primordiais para identificação correta dos lubrificantes.
A utilização de aditivos milagrosos e que prometem
reduzir o consumo e aumentar a potência também pode ser considerado um dos
vilões para os motores. Os lubrificantes adequados contam com a adição da
quantidade exata de aditivos que podem melhorar a performance e a proteção do
motor. A inclusão de qualquer produto a mais, além de não fazer diferença para
o veículo, pode comprometer a composição química do lubrificante e gerar
problemas graves para o funcionamento do automóvel.
A substituição do filtro apenas a cada duas trocas
e completar o reservatório de óleo com um produto similar e, muitas vezes, fora
de especificações também são hábitos que podem acelerar o desgaste das peças e
antecipar a manutenção dos automóveis, trazendo gastos financeiros
desnecessários aos proprietários.
A importância da execução correta da manutenção
automotiva
Além dos problemas já relatados, a falta de
manutenção pode ser considerada um dos piores problemas com relação aos
veículos, pois quando mal, – ou não executada, coloca em risco a vida das
pessoas. É comum notarmos um maior número de acidentes de trânsito em feriados
prolongados ou períodos de férias. Em muitos casos, por negligência dos
condutores (alcoolizados ou com fadiga de trabalho). Mas em diversas situações,
os acidentes poderiam ter sido evitados se o sistema de freio estivesse com sua
manutenção em dia, se o sistema de direção estivesse com alinhamento correto ou
se o motor que travou contasse com o óleo correto.
A manutenção preditiva vem antes da preventiva, e
existe para evitar surpresas e gastos desnecessários, mantendo os veículos
seguros. Todos os componentes sofrem fadiga com o tempo e isso é definido pelos
próprios fabricantes de peças automotivas. Para amenizar os desgastes, é
preciso sempre ter a manutenção em dia, pois um item com problema pode
comprometer os demais componentes. O período adequado para uma manutenção
preditiva completa é de seis em seis meses, mesmo se o veículo ficar a maior
parte do tempo parado, pois alguns itens, como os lubrificantes, oxidam,
envelhecendo e comprometendo sua capacidade de proteção.
O fato é que poucas pessoas associam os acidentes à
falta de manutenção. No entanto, atualmente, no Brasil, é comum reparos baratos
sem critérios técnicos. Muitas vezes por falta de conhecimento e outras por uma
economia equivocada. Diante deste contexto, é necessário que os proprietários
entendam que cuidar de um automóvel demanda trabalho, conhecimento e
responsabilidade. Estas características são fundamentais para garantir a saúde
do veículo, evitar gastos desnecessários e certificar a segurança do condutor e
de terceiros.
Marcos Marques é Coordenador de Vendas Aftermarket da FUCHS, maior fabricante independente de lubrificantes e produtos relacionados do mundo.
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