O jejum, desde sempre
Apesar de gerar bastante discussões no universo dos regimes, o jejum intermitente tem ganhado cada vez mais adeptos, inclusive na área da saúde, em que profissionais buscam combater a evolução do índice de obesidade e sobrepeso, que atualmente vitimizam cerca de 2,1 bilhões de pessoas por ano, ou seja, 30% da população mundial.
A verdade é que emagrecer pode até ser
fácil, mas manter o peso ideal é, sem dúvida, um dos maiores desafios atuais, e
isso especifico bem em meu livro Efeito Sanfona (Editora Pandorga). Afinal,
quantos regimes as pessoas já fizeram na vida? Quem tem problemas com o peso,
passa por vários, o que significa que nenhum deles é eficaz quando falamos de
controle de peso. Isso porque não existe regime milagroso, e sim métodos, que
se seguidos corretamente podem lhe trazer resultados saudáveis.
O jejum é uma prática utilizada desde as
origens da medicina e traz inúmeros benefícios para o corpo. Nenhum povo da
atualidade pratica o jejum de forma tão severa e controlada quanto os
muçulmanos no mês islâmico do Ramadã. Durante o 9º mês do calendário muçulmano,
que é regido pela Lua, os adeptos do islamismo praticam um jejum total
obrigatório, entre o nascer e o pôr do sol. Aqueles que não jejuam, crianças,
mulheres grávidas e lactantes, pessoas doentes e viajantes, têm o compromisso
de alimentar pessoas necessitadas. É uma troca de purificação espiritual, uma
maneira de desenvolver autocontrole e consciência de Deus.
Para apresentar uma comprovação
científica de minha afirmação, há um estudo realizado pelo Centro Islâmico de
Pesquisas da Universidade de Medicina de Teerã, no Irã, que mostrou que durante
o jejum do Ramadã, realmente há uma tendência de se consumir alimentos e
bebidas mais ricos em carboidratos e em quantidades maiores do que durante
outros meses do ano. Mas ainda assim os benefícios do jejum compensam.
Os pesquisadores verificaram uma queda
no nível de triglicerídeos e uma gradual perda de peso, bem como provaram que
não houve aumento no nível de colesterol total significativo durante o período
de jejum. O uso da gordura de reserva corporal e gordura recém-sintetizada como
fonte de energia é maior nessas circunstâncias do que durante condições normais
de ingestão de energia que aumentam os elementos gordurosos em circulação.
O que significa que praticar o jejum
intermitente, que é ficar 16 horas sem se alimentar, traz vantagens a longo
prazo, tanto a perda e manutenção de peso como para prevenção de doenças e até
mesmo a menopausa. Mas também, vale ressaltar que há limitações e que é preciso
um planejamento acompanhado por um profissional da área medica. Uma vez que não
adianta consumir calorias em excesso fora do jejum.
Temos um potencial ilimitado de consumo,
limitado apenas pelos nossos desejos. Não apenas evitamos assumir a
responsabilidade por nossas ações, mas também jogamos fora os sinais de
saciedade do corpo. Não permitimos que nossa fisiologia trabalhe como a
natureza planejou.
Um dos mecanismos de proposta do jejum
intermitente é justamente estimular a autofagia, uma reciclagem celular, que
rendeu ao cientista japonês, Yoshinori Ohsumi, o Prêmio Nobel de Medicina em
2016. A medida que as células envelhecem elas se tornam defeituosas, portanto a
autofagia é uma regeneração natural do corpo.
Sem limitação de tempo, o jejum
intermitente pode ser uma prática para toda a vida. Apenas é bom ressaltar que
os exercícios físicos podem ser feitos durante o jejum, mas precisam de
acompanhamento médico.
Gabriel Almeida é formado em medicina pela Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL). É especialista em Cirurgia Geral com residência médica no Hospital Geral Roberto Santos-Bahia. Médico com foco em prevenção e tratamento de doenças relacionadas à idade e ao emagrecimento por meio da alimentação e hábitos saudáveis, é também palestrante em cursos sobre a temática, Coordenador da pós-graduação do MEC em emagrecimento e escritor de livros, sendo a sua mais recente publicação, Efeito Sanfona. É fundador do Núcleo Dr. Gabriel Almeida.
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